Ayrton Senna na Fórmula 3 na luta com Martin Brundle e Allen Berg

Ayrton Senna no pódio da Fórmula 3

A maneira como Senna vencia as corridas era simples. Conquistava a pole e, conforme Jordan explica: tinha esse jeito de fazer as duas primeiras voltas a uma velocidade estonteante, e, assim, desarmar os oponentes. Os outros pilotos não conseguiam de fato, lidar com isso. E, se você não conseguisse acompanhá-lo, estava liquidado; era impossível alcançá-lo de novo. Martin Brundle finalmente aceitou que, se não conseguisse acompanhá-lo, seria derrotado.

Brundle já tinha percebido que tinha tudo a ver com a primeira curva. ( Senna ) era muito agressivo na primeira curva. Ele corria todos os riscos que um homem pode correr nas duas primeiras voltas para abrir uma distância entre ele e seu adversário, que era, quase sempre, eu mesmo. O próprio Senna reconheceu que Brundle se tornou um piloto mais agressivo durante a temporada.

E a décima corrida? Há algumas histórias sobre ela. Era uma etapa combinada do campeonato britânico e europeu de Fórmula 3 – o que implicava que alguns dos melhores pilotos do continente participariam dela, inclusive um certo Gerhard Berger – e, como observação técnica, o campeonato britânico era restrito aos pneus Avon, e o europeu, aos Yokohamas. Isso significa que qualquer piloto britânico que equipasse seu carro com Yokohamas havia optado por participar do campeonato europeu e seu resultado não contaria para o britânico. Senna optou pelos últimos, mas, inicialmente, Brundle não fez o mesmo porque, como o resultado de Senna não contaria, achou que seria uma boa chance de se aproximar do brasileiro no campeonato britânico. Brundle optou primeiro por pneus de chuva, qualificando-se em décimo segundo, e pensou: isso não é bom. No segundo treino de qualificação, tomou uma decisão impulsiva ( e, muitos anos depois, ainda não tinha conseguido descobrir porque fez isso ) de mudar para Yokohamas. Ele conquistou a pole de Senna, e um jovem nobre escocês, chamado Johnny Dumfries, ficou em terceiro.

Em um esforço para encontrar um jogo de pneus que o levasse até o fim da corrida, Senna escolheu três tipos diferentes e, depois da segunda volta, observou que o traseiro esquerdo não estava indo bem.

Dumfries, que estava em terceiro, alcançou Senna na longa reta oposta, onde, segundo Dumfries, ele me jogou na grama. Mantive o pé no acelerador e voltei para a pista. Se o culpo? Não.

Quatro volta depois, Senna saiu um pouco da pista – Bennetts suspeitou um furo no pneu – e, logo em seguida, derrapou e bateu de ré na tela de proteção. Aquele momento mudou a situação da temporada, colocando pressão sobre Senna. Na corrida seguinte, ele bateu em um posto da organização durante o treino de qualificação e não correu ( Brundle venceu ), e, na próxima corrida duelando com Brundle, girou e bateu em uma barreira de proteção. Brundle venceu novamente, e, de repente, a pontuação de Senna era 89 e de Brundle, 73.

Senna se recuperou em Silverstone, vencendo Brundle; Brundle se recuperou em Donington, e, então em um dia de julho, no mesmo circuito de Donington, Senna se preparou para pilotar um carro de F-1 pela primeira vez, uma cortesia da equipe Williams. Aquele foi, conforme explica Frank Williams, um benefício mútuo, pois, no futuro, Senna se lembraria de que, fomos nós que demos a ele aquela oportunidade.

Gulgemin conta que Senna não conseguia esperar pelo teste e que foi rápido logo na primeira vez.

Aquela foi a adaptação instantânea final.

Gugelmin explica ainda que Senna foi tão veloz que Williams o chamou e, sem avisá-lo, mandou que um mecânico colocasse mais 75 litros de combustível para que, com o peso extra, ele fosse mais devagar, a fim de manter baixo o valor dele dos grandes prêmios! Frank Williams diz que Senna foi tão rápido logo no início que deve ter assustado, pois, para encobrir o medo, saiu dizendo que achava que havia um problema com o motor. ( Continuaremos )