Quem quiser ganhar dele vai ter que inventar outro automobilismo!, Foi o que Niki Lauda disse de Ayrton Senna no início do verão de 1991 – mas isso não se referia só a sequência, recente na época, de quatro vitórias espetaculares. O Magic Senna, apareceu em 1985 em Portugal, depois de sua primeira vitória de Grande Prêmio, com a demonstração que fez sob a chuva do Estoril. E, com o tempo, Magic Senna, foi ficando cada vez melhor, mais perfeito e….. mais mágico.
A pergunta Ayrton Senna foi ou não foi o maior piloto de todos os tempos? Já foi feita tantas vezes e aparentemente não pôde ser respondida de forma objetiva. Até porque fica difícil fazer comparações entre épocas diferentes. Como é possível colocar lado a lado, para uma comparação, um Fangio, um Clark, um Senna?
Mas o que permanece, e pode permanecer, é a busca da fascinação, a análise do especial, da mágica de quem, durante uma década, encantou fãs e especialistas.
A perfeição ao pilotar, a facilidade, a elegância de estilo, esse traço de genialidade que transcendia o terrestre: mas as suas voltas mais rápidas e, inclusive para ele mesmo, melhores, não eram espetaculares do ponto de vista comum. Nada de carros atravessados na pista e pneus queimando, ou voando sobre a brita; nada de guinadas de direção. Elas eram controladas, por um lado absolutamente tranquilas, e por outro aceleradas como um filme que rodasse mais rápido. Principalmente do ponto de vista do próprio carro, da câmera de bordo.
Mais isso também era digno de ser visto. Ele vinha com movimentos econômicos, precisos, sem necessidade de correção….
Heinz-Harald Frentzen observou nos testes do início de 1994 em Ímola: Observando a entrada da chicane, parece que Ayrton dirige o carro com dois dedos, enquanto os outros seguram o volante com dificuldade.
John Watson já dissera em 1985, em Brands Hatch, quando Senna o ultrapassou na classificação: Inacreditável. Esse rapaz deve ter seis mãos e seis pés. Eu fui absolutamente derrotado…..Uma outra coisa, mais para os ouvidos do que para os olhos, era uma especialidade do estilo Senna de pilotar: a constância do acelerador. Era um tirar e pôr o pé no pedal em alta frequência, uma verdadeira dança do pedal. Era principalmente nas curvas de baixa e de média velocidade que ele utilizava essa técnica, explorando o limite de aderência do carro, reduzindo o tempo entre as freadas e acelerações, e sentindo antes dos outros quando poderia acelerar totalmente de novo, ao mesmo tempo em que encurtava o tempo de reação do motor. Resultado: saía da curva antes. É exatamente nas curvas de menor velocidade que perco mais tempo em relação a ele, disse Gerhard Berger. Tentei copiar a técnica dele mas não consegui…..
Alain Prost também tentou e não conseguiu. O próprio Senna não achava que houvesse algo de tão extraordinário nisso. Eu sempre fiz isso, acabei me acostumando com isso em casa, pilotando kart no Brasil.
Para mim é normal. Comentário de Berger: O que fica claro é que nós estamos longe de ter a sensibilidade que ele possui no pé direito.
Os equipamentos eletrônicos de controle, tais como o controle de tração, de certa maneira, tiravam de Senna pelo menos um pouco desta sua vantagem natural – e não era de estranhar que assumisse uma posição crítica contra tais equipamentos. Da mesma maneira como se posicionava em relação aos câmbios semi-automáticos, parcialmente programáveis.
Para mim, a troca de marcha limpa, precisa e suave, no ponto certo e tão depressa quanto possível, faz parte da arte de pilotar, e isso, era o que o Ayrton mais sabia… admirou-se Gerhard Berger