Carteira de identificação de Senna para o campeonato de mundial de kart de 1980 em Nivelles, Bélgica.

Carteira do kart de SENNA

O campeonato de 1980 foi em Nivellles, Bélgica, e, de novo, ele ficou em segundo lugar, observado por um rapazinho alemão de onze anos e pela sua família, que não viviam longe dali, na fronteira alemã, e tinham ido lá só para dar uma olhada. O nome do garoto: Michael Schumacher.

Apesar de Senna não ter conquistado o campeonato mundial algo que o incomodou durante anos-, ele e a sua família tinham de tomar uma decisão. Ele estava com vinte anos- já era adulto.

Chico Serra, outro paulistano, mas três anos mais velho, tinha sido piloto de kart e fora á Inglaterra para iniciar uma carreira de piloto automobilístico em uma equipe de fábrica, a Van Diemen, que competia na Fórmula Ford 1600, o nível dos iniciantes. Ralph Firman gerenciava a Van Diemen, e Serra falou a ele sobre o homem veloz de São Paulo. Firman perguntou; quando esse homem veloz vem? Quando ele chega?

Sim, Senna e sua família tinham uma decisão a tomar.

Inicialmente, ele começou o curso universitário de administração de Empresas, mas logo o interrompeu para ir para Inglaterra e correr na Fórmula Ford 1600. A ideia original era de que ele dirigisse os negócios da família com o pai, explica a família. No entanto, contam eles, sua frustração diante dessa perspectiva logo ficou patente. Seus pais viram a sua tristeza e souberam que aquele jovem poderia ter mais sucesso se fosse um piloto. Depois de longas conversas e muitos planos, a difícil decisão tomada: Ayrton Senna tinha permissão de realizar seu sonho de se tornar piloto, apesar de isso levá-lo para longe da família e para além dos país. Milton e Neyde não hesitaram, mesmo quando pensaram na grande distância física que os separaria do filho.

Finalmente, o homem Veloz estava vindo.

Ayrton Senna foi para Londres para passar, á própria custa e de seu pai, um ano correndo no nível mais básico, júnior. Ele era conhecido, claro, pela comunidade europeia de kart, mas, se não tivesse ido para Londres, dificilmente seria lembrado, a não ser como outro bom piloto de kart que se foi. Toda a sua carreira teria merecido um breve rodapé na história das corridas automobilísticas, ou nem isso.

É tentador imaginá-lo, um tanto pálido e sério, descendo do avião e olhando ao redor. Viu um país frio, de cujo clima e comida ele nunca viria a gostar. Não era a deliciosa Itália. Aquilo era muito muito sério: o jovem e a pequena fábrica para onde ele ia.

É IGUALMENTE TENTADOR RECONSTRUIR O PASSADO COM TODO O CONHECIMENTO QUE A VISÃO EM RETROSPECTIVA PROPORCIONA. HOJE PODEMOS VER CLARAMENTE QUE, CONFORME TRANSCORRIA O ANO DE 1980,

houve uma nítida sequência de sinais. Quase sempre eram coisas pequenas, provavelmente não percebidas na época; frequentemente, não eram. No entanto, no conjunto, representam o começo de uma intensidade que ainda emociona muitas pessoas no mundo todo. Apesar de tudo que foi escrito sobre Senna, foi preciso uma longa gestação para encontrar e compreender os sinais. (CONTINUAREMOS)