Circuito Gilles Villeneuve: onde a história da Fórmula 1 corre viva em Montreal
No dia 15 de outubro, ao caminhar pelas curvas lendárias do Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, é impossível não sentir a energia de décadas de história, velocidade e emoção que se misturam ao vento frio do outono canadense. Situado em meio ao verde da Ilha Notre-Dame, o autódromo é mais do que um templo da Fórmula 1 — é um ponto de encontro entre passado e presente, tradição e inovação, onde cada metro de asfalto conta uma história.
Desde sua inauguração, em 1978, o circuito se consolidou como um dos pilares do calendário da F1. O traçado foi construído especialmente para receber o Grande Prêmio do Canadá, e logo no primeiro ano de existência, viu um herói nacional escrever seu nome na história: Gilles Villeneuve, o carismático piloto da Ferrari, conquistou ali sua primeira vitória na categoria. Poucos meses depois, o local ganharia o nome que o imortalizou — uma homenagem justa a quem ajudou a colocar o automobilismo canadense no mapa mundial.
Uma pista desafiadora e cheia de personalidade
Com 4,361 quilômetros de extensão e 14 curvas, o Circuito Gilles Villeneuve combina longas retas com trechos de alta frenagem e curvas apertadas, exigindo o máximo de precisão e coragem dos pilotos. É uma pista que pune erros, mas também recompensa ousadia — e talvez por isso tenha se tornado uma das favoritas do grid.
A cada junho, quando o som dos motores ecoa sobre o rio São Lourenço, o clima em Montreal muda completamente. As ruas se enchem de fãs, bandeiras e celebração. O Grande Prêmio do Canadá é mais do que um evento esportivo — é um festival que movimenta a cidade inteira, com impacto econômico que ultrapassa os 100 milhões de dólares canadenses por edição. Restaurantes lotam, hotéis atingem a capacidade máxima e o turismo ganha um impulso notável, mostrando como a Fórmula 1 se entrelaça à identidade local.
O lendário “Muro dos Campeões”
Nenhum outro ponto do circuito simboliza melhor a sua fama desafiadora do que o Muro dos Campeões, localizado na curva final. O apelido nasceu em 1999, quando três campeões mundiais — Damon Hill, Michael Schumacher e Jacques Villeneuve — colidiram no mesmo ponto durante o Grande Prêmio. Desde então, o muro se tornou um símbolo da linha tênue entre glória e desastre.
Estar diante dele, mesmo fora dos dias de corrida, é quase como visitar um santuário do automobilismo: silencioso, respeitoso e carregado de história.
Entre a natureza e a velocidade
Uma das peculiaridades do Circuito Gilles Villeneuve é seu cenário. Cercado por áreas verdes e com vista para o horizonte urbano de Montreal, o autódromo consegue unir natureza e tecnologia de forma quase poética. Nos meses sem corrida, o espaço é aberto ao público, e o traçado é utilizado por ciclistas e corredores, tornando-se um parque vivo — algo raro entre os circuitos da Fórmula 1.
Durante a visita, é possível perceber o cuidado com que a cidade preserva o local. As arquibancadas, os boxes e as áreas de hospitalidade mantêm o equilíbrio entre o moderno e o histórico, lembrando constantemente que ali já passaram nomes como Senna, Prost, Schumacher, Hamilton e Verstappen. Cada curva parece guardar o eco das disputas que fizeram do Canadá um dos GPs mais imprevisíveis e emocionantes da temporada.
Montreal: uma cidade que respira Fórmula 1
A relação entre Montreal e a F1 vai além da pista. A cidade abraça o evento como parte de sua identidade cultural. A cada edição, mais de 300 mil pessoas passam pelo circuito ao longo do fim de semana. É uma mistura única de fãs locais e visitantes de todo o mundo, todos atraídos pela atmosfera vibrante e pela hospitalidade canadense.
O impacto vai além do esporte: o Grande Prêmio impulsiona o turismo, a gastronomia e até o orgulho nacional, reafirmando o Canadá como um país de tradição e paixão pelo automobilismo.
Mais que um circuito, um legado
Visitar o Circuito Gilles Villeneuve é vivenciar de perto o legado de um país que aprendeu a amar a velocidade e transformou essa paixão em símbolo nacional.
A experiência de caminhar por aquele asfalto no dia 15 de outubro — com as folhas avermelhadas do outono caindo suavemente sobre o traçado — é um lembrete de que a Fórmula 1 não é feita apenas de carros e motores, mas também de emoção, memória e pertencimento.
Entre o silêncio das arquibancadas e a lembrança dos rugidos dos motores, eu Thierry entendo que o circuito não é apenas uma pista: é uma história viva. Uma história que continua sendo escrita, volta após volta, sempre com Montreal no coração do mundo da Fórmula 1.
Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.




