AYRTON SENNA AS REAÇÕES DE AYRTON APÓS A CORRIDA EM AIDA; ENTRE A IMPRUDÊNCIA E O ERRO

Ayrton Senna GP do Pacífico frustração na primeira curva

Excesso de vontade dos jovens pilotos e uso equivocado do carro-madrinha pela FIA forma apontados por Senna como fatores do acidente.

Na busca por explicações e responsáveis por sua saída precoce do Grande Prêmio do Pacífico, Ayrton Senna fez duas considerações importantes. A primeira delas aconteceu durante a prova, minutos após ter sua participação abreviada pela batida da McLaren de Mika Hakkinen em sua traseira: enquanto se dirigia á sala dos comissários para fazer uma reclamação sobre o ocorrido, o brasileiro disparou contra o excesso de ímpeto dos jovens pilotos, que, de acordo com ele, expunham os colegas a possíveis acidentes.

Não é possível que a coisa continue desse jeito. Há um número muito grande de pilotos jovens, que precisam mostrar serviço e estão andando mais do que podem. Eu sei como é isso, porque já fui assim. Mas chega uma hora em que é preciso dar um basta. Nas últimas quatro corridas tivemos três problemas: em Suzuka, no Brasil e aqui, sempre por causa de imprudência. Por sorte, ninguém se machucou, mas poderia ter acontecido, afirmou, garantindo que não pediria nenhum tipo de punição para o finlandês, pois considerava que havia atenuantes para a colisão.

Ele pode ter errado algum julgamento e ter batido por isso. Mas uma advertência a ele serviria para botar uma pulga atrás da orelha dos outros. O problema é quem deve julgar esse tipo de coisa nunca entrou num carro para saber os riscos que se corre na pista.

ERRO ESTRATÉGICO

Horas depois do fim da prova, já com roupa trocada e pronto para sair do autódromo de Tanaka, Ayrton voltou a criticar a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), creditando parte da culpa no acidente que o tirou da corrida á decisão de colocar o carro-madrinha á frente dos bólidos na volta de apresentação. O uso do carro-madrinha foi um erro absurdo. Eu só fui informado no sábado á noite e imediatamente me manifestei contra. Disseram que ele foi introduzido porque o GP do Brasil os carros demoraram a alinhar, ficaram parados mais de um minuto e meio. Isso não é verdade, retrucou. A entrada do carro-madrinha foi uma das razões do acidente na primeira volta. Com ele na pista, a gente andou tão devagar que os pneus perderam a temperatura, os freios também e, em consequência, os carros perderam aderência. O Mika freou, escorregou, e quando quis corrigir, bateu.

SUSTO APÓS A COLISÃO

Apesar de frustração, o tricampeão fez, ainda em Aida, uma análise ponderada de sua participação relâmpago na prova. Eu queria vencer essa corrida e por isso fui o mais cuidadoso possível. Em vez de tentar uma ultrapassagem sobre o Schumacher a todo o risco, preferi ficar colado em segundo lugar e esperar uma oportunidade. Acho que o Mika não conseguiu controlar o carro, veio muito perto e bateu, afirmou, acrescentando que os momentos que se sucederam a isso forma extremamente perigosos. Meu carro girou e parou e vi aquele monte de carros vindo na minha direção e me assustei muito. Senti que alguém me acertava e não deu outra. O pobre do Larini, para fugir do bolo, me pegou de lado, bem na altura do cockpit, com o bico da Ferrari. Ele não tem a menor culpa, mas se o carro dele, em vez de parar, tivesse virado por cima do meu, poderia ter sido feio.

O FUTURO

A maior surpresa do Grande Prêmio do Pacífico foi a excelente colocação dos dois outros brasileiros da Fórmula 1 naquela temporada: o terceiro lugar de Rubens Barrichello, da Jordan – seu primeiro pódio na categoria – e a quarta colocação de Christian Fittipaldi, da Minardi. Senna comemorou muito a atuação dos compatriotas. A única coisa boa do domingo, para mim, foi a corrida do Rubinho e do Christian. É bonito ver essa meninada crescer, ganhar pontos.

Rubinho manteve a turma acordada no Brasil, e Christian fez uma bela corrida. Ficou claro que eles têm não para vencer, mas para marcar pontos na temporada.

Sobre seu próprio futuro no campeonato, Ayrton foi otimista. O fato de Schumacher ter 20 pontos e eu, zero, representa que o campeonato ficou mais difícil, mas nada está decidido . Na próxima corrida, em Imola, a força do motor Renault vai nos ajudar. Acho até que os técnicos ainda podem trabalhar nele para que fique melhor. Teremos também algumas mudanças importantes no carro, e, por isso, me parecem grandes as chances de sucesso.

Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.

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