O tricampeão Ayrton chegava á escuderia inglesa com o desafio de domesticar um carro cheio de alterações em relação aos anteriores.
Havia, provavelmente, uma única pessoa que não considerava Ayrton Senna o favorito pra vencer a temporada de 1994: justamente o próprio Ayrton Senna. O brasileiro completara uma década na Fórmula 1, já tinha visto o possível e o impossível acontecerem na categoria e não queria trazer para si uma expectativa maior da que ele próprio trazia ao se juntar á Williams, Chegar a uma nova equipe sempre era uma incógnita, ainda mais quando piloto e mecânicos teriam de trabalhar em um carro muito mexido.
Nas primeiras corridas, haverá muita tensão. O acerto também vai ser diferente e a primeira fase de 1994 será de aprendizado, previa Ayrton. Ninguém pode dizer qual vai ser o melhor carro. Só depois que forem testados é que teremos essa resposta. E isso só deve acontecer depois da primeira corrida. Estamos testando no Estoril, a 7 graus, 8 graus. Vamos correr no Brasil a 30 graus. As reações mudam.
O tricampeão vivia, nos primeiros testes com a Williams, um período de adaptação. Mudanças no chassi, na aerodinâmica e também no motor. Estou experimentando tudo que é possível para saber como o carro se comporta. Tudo é muito novo para mim. O carro é muito mais veloz do que esperava. Chega a 320 km/h na reta, enquanto a McLaren não chegava a 300 km/h, o que permitia fazer uma freada mais suave para a entrada da curva. A tentação de andar no máximo é grande. Seis anos atrás, estaria acelerando tudo. Mudar de equipe é como voltar á escola.
INTUIÇÃO CERTEIRA
Ayrton não escondeu a preocupação com o desenvolvimento do carro. Para ele, a Williams sofreria demais com as alterações exigidas pelo regulamento – perdendo, inclusive, o caráter de outro mundo que tinha nas versões dos anos anteriores. Este é um carro daqui da Terra mesmo. Se o outro era perfeito, agora tudo mudou. Sem o controle de tração, é difícil nas curvas lentas. Sem a suspensão ativa, o nariz mergulha nas freadas, o que o torna instável nas curvas, explicou.
Temos muito a fazer para que cheque á performance que desejamos. O carro tem um problema de origem: foi concebido e desenvolvido para suspensões ativas, e, quando lhe tiram todos os fios, ficou órfão. O desafio, portanto, era grande. Mas á altura de um tricampeão.
Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.