Ele venceu novamente em 1990 (derrotando Jean Alesi por 1,0 segundo), venceu em 1991 (derrotando Mansell por 18,3 segundos), venceu em 1992 (derrotando Mansell por 0,2 segundo e resistindo a uma pressão tremendamente feroz) e em 1993 (derrotando Damon Hill por 52,1 segundos). Essa sequência surpreendente foi realizada no lugar mais proibitivo de todos, onde o menor erro de cálculo significa quase certamente o fim da corrida. Essas vitórias eram saborosas que a alegria de Senna quase sempre transbordava durante as cerimônias de entrega dos troféus – mais de uma vez, ele deu banho de champanhe no príncipe de Mônaco. Ayrton não continha seu entusiasmo naqueles momentos.
Tampouco era distante ou arrogante.
Ele era, explica a família, sempre muito paciente e atencioso com relação as pessoas, especialmente os fãs. Não se cansava de dar autógrafos, de tirar fotos ou de conversar com quem o abordava na rua, nos embarques e desembarques dos aeroportos. Em 1988. conforme sua fama crescia, isso acontecia cada vez mais.
Ele tinha um apreço especial pelas suas pessoas e nada que vinha delas o irritava. Muito pelo contrário.
Senna sempre dizia que o afeto de seus fãs era o combustível mais importante da sua vida.
Beco era muito alegre e bem-humorado. Por conta disso, as histórias sobre o que ele fazia na intimidade são repletas de humor – revelando seu alto astral. Apesar de levar uma vida muito ocupada, cheia de compromissos que sempre tentava cumprir, ele achava tempo para passar com a família. Durante pequenos intervalos nos treinos (que são incessantes na F-1) e depois de um grande prêmio, costumava voltar ao Brasil para passar alguns dias com os pais, irmão, irmã, sobrinhas, sobrinho e amigos. Ayrton era o elo que unia todos. Durante esses momentos de intimidade com a família, a F-1 era o assunto que menos lhe interessava.
Entre os parentes e amigos, ele era simplesmente o Beco, o garoto que sonhara pilotar um carro de F-1, mas que também preferia a intimidade do lar á agitada vida noturna do mundo das corridas.
Depois de Mônaco, ele se recuperou a ponto de ir a antepenúltima corrida, no Japão, com chances de vencer o campeonato. No voo para o Japão, Senna foi lendo a sua Bíblia.