GP DA ÁUSTRIA 1985; COMEÇAR DE NOVO

Ayrton Senna GP da Áustria 1985

Em decisão controversa, direção de prova anulou primeira largada e ajudou Prost e Alboreto; Senna fez grande corrida e chegou em segundo.

O campeonato ainda estava longe de ser decidido quando a Fórmula 1 desembarcou em Zeltweg para a disputa de sua décima etapa, o Grande Prêmio da Áustria, em 18 de agosto de 1985. Mas ao mesmo tempo em que o embalado Alain Prost, da McLaren, aproxima-se na tabela de classificação do líder Michele Alboreto, da Ferrari, imprensa e torcedores já se entregavam de corpo e alma ás tradicionais – e irresistíveis – especulações sobre as definições das equipes na temporada seguinte.

A partir daquele final de semana, uma coisa ficava certa. No sábado, véspera da corrida, Niki Lauda anunciou que penduraria definitivamente as sapatilhas no final do ano, para alívio e alegria de sua esposa Marlene, autora da célebre frase; as melhores corridas são as suspensas. Aos jornalistas, o tricampeão detalhou a decisão. Passei 11 anos de minha vida absorvido pela Fórmula 1 e agora decidi dedicar-me a outra coisa, ocupar-me da minha companhia aérea, a Lauda Air.

Há cinco anos, quando me retirei pela primeira vez das pistas, foi uma decisão emocional. Agora não, eu pensei muito.

Foi a senha para o início de rumores. Junto com a notícia da aposentadoria de Lauda, alguns jornais já cravaram seu substituto na McLaren: Keke Rosberg, então na Brabham. A informação se provaria correta, assim como no anúncio de que Nelson Piquet também deixaria a escuderia de Bernie Ecclestone em 1986, mas para correr pela Williams. Também na Áustria já se comentava que Elio de Angelis trocaria a Lotus pela Brabham e que o carro preto e dourado do italiano seria pilotado pelo inglês Derek Warwick – nesse caso, apenas a primeira metade da previsão se concretizaria, por motivos que mais tarde se tornariam públicos e notórios.

CHOVE CHUVA

No sábado, um temporal começou a cair logo depois do treino de classificação – e assim poucos pilotos conseguiram melhorar o tempo registrado no dia anterior. Prost, que na sexta-feira havia batido o recorde do circuito, com 1m25s490, nem precisou voltar a pista para garantir a pole position. Na sequência do grid, vinham Nigel Mansell, da Williams, Niki Lauda, Keke Rosberg e Nelson Piquet. Ayrton Senna, que terminou o primeiro dia de treinos em décimo, teve muitos problemas com a Lotus e caiu para a 14a posição, a pior desde sua chegada a equipe.

NÃO VALEU

Um acidente múltiplo na largada envolvendo Alboreto, Teo Fabi, da Toleman, e Gerhard Berger, da Arrows, causou a interrupção da prova na primeira volta e uma nova saída – para a sorte de Prost. O francês havia batido forte no guard rail no treino livre da manhã e teve sua McLaren reparada; pouco antes da largada, porém os mecânicos constataram um vazamento de óleo, mas não foram autorizados a fazer a troca pelo carro reserva. Com a relargada, a solicitação foi atendida e o francês rumou para sua quarta vitória no campeonato – beneficiando-se da infelicidade de Niki Lauda, que liderava a corrida até a 39a volta, quando o turbo de sua McLaren quebrou e deixou a pé.

Atrás de Prost, chegou Ayrton Senna, protagonista de uma fantástica corrida de recuperação, mesmo tendo, novamente, problemas de instabilidade com a Lotus. Saindo do pelotão traseiro, o brasileiro soube a hora de atacar até a chegar a segunda posição – e também de se defender das investidas de Alboreto, que não conseguiria ultrapassá-lo e acabaria completando o pódio na terceira colocação. O italiano, por sinal, foi o maior beneficiado pela anulação da primeira largada. Ao invés de ter de arcar com o prejuízo de ter ficado de fora na volta inicial, acabou retornando a disputa com a Ferrari reserva e somou quatro preciosos pontinhos que o mantiveram na liderança do campeonato – ainda que agora na companhia de Alain Prost.

NA BRONCA

Se Prost e Alboreto comemoraram a segunda chance, o mesmo não se pode dizer de alguns de seus concorrentes diretos. Lauda, Senna e Piquet contestaram com a veemência a bandeira vermelha determinada pela direção de prova. Essa eu não entendi. Ninguém teve problemas, a não ser os que bateram, declarou Piquet após a corrida a O Globo. Vai ver ainda tinha gente lá fora querendo comprar ingresso e o Bernie Ecclestone mandou começar tudo de novo para aumentar a renda.

 

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