A família SENNA conserva muitas, muitas lembranças preciosas de um rapazinho que era exatamente assim: um menininho típico. E essas memórias provam a sabedoria do velho ditado que reza que a criança é o futuro do homem.
Elas também provam que SENNA adorava e usava a velocidade desde cedo. A família se lembra de um exemplo particularmente relevante; quando ia comprar sapatos, ele só comprava de um tipo, botinas. E, para escolher o modelo certo, ele vestia o par, corria pela loja e, de repente, parava de forma abrupta, como se estivesse querendo testar os freios. Se escorregasse, as botinas não eram boas, e ele experimentava outro par.
Milton era empresário, dono de uma indústria de acessórios automotivos e, nas palavras da família, também era apaixonado pelo mundo dos carros, ou, para usar uma palavra maravilhosamente abrangente, pelo automobilismo.
Ayrton ganhou seu primeiro kart aos quatro anos e não parava de correr com ele até a hora de ir para a cama. Milton levou seis meses para construí- lo. Ayrton observava calmo, porém ansiosamente, e prestava atenção a cada detalhe. Esse foi um hábito que conservou por toda a carreira de piloto: ficar sempre de olho naquilo que suas equipes faziam nos carros que ele iria pilotar. O motor do kart- chamado de 007 por causa do sucesso dos filmes do James Bond- tinha apenas três cavalos de potência e foi tirado de um cortador de grama. Sem nenhuma dificuldade, o minipiloto atingia 60 km/h na sua máquina. Ela se tornou o veículo de seus sonhos até os sete anos de idade. Depois disso, começou a pilotar um kart construído por profissionais.
Senna recordava: eu fazia aquilo para mim mesmo, pelas minhas próprias emoções. Não sabia nada sobre carros de corrida ou campeonatos- mal sabia quem eu era. Era minha diversão pisar no acelerador, no freio, pilotar e sentir emoções. Ayrton Senna.
