A vitória na Alemanha fez Senna subir na tabela de classificação e também elevou seu astral; Prost encontrava dificuldade em ambos os quesitos.
Antes da disputa do Grande Prêmio da Alemanha de 1988, um jornalista perguntou a Gerhard Berger se ele acreditava que, em uma pista rápida como Hockenheim, as Ferrari teriam a possibilidade de derrotar as McLaren este ano pertencem a uma outra categoria.
Eram muitas as evidências pelos tempos registrados pelas McLaren na sexta-feira, marcas que logo no início da sessão de classificação do sábado já se mostraram suficientes para garantir as duas posições da primeira fila na corrida, o que deu á escuderia inglesa o luxo de usar o treino decisivo apenas para ajustar seus carros para a prova. Ainda mais assombroso: após fazer o tempo que ninguém mais superaria, Senna afirmou que o carro não estava tão bem como nos testes da semana passada, neste mesmo circuito. Imaginem se estivesse….
JOGO
Na Alemanha, Senna chegou a sete poles na temporada, sua melhor marca na Fórmula 1 até então. Entretanto, ao menos desta vez, o brasileiro acreditava que sair na frente não lhe daria tanta vantagem. Na corrida, largar em primeiro ou em segundo lugar dá praticamente no mesmo. O pole tem vantagem na primeira curva e na primeira chicane, mas o circuito tem retas muito longas e é muito fácil ultrapassar, se você tiver carro para isso.
De fato, na largada, o que lhe deu vantagem mesmo foi o erro de Prost, que fez o francês cair para quarto lugar, e a chuva, que prejudicou o rival em sua retomada á caça ao brasileiro. Quando finalmente Prost alcançou a segunda colocação, na 12a volta, já era tarde demais: Senna havia aberto uma vantagem muito confortável, superior a 10 segundos, que o permitiu jogar com o francês, como definiu ao final da prova.
Ele começou a forçar o ritmo e foi encostando. Eu podia forçar mais, mas talvez fosse arriscado demais. Comecei a jogar um pouco com ele, ele encostava, eu forçava um pouco mais, sempre mantendo mais ou menos a mesma diferença, explicou.
ALÍVIO
Com a vitória em Hockenheim, Senna pareceu ter tirado boa parte da pressão de suas costas, e celebrou a contento, mesmo sabendo que a caminhada rumo ao título ainda era longa. Antes eu ganhava dois Grandes Prêmios por ano, e agora, no meio do ano, já estou com cinco. É claro que estou feliz, sorriu. Em seguida, fez questão de declarar que o campeonato está mais aberto do que nunca. Mas é claro que estar três pontos atrás e uma vitória á frente é melhor que estar 18 pontos e duas vitórias atrás, como depois do Grande Prêmio do México.
DIVERSÃO
Senna também comentou rapidamente sobre a disputa seguinte, em Hungaroring, dentro de duas semanas. Gosto muito do circuito da Hungria. Fui muito bem lá duas vezes e espero ir melhor ainda desta vez. Mas acho que o Alain também gosta, e tudo indica que vamos nos divertir muito.
Ao menos após a prova na Alemanha, porém, diversão era uma palavra que parecia ter sumido do vocabulário de Alain Prost. Ao contrário de Silverstone, quando o amortecedor falhou, não tive qualquer problema mecânico na largada. Larguei mal por culpa minha, mesmo. Acho que a explicação é a insegurança que estava sentindo, admitiu, com sinceridade. A vitória a mais do Ayrton é muito mais importante que meus três pontos de vantagem, lamentou.
OPINIÃO
Para Clay Regazzoni, ex-piloto da Ferrari e comentarista da TV italiana, tudo isso fazia de Ayrton Senna o grande favorito para terminar a temporada com o título. Estou dizendo isso desde dezembro do ano passado. Ele é o mais veloz e o mais motivado, os dois principais atributos para um campeão.
