O MÍTICO CAPACETE AMARELO. O CASCO MAIS CÉLEBRE DA HISTÓRIA DA FÓRMULA 1

Ayrton Senna, o mítico capacete amarelo

Criação do brasileiro Sid Mosca, o desenho usado por Senna na maior parte de sua carreira tornou-se uma marca registrada do tricampeão.

Qual o design mais icônico de um carro na história da moderna Fórmula 1? Alguns dirão que é o clássico vermelho puro-sangue da Ferrari; outros, a elegante Lotus em sua versão preta e dourada; também não faltarão menções para a dominante McLaren branca e vermelha. O assunto rende acalorados debates, sem que nunca se chegue a um consenso.

Quando o tema é a pintura dos capacetes dos pilotos, porém, a discussão termina antes de começar. Trata-se de uma unanimidade: esteticamente perfeito, o célebre desenho amarelo com as faixas em verde e azul de Ayrton Senna ultrapassou sua função original e se tornou uma verdadeira tradução gráfica dos valores do piloto brasileiro, reconhecido dentro e fora do universo da Fórmula 1.

Os méritos vão para o designer paulista Sid Mosca, que idealizou, em 1979, a pintura para o então piloto de kart brasileiro, que se preparava para disputar o Campeonato Mundial de Kart, em Portugal. Na época, as regras da competição exigiam que o casco do piloto levasse as cores da bandeira de seu país de origem. Sid, então, optou pela predominância do amarelo, visualmente mais chamativo, e com um toque de mestre, pincelou as faixas verde e azul saindo da viseira, criando uma real sensação de velocidade. Sid acertou na mosca.

APENAS MUDANÇAS

O Desenho fez a cabeça de Ayrton Senna, que adotaria o design durante toda a sua carreira a partir dali. As únicas mudanças no capacete ficaram por conta das alterações de patrocínio e de uma outra homenagem ocasional. No GP da Austrália de 1987, por exemplo, o equipamento trazia o desenho de dois avião em que Senna voou em um caça F5 da Força Aérea Brasileira, sobrevoando o Autódromo de no dejes una palavra sola al final de párrafo.

A bem da verdade, quando Senna foi apresentado pela Lotus, foi possível notar uma sensível alteração, mas não no desenho, e sim na tonalidade do amarelo do capacete.

Obra, também, de Sid Mosca: para dar maior contraste com a carenagem preta e dourada do carro, o artista substituiu o tom opaco por um amarelo fluorescente. Segundo ele, isso deixaria o piloto em destaque, como uma bola de fogo no cockpit.

O brilhante Senna, claro, assinou embaixo.

Sid Mosca, o designer; fazendo a cabeça dos pilotos

Cloacyr Sidney Mosca bem que tentou a sorte como piloto, nos anos 1970. Mas só atraiu mesmo os olhares do público pelo extraordinário visual de seus carros: sua habilidade ao volante era, digamos, abaixo da crítica.

Dessa forma, começou a receber pedidos de personalização dos concorrentes. Um de seus primeiros trabalhos foi a ousada pintura azul e laranja na Brasília de Ingo Hoffmann, em 1973. No ano seguinte, passou a desenhar também capacetes e, logo trocaria de vez as pistas por sua oficina-ateliê em Interlagos, na Zona Sul de São Paulo.

A pintura do capacete é a outra face do piloto, que lhe dá uma identificação quando está em ação nas pistas, e me sinto feliz por poder participar da criação da sua imagem, peça valiosa e importante no decorrer da sua carreira, explicava o artista.

Em seu extenso e estrelado currículo, estão os capacetes de Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Rubens Barrichello e Maurício Gugelmin, entre outros. Também foi responsável pelo visual dos carros da Copersucar.

Sid morreu em 2011, em São Paulo. Mas seu estúdio sobrevive com o trabalho do filho. Alan, da neta, Stella, e das centenas e centenas de pilotos orgulhosamente correm, nos circuitos do mundo todo, com seus capacetes. Todos com a inconfundível inscrição: SID – painted in Brazil.

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