Senna na infância, ele costumava brincar com seu carrinho de rolimã com os amigos.
Esses carrinhos eram brinquedos de movimento muito simples, feitos para criança sentar ou deitar sobre eles, usando quaisquer rodas que estivessem á mão- quase sempre rolamentos de aço usados. Ele passava horas procurando rolamentos – e os polia se fosse necessário – e treinava para ganhar segundos na pista, que eram as ruas do bairro de Santana em São Paulo, onde morávamos, contam os Senna.
A casa deles ficava em uma ladeira, e seus contemporâneos confirmam que era possível alcançar uma boa velocidade ao descer a rua principal. Com o pai, ele visitou um circuito de kart pela primeira vez aos onze anos.
Apesar de estar chovendo, insistiu em dar algumas voltas. A pista estava tão escorregadia quanto uma barra de sabão, e ele derrapou, mas não perdeu o controle.
Uma vez mais, é tentador ler grandes verdades a partir dessas memórias. De fato, é difícil deixar de fazê-lo, porque a primeira vez em que você pilota em uma pista pode ser altamente inebriante e viciante. Não há lugar como a pista: o seu sonho de velocidade, de repente, encontra o lugar feito especificamente para isso, para a velocidade irrestrita, para o máximo que você pode conseguir com sua máquina. O fato de Senna ter tido essa experiência pela primeira vez em uma pista escorregadia não mudou isso. Significativamente, ele conservou consigo habilidade do controle em pista molhada por toda a sua carreira, da mesma forma que continuou observando todos os detalhes das máquinas que pilotava.
Ele era o tipo de garoto que sempre queria aprender mais sobre as coisas. É por isso que, aos doze anos, desmontou seu kart para descobrir como funcionava. Depois, montou-o inteiramente de novo. Naquela idade, a obsessão do filho pelo automobilismo convenceu Milton a transformar a garagem da casa em oficina.
