AYRTON SENNA GP DA ALEMANHA 1991; MANSELL APERTA O CERCO

Ayrton Senna GP da Alemanha 1991

Inglês venceu a terceira prova consecutiva e reduziu vantagem de Senna no Mundial para apenas oito pontos; brasileiro sofreu nova pane seca.

Se o Campeonato Mundial de Fórmula 1 fosse uma partida de futebol, o Grande Prêmio da Alemanha marcaria o início do primeiro tempo, ou melhor, das oito primeiras provas, Ayrton Senna até que computava uma boa vantagem sobre seu perseguidor direto, Nigel Mansell, da Williams: 51 pontos contra 33. Mas essa diferença vinha caindo cada vez mais nos últimos minutos – ops, corridas: o inglês terminara essa primeira metade com uma sequência de duas vitórias, enquanto Senna conseguira um terceiro lugar e um quarto.

Considerando-se o retrospecto dos anos anteriores, Hockenheim era uma excelente oportunidade para a recuperação de Senna. Afinal, o brasileiro havia vencido as três últimas corridas disputadas na Floresta Negra, em 1988, 1989 e 1990. Mas dessa vez Ayrton não estava tão otimista: já havia ficado claro que a Williams vinha melhor que a McLaren. É bom deixar de lado as estatísticas. No ano passado, a gente tinha um excelente motor, o que já não acontece este ano, apesar da melhora do chassis, afirmou.

Com um novo carro em testes, a previsão era de que estreasse no Grande Prêmio da Itália, 12a etapa do calendário, a McLaren tentava diminuir a diferença técnica entre as duas equipes com uma espécie de operação plástica de urgência no MP4/6, que ganhou um nariz mais alto e alterações aerodinâmicas nas laterais. Quanto ao motor, porém, nada se pode fazer naquele momento – e era essa a grande preocupação de Senna. Por ser um circuito muito veloz, a gente fica muito tempo com o pé cravado no acelerador. Quase como em Silverstone. E todos lembram do que me aconteceu na última volta.

Não custa lembrar o que se passou no Grande Prêmio da Inglaterra: na última volta, Senna estava na segunda colocação, atrás apenas de Nigel Mansell, quando a gasolina acabou – apesar de o marcador ainda indicar que havia combustível para terminar a prova. A falha custou três preciosos pontos a Senna, que, mesmo parado, terminou a prova em quarto lugar, já que havia dado uma volta sobre o quinto colocado, Nelson Piquet. Mas isso era passado. Uma falha dessas não aconteceria de novo, certo?

SUPERAÇÃO NOS TREINOS

Nos treinos, Senna fez até que mais do que o esperado: cravou o segundo melhor tempo no sábado e garantiu vaga na primeira fila, com 1m37s274. A pole foi de Nigel Mansell, 1m37s087. Berger foi o terceiro e Ricardo Patrese o quarto. Eu poderia ter andado um décimo mais veloz, mas posso garantir que dirigi no limite, o melhor que podia, afirmou Senna, que, porém, não se iludiu com a pequena distância que o separou de Mansell. Essa diferença de dois décimos é apenas uma verdade de classificação. O nosso carro está um pouco melhor, mas muito longe das Williams, tanto no que diz respeito a motor como no conjunto, que inclui chassis e câmbio. Se nós quisermos andar num ritmo próximo do deles, vamos ter que forçar muito mais, o que pode gerar problemas.

ACREDITE…. SE QUISER

Disputado em 28 de julho de 1991, o Grande Prêmio da Alemanha foi de uma previsibilidade irritante. Em primeiro lugar, pelo passeio das Williams. Mansell liderou de ponta a ponta, enquanto Patrese se recuperou do desempenho ruim nos treinos e terminou a corrida na segunda colocação. E Senna…. Pode parecer incrível, mas o brasileiro, que caminhava para completar a prova na quinta colocação, viu novamente sua McLaren parar na última volta por uma pane seca.

Acho que a Honda errou na programação, já que a Shell entrega um combustível com as características exigidas pela equipe. Se o combustível correspondia ás características, o erro só pode ter sido da Honda, afirmou. Quando se está sob forte pressão, como é o nosso caso, tanto o piloto quanto á equipe ficam mais propensos a errar. O problema do combustível é apenas um reflexo da situação.

Agora, a vantagem de Senna para Mansell caíra para apenas oito pontos. Mas o bicampeão não perdia a fé. Neste momento, acho que o Mundial está aberto, mas não perdido. Mansell leva vantagem, mas há ainda 70 pontos a disputar e se a McLaren e a Honda me derem um carro mais competitivo para as últimas cinco corridas, ainda posso ser o campeão. No futebol ou na Fórmula 1, afinal, vale o velho ditado: o jogo só acaba quando termina.

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