Milton ensinou as crianças a brincar de pula- sela, e foi muito divertido. Mais tarde, depois que todos os convidados forma embora, Neyde perguntou a Beco onde ele tinha conhecido todos aqueles amigos, e ele respondeu sem titubear: na verdade, não conhecia todos eles. Fui andando pela nossa rua, toquei as campainhas e convidei as crianças para vir.
Desde criança, quando queria alguma coisa, sempre dava um jeito. E não é de surpreender que isso ficasse ainda mais evidente quando se tratava de carros. Aos dez anos, durante uma férias na praia- sem ninguém perceber, ele pegou o carro do pai, uma Veraneio, recorda a família. Ele se esticou para segurar a direção, olhando para cima para conseguir ver os instrumentos, e decolou, levantando poeira na estrada. Trocou as marchas alcançando os pedais com as pontas dos pés. Como era muito pequeno, as pessoas não viam ninguém no banco de motorista. Parecia que o carro estava andando sozinho!
Ele sempre foi muito esperto e não desanimava diante das dificuldades. Guiava um trator pesado e caminhões na fazenda da família, em Goiás, e mudava de marcha sem pisar na embreagem. Fazia aquilo do mesmo jeito que se faz nos jipes, ouvindo até que o barulho do motor dizia que era o momento de mudar a marcha. Ele também fazia truques com sua motocicleta Suzuki 180.
É tentador ler grandes verdades nesses preciosos fragmentos, especialmente sabendo o que sabemos agora, mas, mesmo sem o benefício de uma visão do futuro, o padrão que se formava era claro: uma verdadeira adoração pela velocidade.