Modelo usado no início da década de 1970 é um dos mais vitoriosos e icônicos da história, o primeiro a receber a pintura preta e dourada.
Em cinco anos de atividade, entre 1970 e 1975, foram 20 vitórias, três títulos mundiais de construtores e dois de pilotos. Os números que fazem da Lotus 72 um dos carros mais dominantes da história da Fórmula 1 impressionam, mas ainda não dizem tudo sobre seu impacto no mundo do automobilismo. Afinal, a Lotus 72D, uma das seis variações do modelo, foi a primeira a receber a reluzente pintura em preto e dourado, que a escuderia de Colin Chapman passaria orgulhosamente a ostentar nos anos seguintes – e que ajudaria a impulsionar a Fórmula 1 como negócio, inspirando outras equipes a adotar as cores dos patrocinadores para multiplicar as receitas.
Foi com esse carro também que a Fórmula 1 caiu, de uma vez por todas, nas graças dos brasileiros: em 1972, pilotando sua Lotus 72D, Emerson Fittipaldi conquistou seu primeiro título mundial, o primeiro de um piloto brasileiro. E foi com ele que, um ano depois, no primeiro Grande Prêmio oficial de Fórmula 1 disputado no Brasil, Emerson levou ao delírio milhares e milhares de fãs, subindo no degrau mais alto do pódio em Interlagos. Não seria exagero dizer que os triunfos do Rato na Lotus 72D inspiraram toda uma geração de pilotos nacionais, que, pouco a pouco, chegariam a Fórmula 1 para disputar de igual para igual com os europeus.
DESENHO REVOLUCIONÁRIO
A Lotus 72 foi projetada por Maurice Philippe sob a supervisão de Chapman e apresentada a imprensa no dia 1a de abril de 1970. Era revolucionária por dentro e por fora. Com o nariz achatado e duas pequenas asas, sua frente lembrava um tubarão-martelo; o radiador foi dividido em dois e colocado nas laterais dos carros, entre as rodas – desenho que permanece até hoje nos carros de Fórmula 1. A asa traseira era generosa, dividida em três partes, a fim de emprestar mais estabilidade ao conjunto. Dentro da cartilha de Chapman, era também levíssima: 530 kg, incluindo combustível, o mínimo permitido pelo regulamento. Impulsionando a máquina, estava o já provado e poderoso motor Ford-Cosworth DFV V8 aspirado.
Ao longo de sua temporada de estreia, o carro teve três evoluções: 72, 72B e 72C. Jochen Rindt venceu quatro corridas consecutivas com a Lotus 72C – em seu primeiro triunfo no campeonato, em Mônaco, Rindt correu com uma Lotus 49 – e conquistou, postumamente, o Campeonato Mundial de 1970. Após o acidente fatal de Rindt em Monza, o posto de primeiro piloto da Lotus foi assumido por Emerson Fittipaldi, que, entretanto, não desfrutou do sucesso esperado no ano seguinte. Com muitos problemas na Lotus 72C e também na primeira versão da Lotus 72D, o brasileiro terminou a temporada de 1971 sem alcançar vitória alguma. Mas, no ano seguinte, a maré mudaria.
NASCE UMA ESTRELA
Até 1971, a Lotus 72 ostentava na carenagem o vermelho e branco da Gold Leaf, marca de cigarros da inglesa John Player & Sons, patrocinadora da equipe. Ao final daquele ano, porém, a companhia de tabaco decidiu promover um outro produto – e assim os carros da equipe receberam as cores da marca John Player Special. Nascia ali um clássico em preto e dourado, símbolo de estilo e elegância. Ao longo daquela temporada, Emerson acrescentaria a nova pintura também o rótulo de vitoriosa: com pódios em oito das 12 corridas da temporada, cinco vezes com vitórias, o piloto conseguiu o segundo título mundial para o modelo 72.
Em 1973, a Lotus 72 seguia soberana: Emerson Fittipaldi venceu as duas primeiras etapas da temporada, inclusive o Grande Prêmio do Brasil, com o modelo 72D; a partir da quarta corrida, porém, a Lotus introduziu o modelo 72E, que venceria mais cinco corridas na temporada – uma com o brasileiro e quatro com o sueco Ronnie Peterson. O total de sete vitórias garantiu mais um título de construtores para a Lotus, mas, com os pontos divididos entre os dois pilotos da escuderia, o campeonato entre os pilotos caiu no colo de Jackie Syewart, da Tyrrel.
No ano seguinte, Emerson trocou a Lotus pela McLaren, e Peterson, agora piloto número 1 da equipe, registrou as últimas três vitórias da Lotus 72E. Em 1975, a escuderia entregou o modelo 72F, que, entretanto, teve vida curtíssima, disputando apenas cinco grandes prêmios no final da temporada. Substituído pela Lotus 77 em 1976, o modelo 72 deixou definitivamente as pistas – mas nunca sairia da história.