AYRTON SENNA, FESTA DE MANSELL, ESPETÁCULO DE SENNA; QUEM NÃO ARRISCA…

Ayrton Senna vence em Hungaroring 1992 e o título da temporada fica com Mansell

A ousada escolha pelos pneus macios e a largada destemida forma determinantes na conquista da segunda vitória de Ayrton na temporada de 1992.

Ayrton Senna agitava a bandeira brasileira no pódio de Hungaroring quando Nigel Mansell apareceu no tablado, aparentemente exausto. Imediatamente, o piloto da McLaren levantou o braço do novo campeão. Na sequência, assim que se iniciou a execução do hino nacional brasileiro, Senna chamou Mansell e Gerhard Berger para o degrau mais alto do pódio, em reconhecimento á conquista do inglês e á parceria do austríaco, seu companheiro de equipe e, mais que isso, seu amigo.

Mansell emocionou-se com o carinho de Senna, no pódio e fora dele. Aos jornalistas que o questionaram sobre isso, o inglês foi sincero. Acho que nunca fomos inimigos. Ayrton fez questão de, em público, também exaltar o inglês. Para cada um de nós, a emoção de ganhar o título é diferente, mas há uma coisa que é igual em todos os pilotos: amamos nossa profissão e somos capazes de correr grandes riscos apenas para sermos o primeiro, o número um.

Mansell esteve para vencer outras vezes. Venceu este ano. Dirigiu muito bem e mereceu o título. E eu me congratulei com ele no pódio, o abracei, o festejei, apesar de nós dois nunca irmos muito de acordo, porque sei o que representa, explicou. Antes de mais nada, preciso reconhecer o sacrifício para chegar o título.

ESTRATÉGIA VENCEDORA

Em paralelo aos festejos de Mansell, Ayrton e a McLaren também celebram muito o sucesso de seu plano para o Grande Prêmio da Hungria. Para o brasileiro, a vitória se desenhou em dois momentos-chave: antes mesmo da largada, nos boxes, quando o brasileiro optou pelos pneus macios, e na hora do sinal verde, quando deixou Mansell para trás.

Eu poderia ir como a maioria, com o C, que era mais duro e certamente não traria problemas, mas também era mais lento. Ou então escolher uma solução de risco, que era o D, mais macio. E eu sabia que com ele teria algo mais, desde que conseguisse fazer com que funcionasse adequadamente, explicou. Meu carro tinha acerto diferente que o do Berger, porque fiz algumas mudanças antes da corrida. Ficou bem equilibrado e então eu estabeleci a minha estratégia. Tinha de manter um ritmo lento na primeira parte, impor o andamento que me interessasse. Pelo menos nas primeiras 15/20 voltas, andei mais lento e toda vez que procurava apertar, o pneu começava a deteriorar e o Mansell chegava.

O erro que custou a liderança de Patrese não foi exatamente uma surpresa para Senna, para quem o italiano estava rodando em um ritmo forte demais. De qualquer forma, o brasileiro estava preparado para assumir a ponta e seguir até a bandeirada. Essa foi uma vitória construída nas primeiras voltas. É muito gratificante quando você faz uma opção de risco e tudo dá certo.

FUTURO NA CATEGORIA

Em entrevista a James Hunt, campeão mundial de 1976 e então comentarista da BBC, Senna afirmou com todas as letras: Para a Williams eu dirigia de graça. Revelada pelo ex-piloto durante as transmissões do Grande Prêmio da Hungria, a frase causou um pequeno terremoto o paddock de Hungaroring. Naquele momento, Mansell negociava sua renovação de contrato com Frank Williams, que, por sua vez, era pressionado pela Renault – fornecedora de motores – para abrir uma das vagas da equipe para o também francês Alain Prost.

Com a Honda provavelmente se despedindo da Fórmula 1 em 1993, diminuíam as chances de Senna permanecer na McLaren. A Ferrari havia aberto conversas com o brasileiro, mas esta não escondia de ninguém sua predileção por pilotar uma Williams, disparadamente o carro mais avançado da categoria.

Após a prova, Senna explicou a frase. Quando disse que guiaria de graça foi para mostrar que a minha única motivação, na Fórmula 1. é ter um carro competitivo, que me permita lutar por vitórias e pelo título. O dinheiro é importante, mas felizmente tive sucesso na minha carreira e já tenho o suficiente para viver tranquilamente. O que me interessa é a parte técnica, nada mais. Não quero saber da parte política nem da comercial.

O recado estava dado, mesmo sem citar nomes. Há gente se opondo á minha ida para a Williams, e eu não acho justo que um piloto seja favorecido por causa de sua nacionalidade. O que deve prevalecer é a seriedade, o profissionalismo e a competência de cada um. Eu acho que merecia ter a oportunidade. Não é certo que, por ser brasileiro, as minhas possibilidades sejam menores. Não aceito. Eu guio de graça se for preciso.

2 comentários em “AYRTON SENNA, FESTA DE MANSELL, ESPETÁCULO DE SENNA; QUEM NÃO ARRISCA…”

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      Bora meu amigo Sennista Cris, muiito obrigado pelas palavras. Compartilhar com vocês sobre o SENNA é demaisss. Obrigado por estar aqui com a gente!

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