Um novo comando, mais profissional, e uma nova geração de pilotos: a categoria mais rápida do automobilismo preparava-se para os próximos desafios.
Carros mais velozes e mais seguros. Recordes de velocidade pulverizados quase a cada corrida. Sucesso de público nos autódromos e na televisão, com a maior audiência da história da Fórmula 1. Um título decidido de forma limpa na pista, conquistando por um campeão carismático e mediático. Polêmicas? Claro que sim, mas na medida certa para promover ainda mais o espetáculo. Mais do que em todas as temporadas anteriores, em 1991 a simbiose entre a Fórmula 1 (esporte) e a Fórmula 1 (negócio) foi simplesmente perfeita. E esse olhar da categoria para o futuro passava, fatalmente, pela ascensão do inglês Max Mosley á presidência da Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (Fisa).
Apesar de Jean-Marie Balestre ainda dar as cartas na Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o ex-piloto Mosley venceu o francês por 43 votos a 29 na eleição para o comando da Fisa no segundo semestre de 1991, e colocou um ponto final ao longo reinado de Balestre na entidade, iniciado no longínquo ano de 1979. Mais profissional do que seu antecessor, Mosley prometia respeitar as regras esportivas e alavancar ainda mais a Fórmula 1 como produto.
ELOGIOS AO CAMPEÃO
Estrategicamente, ao final da temporada, o inglês tratou de valorizar o campeão da categoria, ao contrário de Balestre, que chegou a avisar que não entregaria pessoalmente a Ayrton o troféu do título, por conta das críticas feitas pelo brasileiro a ele. Mosley, por outro lado, foi só elogios. Senna é uma pessoa sensacional, que combina as três coisas fundamentais para o sucesso de um grande piloto de Fórmula 1: talento excepcional para conduzir um carro, personalidade e temperamento realmente especial e inteligência privilegiada, explicou.
Sobre atritos de Senna com Balestre, Mosley não tirou a razão do brasileiro. Senna tem uma maneira de ser que quando vislumbra um objetivo, ele vai direto. E se isso pode ser muito bom para um piloto de Fórmula 1, na política, como na vida, algumas vezes temos de seguir caminhos que ás vezes são mais longos, mas menos perigosos.
DUELO DE GERAÇÕES
O ano de 1991 ficou marcado também pela chegada de uma nova e rápida geração de pilotos á Fórmula 1. O finlandês Mika Hakkinen fez sua estreia na categoria pela Lotus. E Michael Schumacher, o mais promissor dessa geração, causou um pequeno terremoto ao estrear no Grande Prêmio da Bélgica pela Jordan, substituindo Bertrand Gachot, e logo em seguida ser contratado pela Benetton – em uma manobra que desalojou o brasileiro Roberto Pupo Moreno e repercutiu muito mal entre pilotos e imprensa.
Em contrapartida, a temporada marcou a despedida de Nelson Piquet da Fórmula 1; de saída da Benetton, o carioca esperou, mas não recebeu proposta nenhuma das grandes equipes. E assim, sem um carro competitivo para pilotar em 1992, preferiu se aposentar. Outro veterano que também terminou a temporada sem um cockpit foi Alain Prost, mas por outros motivos. De qualquer forma, a perspectiva de a categoria perder os dois tricampeões não preocupava Max Mosley. Pessoalmente, eu ficaria realmente muito triste, pois são dois grandes pilotos. Creio, porém, que isso não mudaria muita coisa, pois sabemos que em todos os esportes os ídolos se sucedem. Existem as estrelas de hoje e amanhã existirão outras.
OS MOTIVOS DE ALAIN PROST
Prost em pé de guerra; em novo capítulo da novela franco-italiana, piloto reclamou da Ferrari e ficou sem carro para 1992.
Após o Grande Prêmio do Japão de 1991, Alain Prost, em pé de guerra com a Ferrari desde o final do ano anterior e descontente com a performance da Ferrari 643, resolveu chutar o pau da barraca.
Não sei mais se sou um piloto de Fórmula 1 ou um motorista de caminhão, disparou, atingindo em cheio o orgulho italiano.
Toda ação, claro, gera uma reação. E foi assim que, ás vésperas do Grande Prêmio da Austrália, o francês levou de volta um coice do Cavallino Rampante. Em comunicado oficial, a Ferrari decidiu não prosseguir a relação de colaboração com o piloto Alain Prost para a temporada de competições 1991 e 1992. Em Adelaide, o carro foi entregue a Gianni Morbidelli.
Com as vagas na Williams e McLaren ocupadas, Prost acabaria tirando um forçoso ano sabático em 1992.