GP DA ALEMANHA 1988; A VIRADA DO MANDACHUVA

Ayrton Senna GP da Alemanha 1988 - A virada do mandachuva

Com mais um show em pista molhada, Senna venceu em Hockenheim e superou Prost pela primeira vez em número de vitórias no campeonato.

Se o Campeonato Mundial de Fórmula 1 fosse uma partida de futebol, o Grande Prêmio da Alemanha de 1988, nona etapa da temporada, equivaleria ao início do segundo tempo. Durante os primeiros 45 minutos, ou melhor, nas oito primeiras corridas, estava tudo igual no placar de vitórias entre Ayrton Senna e Alain Prost: 4 a 4. Chegar na frente em Hockenhein, portanto, significava desempatar a partida e arrancar com vantagem para a reta final do torneio, colocando aquela sempre incômoda pressão no adversário.

Mais uma vez, nem se considerava a hipótese de uma vitória que não fosse de um dos pilotos da McLaren. Com retas rápidas ( que beneficiavam os motores mais potentes ) e curvas de baixa velocidade ( que favorecem os conjuntos de maior equilíbrio ), o circuito alemão, na teoria, era propício para mais um passeio dos carros alvirrubros da escuderia de Ron Dennis.

Na prática, aconteceu exatamente isto: no treino de sexta-feira, enquanto Senna e Prost rodavam na casa dos 1m44s – mais 596 milésimos para o brasileiro e 873 para o francês -, as Ferrari ficaram bem atrás, 1m46s115 de Berger e 1m47s154 de Alboreto. Nelson Piquet, da Lotus, o quinto colocado, ficou a mais de 3 segundos de Senna, com 1m47s702.

AQUECIMENTO

Para a composição das duas primeiras filas do grid de largada, os tempos de sexta acabaram sendo definitivos.

No sábado, a McLaren logo percebeu que o calor prejudicava muito a pista, o que praticamente impedia que as marcas de seus pilotos registradas no dia anterior fossem batidas; assim, usou os treinos de classificação apenas para ajustar os carros para a situação de corrida. Com a evidente menor aderência da pista, nós nos concentramos simplesmente em acertar os carros. Apenas isso, declarou Ron Dennis após o final da sessão de sábado.

Prost bem que tentou, no início, pisar fundo para buscar a pole position. Mas, em sua melhor volta, conseguiu apenas 1m45s868, cinco milésimos mais lento que seu tempo de sexta-feira, e resolveu, assim, também focar nos acertos para a prova. A pista estava tão quente que os pneus só conseguiam fazer uma volta boa, depois já começavam a perder aderência, explicou o francês.

O TEMPO VIROU

Em 24 de julho de 1988, data do Grande Prêmio da Alemanha, o tempo virou em Hockenheim. O sol escaldante dos treinos deu lugar a uma chuva que, na largada, decretaria o destino daquela corrida. Com sua notória habilidade em pista molhada, Senna manteve a ponta e disparou na frente; Prost, que declaradamente não gosta da água, escorregou e caiu para quarto, atrás da Ferrari de Berger e da Benetton de Alessandro Nannini.

Apesar da vantagem do equipamento, o francês penou para retomar as posições de Nannini e Berger. Ele só conseguiu voltar ao segundo posto na 12a volta, quando, infelizmente para as suas pretensões, Ayrton Senna já estava mais de 12 segundos a sua frente. Por mais que o francês acelerasse o ritmo, sua tentativa de perseguição seria infrutífera, especialmente porque a pista continuou molhada, apesar da chuva ter dado uma trégua durante a corrida.

O trabalho de Senna, então, foi o de monitorar o rival e cuidar para não cometer erros. Ao final das 44 voltas da prova, o brasileiro recebia a bandeira quadriculada e comemorava a boa maré. Coincidência ou não, pouco antes de Silverstone comentei com um amigo que há muito tempo não chovia numa corrida, e que estava na hora de dar uma corridinha com chuva. E aí choveu lá e aqui. Não sei até quando vai continuar assim, brincou.

Do outro lado do box da McLaren, um desanimado Prost torcia para que o efeito do comentário mandachuva brasileiro passasse logo. Todos sabem que não gosto de correr na chuva. No início do campeonato, a sorte estava do meu lado, agora não, afirmou. Faltam ainda sete provas e podem acontecer muitas coisas. Mas é verdade que não tenho mais uma larga vantagem sobre o Ayrton. As próximas corridas serão decisivas para nós dois. Vamos ver quem se sairá melhor.

Agora, cabia ao francês virar o jogo. O placar da Fórmula 1 mostrava: Ayrton Senna 5, Alain Prost 4.

 

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