GP DA INGLATERRA 1988; PARA ESPANTAR A ZEBRA

Ayrton Senna, GP da Inglaterra 1988; para espantar a zebra

Ferrari ditou o ritmo nos treinos, mas Senna se recuperou na corrida e empatou em número de vitórias com Prost, que não terminou a prova.

Apesar dos 15 pontos que o separavam do líder Alain Prost, Ayrton Senna chegava confiante a Silverstone, onde se disputaria a oitava etapa no Mundial de Fórmula 1 de 1988. Aquela altura do campeonato, com os dois pilotos da McLaren revezando-se no degrau mais alto do pódio, já era quase um consenso entre pilotos, equipes, imprensa e torcedores que o total de pontos não seria o mais importante na hora da decisão do título. Como o regulamento garantia o descarte dos cinco piores resultados dentre os 16 obtidos no ano, na prática aquele que tivesse o maior número de vitórias iria conseguir a contagem necessária para chegar na frente. E, por ser critério, Prost estava com apenas uma vitória a mais do que Senna, 4 a 3. Entretanto, desde o momento em que os carros foram a pista oficialmente, pela primeira vez na temporada as duas McLaren não conseguiram brigar pela ponta. Para a surpresa geral, foram as Ferrari de Gerhard Berger e Michele Alboreto que fizeram um duelo a parte, deixando Prost e Senna batalharem pela melhor posição na segunda fila. Na sexta-feira, o melhor tempo foi do italiano, que cravou 1m10s669, contra 1m10s746 do austríaco e 1m10s787 do brasileiro. No sábado, porém, Berger virou o jogo e garantiu a pole, com 1m10s133 contra 1m10332 de Alboreto. Senna marcou 1m10s616 e manteve a terceira posição, á frente de Prost, com 1m10s736.

SEM CRISE

A inesperada queda de rendimento das McLaren era justificada pelas mudanças consolidadas em um novo carro preparado para a prova, em especial, uma versão modificada do motor XE2, com fricção reduzida, para melhorar o consumo de combustível. A equipe quer fazer bonito aqui na Inglaterra, mas o tiro saiu pela culatra, definiu um espirituoso Prost após o primeiro treino. O francês e o brasileiro estavam certos de que, para a corrida, a McLaren e a Honda deixariam os bólidos de novo prontos para disputar a vitória. As Ferrari, na verdade, chegaram na frente, mas não poderão manter o mesmo ritmo na corrida, pois têm problema de combustível. De qualquer modo, foi um aviso, e ninguém pode querer sempre a pole, declarou Senna.

PROMESSA CUMPRIDA

As mudanças vieram a tempo, ao menos para Senna. Já na primeira volta, o brasileiro tomou a segunda posição de Alboreto. Berger, porém, imprimia um ritmo muito forte; com a chuva caindo sobre Silverstone, Senna optou por manter uma distância segura para o líder, buscando uma oportunidade para dar o bote. Ela veio na 13a volta, quando Ayrton sentiu uma hesitação do austríaco diante de um bloco de retardatários e partiu para a ultrapassagem. A partir daí, Senna segurou sua McLaren até a bandeirada final, o que não foi tarefa simples, especialmente com o aguaceiro que caiu sobre o circuito durante parte da corrida.

Prost, por sua vez, teve uma corrida para esquecer. Seu motor parou na largada; quando o francês finalmente conseguiu ligá-lo, já cairá para o segundo pelotão. E, com diversos problemas na McLaren, foi perdendo ainda mais posições, até abandonar na 24a volta, quando estava na 16a colocação.

Foi a pior experiência deste ano. Uma hora o carro saía de frente e na outra saía de traseira, derrapando muito. Eu estava correndo enormes riscos para brigar pelo 15a lugar. Achei que não valia a pena correr esses riscos. Para ser honesto, ia até parar mais cedo, afirmou o bicampeão mundial logo após a prova.

No final das contas, nenhuma das duas Ferrari conseguiu dar continuidade ao bom desempenho dos treinos: Berger terminou na 9a colocação e Alboreto na 17a. O pódio ainda foi completado por duas surpresas: Nigel Mansell, da Williams, na segunda colocação, foram os primeiros pontos do inglês na temporada, e Alessandro Nannini, da Benetton, na terceira.

DESCONTENTAMENTO

Ainda que nenhum dos diretores da McLaren tivesse dado qualquer declaração oficial, ficou evidente que o abandono de Alain Prost repercutiu mal na equipe britânica, que considerou que o piloto poderia ter perfeitamente continuado na prova. Sabendo disso, o francês soltou uma nota oficial na noite de domingo. Tive problemas sérios com meu carro desde o início da corrida. Na volta de aquecimento, o motor parou. Na partida isso voltou a acontecer. O carro realmente não estava bem. Por isso parei. Não quis correr riscos. Qualquer um faz o que quer com seu carro e com sua vida. Hoje decidi parar e voar de volta para casa. Este é o privilégio de um campeão que está na frente da tabela. Posso também ter perdido o campeonato hoje. Veremos…….

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