GP DE SAN MARINO 1994 A CORRIDA QUE NUNCA ACABOU

GP DE SAN MARINO 1994

Fim de semana em Imola terminou, no domingo, com um pesadelo inimaginável: o acidente fatal do tricampeão Ayrton Senna da Silva.

Depois de uma sexta-feira assustadora e um sábado trágico, ainda havia o domingo, Imola, 1* de maio de 1994. Circuito Enzo e Dino Ferrari. Grande Prêmio de San Marino. Uma prova que Ayrton Senna já havia vencido por três vezes: em 1998, 1989 e 1991, sempre com a McLaren.

Mas as glórias passadas eram lembranças longínquas naquela manhã ensolarada na Itália. Tudo o que acontecera antes de sexta-feira, aliás, parecia pertencer a uma realidade distante demais – com os infaustos acontecimentos daquele início de fim de semana já tendo mudado, de forma imediata e para sempre, a Fórmula 1 e seus pilotos.

Uma geração inteira que jamais havia testemunhado a morte em um grande prêmio agora se via questionando os valores do esporte e suas próprias certezas. Depois do que aconteceu com Rubens Barrichello ontem, eu cheguei a pensar em parar. Por causa do risco. Ele esteve muito perto da morte. Hoje, vi o acidente de Roland Ratzenberger de dentro do meu carro, afirmou Gerhard Berger, da Ferrari, que deixou o cockpit imediatamente assim que viu o piloto ser retirado da Simtek destroçada. Pensei: volto ou não? Mas a questão era saber se voltava naquele momento ou não. A questão era: continuo a correr?

PREOCUPAÇÃO

Senna não deu declarações oficiais no sábado, mas seu semblante durante toda a manhã de domingo – de acordo com relatos de amigos e colegas de trabalho e das imagens capturadas pelas câmeras de TV – deu pistas de que o tricampeão também estava apreensivo. Após a morte do austríaco, Senna, Berger, Michael Schumacher e Michele Alboreto haviam acertado que convocariam todos os pilotos para discutir as condições de segurança da Fórmula 1 antes da corrida seguinte, o Grande Prêmio de Mônaco.

As mudanças do regulamento, os acidentes nos testes de pré-temporada e nas duas corridas iniciais haviam acendido um alerta na categoria. Ainda no começo do ano, Senna havia dado uma declaração que, vista em retrospecto naquele fim de semana, parecia tristemente profética. Tirar toda a eletrônica foi um grande erro. Os carros estão muito velozes e são difíceis de dirigir. Este vai ser um ano com muitos acidentes e arrisco dizer que teremos sorte se não acontecer algo grave.

De todo modo, nenhum dos pilotos, nem mesmo Ayrton, optou por deixar de participar da prova. Era um fato inescapável: o automobilismo corria mais forte em suas veias.

EXPECTATIVA

No warm-up, domingo de manhã, Senna fez o melhor tempo, assim como já o fizera nos treinos classificatórios. Apesar das dificuldades com a Williams, o brasileiro sairia mais uma vez na pole position. Em uma pista rápida, havia a expectativa de que finalmente o FW16 pudesse superar a concorrência da Benetton também em situação de prova. Os tempos de manhã alimentaram essa esperança.

Precisamente ás 14h de Imola, foi dada a largada da corrida que jamais deveria ter começado – e que, no coração, dos fãs, nunca acabou.

ÚLTIMA VOLTA

Logo no início do Grande Prêmio de San Marino, o mundo da Fórmula 1 foi relembrado de que o pesadelo que se abatera sobre Imola ainda não ficara para trás. A Benetton do finlandês J. J. Letho ficou estacionada no grid e foi atingida em cheio pela Lotus do português Pedro Lamy; com o forte impacto, um pneu foi arremessado por cima da grade de proteção, ferindo gravemente quatro espectadores.

Com a bandeira vermelha mostrada no circuito, o carro madrinha entrou na pista. Foram cinco voltas até a bandeira verde: Senna manteve a liderança, á frente de Schumacher e Berger. O brasileiro completou a sexta volta na liderança e abriu a sétima volta de um total de 61 previstas.

Os relógios em Imola marcavam 14:17. A Williams de Ayrton Senna aproximou-se da curva Tamburello. E o mundo nunca mais foi o mesmo.

Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.

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