Ayrton Senna na Lotus

Ayrton Senna na Lotus

A Lotus, um nome ilustre e evocativo, competia na F-1 desde 1958 e tinha feito alguns campeões mundiais: o calmo escocês Clark; o inglês encrenqueiro Graham Hill; Jochen Rindt, o austríaco que conquistou o campeonato postumamente; o brasileiro e amigo de Senna, Emerson Fittipaldi, Mário Andretti, da Itália via Nazareth, Pensilvânia. O fundador da equipe, Colin Chapman, havia morrido dois anos antes, mas Peter Warr, um homem de grande experiência, dirigia a equipe – o mesmo Warr que recebera Senna em seu escritório nos tempos da Fórmula 3.

Assim ele foi para lá em 1985.

Senna bateu no início do Grande Prêmio da Europa, em Nurburgring. Keke Rosberg nunca se esquecerá da corrida: ele voou sobre meu carro e deixou marcas de pneus no meu capacete. Tirou cinco carros da corrida! Na primeira curva! E eu não me surpreendi, definitivamente não!

Depois disso, houve o Grande Prêmio de Portugal, em Estoril. Lá, Niki Lauda – com o rosto coberto de cicatrizes depois de quase ter morrido em uma batida seguida de um incêndio, em 1976 – poderia vencer o campeonato mundial. Aquele era um evento que transcendia o automobilismo, não só porque Lauda era uma das pessoas mais reconhecidas no mundo, a quem tinha sido dada a unção dos enfermos do acidente, mas também porque voltara para vencer o campeonato mundial um ano depois, após aposentar-se em 1979 e retornar em 1982.

Prost, que poderia impedir isso, largou na primeira fila e Senna, na segunda fila, mas Lauda saiu em sexto. Se Prost vencesse a corrida, Lauda teria de terminar em segundo, e isso significava fazer ultrapassagens difíceis até conquistar essa posição. Aquilo era uma charada para aqueles pilotos porque eles não poderiam vencer o campeonato. mas, a frente da audiência mundial de televisão, podiam impedir Lauda e, de certa forma, tornar-se vilões da história. Alguns decidiram que iriam resistir durante um tempo – tinham de se preocupar com sua reputação – e, depois, abririam espaço.

Tal ideia nunca passou pela cabeça de Ayrton Senna. Ele entrava em todas as corridas para vencer, e os outros deveriam se cuidar. Aquela corrida não foi diferente.

No evento, Lauda realmente se cuidou e Senna fez sua corrida. Lauda o ultrapassou com mérito e conquistou o segundo lugar e o campeonato, enquanto o mundo inteiro assistia.

A Toleman queria fazer alguns testes de pneus no circuito e pediu que Senna ficasse e estabelecesse um tempo a cada dia, que serviria de marca para os outros pilotos da equipe. Conforme conta Hawkridge, na sua quinta volta, ele bateu o recorde da volta.

Senna entrou no box e disse: esse era meu sonho. Foi a primeira vez que pilotei um F-1 no limite – porque, se ele quebrasse nos treinos, não teria importância.

Depois, ele voltou para a Inglaterra, foi a fábrica da Toleman e agradeceu a todos pelo que tinham feito. Ele estava aos prantos!