AYRTON SENNA NOVATO NA FÓRMULA 1, PILOTANDO O TG183B DA TOLEMAN

Ayrton Senna o início na F1 correndo pela Toleman 1984

O TG183B, uma revolução do TG183, ajudou a colocar a Toleman entre as grandes equipes quando, em 1984, um piloto novato na Fórmula 1, Ayrton Senna da Silva, de apenas 24 anos, em sua quinta corrida, quase deu á equipe a primeira vitória na F1.

Em 1981, a modesta Toleman chegou á F1 para competir com outras equipes, muito maiores e com longa tradição nessa modalidade esportiva. Em apenas três anos, ela acolheria um piloto novato que rapidamente mostrou o seu talento, tornando-se um dos grandes nomes do automobilismo mundial: Ayrton Senna.

A Toleman, uma equipe de propriedade do grupo Toleman, que competia com esportivos e turismos nos anos de 1970, decidiu investir, no final daquela década, em competições de monopostos. Começou com um Ralf RT2, em 1979, com o qual o inglês Brian Henton foi vice-campeão de F2.

No ano seguinte, os Ralf sigla de Ron and Austin Lewis Tauranac – deram lugar ao projeto da casa, o TG280 (TG de Toleman Group ), com motor Hart de quatro cilindros. O desenho do chassi foi a obra de um então jovem engenheiro sul-africano, Rory Byrne, que trabalhou na Royale alguns anos antes.

Brian Henton foi mantido como piloto e seu companheiro foi o também inglês Derek Warwick; ambos terminaram em 1a e 2a, respectivamente, em um dos campeonatos de F2 mais disputados de todos os tempos.

Embalados pelo sucesso do Toleman F2, a pequena equipe inglesa subiu mais um degrau e entrou na F1 em 1981. Mas o passo a ser dado era muito maior do que o dado alguns anos antes, quando o motor Cosworth DFV V8 de 3 litros ainda era muito competitivo. Para melhorar o desempenho, a equipe sabia que precisava de um motor turbo.

O PRIMEIRO MOTOR TURBO INGLÊS DE F1

A partir de 1966, o regulamento da F1 já permitia o uso de motores de 3 litros de aspiração a ar, ou de 1,5 litro de aspiração por compressor ou turbocompressor, mas, passados dez anos, os construtores ou fabricantes ainda não investiam em motores pequenos. A Renault foi a primeira a adotar a solução da aspiração forçada ou superalimentação. A fabricante francesa penou muito no começo, pois seu motor V6 de 1,5 litro com turbocompressor quebrava constantemente, dando aos Renault de F1 o apelido de chaleira amarela.

O mundo da F1 passou a dar atenção ao motor com turbocompressor quando a Renault RS01 turbo do francês Jean-Pierre Jabouille terminou, em 1978, em 4a lugar no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glein. Na terceira prova, o GP da África do Sul, em Kyalami, circuito localizado 1.750 metros acima do mar, Jabouille fez a pole position. As equipes perceberam, então, que o futuro estava na superalimentação. Após o título conquistado na F2 com o motor Hart, a Toleman decidiu incorporar ao propulsor de quatro cilindros um turbocompressor, transformando-o em uma potente unidade de F1.

A Hart partiu para o projeto do novo motor, chamando-o de 415T: 4 cilindros, 1,5 litro turbo. O motor equipou um dos F2 Toleman, testado no fim de 1980. Era o primeiro motor inglês de F1 Turbo. Com turbocompressor Holset, a potência do motor de 1,5 litro era de impressionantes 540cv. Byrne partiu do carro de F2 para chegar ao primeiro e totalmente convencional Toleman de F1. O desenho não era muito elegante devido ás volumosas extensões laterais, destinadas a aumentar a força vertical descendente.

Chamado de Toleman TG81, o novo carro com motor Hart estreou no começo da temporada também com Henton e Warwick. Mas o desempenho foi decepcionante e seus pilotos não conseguiram se classificar em praticamente todas as corridas – na realidade, eles só conseguiram largar uma vez.

A SEGUNDA GERAÇÃO

Durante a temporada de 1982, a equipe continuou competindo com o TG81, com melhores resultados: Warwick classificou-se para 14 das 16 provas. Seu novo companheiro de equipe, o italiano Teo Fabi, só participou de 7 provas, sem nunca chegar a terminar uma corrida.

Enquanto isso, Byrne trabalhava com afinco desenvolvendo o Toleman F1 de segunda geração, com monobloco de compósito de fibra de carbono e avançada suspensão de hastes de impulsão (pushrods). O TG183 só ficou pronto no final da temporada, quando correu nas duas últimas provas. O resultado foi promissor, e o carro revelou-se muito rápido. Infelizmente, o motor Hart, que continuava sendo um problema, acabou quebrando nas duas corridas.

Para a temporada de 1983, Warwick renovou com a equipe, mas Fabi foi substituído pelo italiano Bruno Giacomelli. O piloto inglês abandonou nove das quinze provas, e sua melhor colocação foi o 4a lugar nos GPs da Holanda e da África do Sul; terminando o campeonato em 11a lugar, com 9 pontos. Giacomelli abandonou nove vezes, não se classificou para o GP de Mônaco e seu melhor resultado foi o 6a lugar no GP do Japão.

A Toleman terminou a temporada em 9a lugar na classificação geral de construtores, com 9 pontos.

Com a proibição do efeito solo, Byrne teve de criar um novo pacote aerodinâmico para o TG183. O bólido tinha a peculiaridade de ter asa traseira dupla e os radiadores montados na asa dianteira, solução que se mostrou ineficaz, pois não produzia a força vertical necessária na frente do carro, um problema que foi resolvido com uma asa de desenho convencional. O carro, que foi rebatizado de TG183B, ainda não era o ideal, mas foi o primeiro F1 Toleman que funcionou como deveria.

O TG184

Assim como o TG183B, Rory Byrne partiu de 183 para criar uma nova versão, que correria ainda naquela temporada de 1984. Com a ajuda do engenheiro britânico Patrick Symonds, Byrne desenhou o 184, com o qual o mundo conheceu um jovem e talentoso piloto brasileiro, de apenas 24 anos, chamado Ayrton Senna – que ainda correu as primeiras provas da temporada daquele ano com o TG183B, pois o 184 só ficaria pronto para a 5a etapa, o GP de França em Dijon-Prenois.

O TG184 era muito superior ás versões anteriores e, com um piloto arrojado, podia melhorar a posição da equipe no ranking de Construtores.

A constatação do que até então era uma expectativa chegou no GP de Mônaco, quando Senna quase conseguiu a primeira vitória da equipe. O brasileiro ultrapassou o francês Alain Prost, líder da prova, na 32a volta, mas, como a volta completa tinha sido a anterior, quando a ultrapassagem ainda não se produzira, Senna terminou em 2a lugar.

Senna e Dereck somaram, na temporada de 1984, 36 pontos, e a Toleman terminou em 7a na classificação geral de Construtores.

E essa temporada de 1984, foi o cartão de visita de Ayrton Senna, mostrando o seu talento com o carro limitado da equipe Toleman.

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