LOTUS 79 UM AVIÃO NAS PISTAS

Lotus 79 um avião nas pistas

Com tecnologia arrojada, o revolucionário modelo que consagrou o efeito-solo na Fórmula 1 aniquilou a concorrência na temporada de 1978.

A partir de sua entrada definitiva na Fórmula 1, no final dos anos 1950, a Lotus se consolidou como uma escuderia movida pela inovação. Alguns dos maiores avanços tecnológicos da categoria saíram das pranchetas de Colin Chapman e companhia: os modelos 25, 49, e 72, cada um em sua geração, receberam a etiqueta de revolucionários, ajudando a equipe a conseguir, até o ano de 1977, 59 vitórias em Grandes Prêmios, com cinco títulos mundiais de pilotos e seis construtores. A partir daquela temporada, porém, a história precisaria ser reescrita: a Lotus voltava a surpreender a Fórmula 1 com um novo paradigma.

Naquele momento, Chapman acreditava que a fronteira a ser ultrapassada era a da aerodinâmica. Então, com a ajuda do engenheiro Tony Rudd e do projetista Peter Wright, debruçou-se sobre o efeito solo, um princípio já conhecido, porém nunca aplicado com sucesso nas pistas: usar elementos aerodinâmicos, notadamente no assoalho do carro, para aumentar a aderência ao solo (downforce) e assim alcançar mais estabilidade e velocidade nas curvas.

O primeiro resultado dessa abordagem chegaria no início da temporada de 1977: a Lotus 78. Apelidada de carro asa, tinha assoalho construído como uma asa de avião invertida, com túneis internos que aumentavam a velocidade do fluxo de ar na parte de baixo do carro, obtendo um efeito de sucção sem precedentes. Parece que o carro está pintado no chão, animou-se Mario Andretti, que, no comando do modelo 78, conquistou quatro vitórias no ano. A instabilidade do conjunto, contudo, prejudicou sua campanha, e o piloto acabou em terceiro lugar na tabela. De qualquer forma, estava claro que o caminho era aquele.

SOBERANIA EM PRETO E DOURADO

A chegada do modelo 79 demorou um pouco mais que o esperado: durante as cinco primeiras provas da temporada de 1978, a versão 78 ainda estava nas pistas e dando conta do recado, registrando duas vitórias, uma de Andretti e a outra de Ronnie Peterson. Mas quando a Lotus 79 surgiu pela primeira vez, no Grande Prêmio da Bélgica, no dia 21 de maio de 1978, o mundo do automobilismo ficou de joelhos. Inicialmente, pelo visual arrebatador, com o design de curvas elegantes combinado á belíssima pintura preta e dourada. Depois, ao final da prova, pelo magnífico desempenho: Andretti venceu com quase 10 segundos de vantagem sobre o companheiro de equipe, que ainda estava correndo com o modelo anterior. Ao comprar a evolução dos carros, o norte-americano afirmou que, perto da Lotus 79, o modelo 78 andava como um ônibus londrino. Peterson, que finalmente recebeu o carro para a etapa seguinte, concordou. Tudo que preciso fazer é girar o volante.

Uma das principais evoluções da Lotus 79 era a melhoria das saias aerodinâmicas nas laterais, que praticamente tocavam a pista e deixavam uma área de baixa pressão isolada sob o carro, colocando o chassi ao assoalho. O centro de pressão também havia sido colocado em uma posição mais favorável, o que permitia que a asa traseira fosse menor do que a da Lotus 78; dessa forma, o carro também ganhava em desempenho nas retas.

A supremacia da Lotus naquela temporada foi indiscutível. O campeão Mario Andretti terminou o ano com seis vitórias ( uma com a Lotus 78 e cinco com a Lotus 79 ), quatro delas tendo como segundo colocado Ronnie Peterson, dobradinhas que estavam longe de ser comuns á época. O sueco, por sua vez, ainda venceu duas provas ( uma com cada modelo ) e acabou como vice-campeão póstumo – ele morreu em 11 de setembro de 1978, em um hospital de Milão, em consequência de complicações do acidente que sofreu no GP da Itália, no dia anterior.

A Lotus também ganhou o campeonato de construtores de 1978 com extrema facilidade, superando a Ferrari de Carlos Reutemann e Gilles Villeneuve por uma diferença de quase 30 pontos – 86 a 58.

A CONFIANÇA DE CHAPMAN

Tornou-se uma tradição na Lotus colocar um adesivo no carro para comemorar cada vitória ou segunda colocação em Grandes Prêmios; naquela temporada, Colin Chapman grudou nada menos do que 13 selos. A equipe era tão dominante naquele tempo que os adesivos já estavam prontos antes da corrida, afirmou Clive Chapman, filho do fundador da Lotus. E não tinha nada que meu pai gostasse mais do que colar adesivo na asa traseira do carro voltava para o box, aproveitando para dar aquela olhadinha marota na direção do pessoal da Ferrari.

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