AYRTON SENNA GP DA HUNGRIA 1991; SOSSEGA, LEÃO

Ayrton Senna vence o GP da Hungria 1991

Com uma performance irretocável em Hungaroring, Senna encerrou a série de vitórias de Mansell e ampliou a vantagem na briga pelo Mundial.

Três meses antes do Grande Prêmio da Hungria, a possibilidade de Ayrton Senna perder a liderança do Mundial de Fórmula 1 parecia improvável – para não dizer impossível. O brasileiro havia feito história ao vencer, de forma arrasadora, as quatro primeiras provas do campeonato de 1991, enquanto seu principal concorrente, Alain Prost, atolado de problemas na Ferrari, parecia incapaz de qualquer tipo de reação. A partir do GP do Canadá, porém, um terceiro elemento se intrometeu nessa história: Nigel Mansell. Empurrado pelo motor Renault que equipava sua Williams, o inglês se tornou protagonista do campeonato: venceu três das cinco provas seguintes e encostou em Ayrton na classificação. Após a etapa da Alemanha, a vantagem de Senna para o segundo colocado era de apenas oito pontos.

Isso significa que a corrida de Hungaroring, a ser disputada em 11 de agosto de 1991, poderia se tornar um divisor de águas na temporada. Caso Mansell vencesse a prova e Ayrton não ficasse entre os cinco primeiros, o inglês tomaria a ponta do brasileiro. E então o sonho do tricampeonato ficaria cada vez mais distante: correr atrás da Williams, que havia se mostrado o carro a ser batido naquela temporada, era uma missão quase impossível.

Entretanto, apesar do retrospecto desfavorável recente – Senna não fazia uma pole ou vencia uma corrida há três meses, o número 1 da McLaren desembarcou otimista em Budapeste. Primeiro, porque a pista de Hungaroring, lenta e travada, neutralizaria a vantagem dos propulsores da Williams. Senna, aliás, já podia ser considerado um expert no circuito. O brasileiro chegou ao pódio nas cinco corridas que disputou ali: uma vez em primeiro lugar e quatro vezes em segundo.

Além disso, a McLaren e a Honda vinham trabalhando duro e levavam á Hungria algumas melhorias que haviam animado Senna nos testes – notadamente, um carro mais leve, um novo motor de classificação e uma gasolina de treino, desenvolvida pela Shell. Temos perfeita noção do que deve ser feito no chassis e no motor. Não vamos entrar em pânico, afirmou Ron Dennis. Seremos uma equipe muito difícil de ser vencida nesse campeonato.

A IMPORTÂNCIA DA POLE

Assim como em Mônaco, largar na frente em Hungaroring era mais da metade do caminho para a vitória. Havia, com muito boa vontade, apenas um ponto de ultrapassagem no circuito, a freada no final da reta dos boxes. Se o pole position conseguisse manter a liderança na primeira curva e fizesse uma corrida sem erros, dificilmente deixaria escapar o primeiro lugar.

Por isso o entusiasmo de Ayrton ao final do treino de sábado, em que assegurou a primeira posição no grid de largada com uma volta absolutamente inalcançável aos rivais: 1m16s147. O segundo colocado, Ricardo Patrese, da Williams, cravou 1m17s379, ou seja, 1s232 mais lento do que Senna. Mansell e Prost comporiam a segunda fila. Berger, que havia feito o melhor tempo na sexta-feira, acabou caindo para a quinta posição.

Agora há uma luz no fim do túnel, comemorou Senna. Desta vez eu vou lutar para ganhar. Nas últimas provas eu não tinha a menor chance, mas agora eu sei que as coisas estão melhorando e isso é muito importante para mim, afirmou. Nós vamos estar em pé de igualdade com a Williams. Mas iguais quer dizer que podemos ganhar ou perder. Acho que isso já é um grande avanço. A largada vai ser decisiva.

SEGURAR A PONTA

Após o sinal verde, era imperativo, portanto, fazer a primeira curva á frente de Patrese – o que não seria tarefa fácil, considerando-se a potência do motor Renault que equipava o carro do rival. De fato, mesmo estando na parte suja da pista, o italiano largou muito bem e colocou pressão sobre Senna: os dois carros ficaram praticamente lado a lado, o que obrigou o brasileiro a retardar ao máximo a freada na primeira curva da corrida. Mas deu certo: Senna ficou com a liderança, e, como previsto, ao final das 77 voltas da prova, também com a vitória.

Mesmo andando praticamente colado em Ayrton durante a primeira metade da corrida, Patrese não conseguiu vislumbrar uma ultrapassagem. Na volta 45, o italiano, com um problema no freio, deu passagem a Mansell, que até pensou em pressionar Senna, mas logo desistiu. Com o resultado, Senna não apenas manteve a liderança como ampliou: agora, eram 12 pontos de diferença para o inglês.

Foi uma corrida de estratégia desde o primeiro treino. Eu me esforcei muito para obter a pole position, porque sabia que ela seria decisiva no resultado da corrida, afirmou Senna. A largada de Ricardo Patrese foi excelente, muito melhor que a minha, porque ele estava na parte suja da pista e conseguiu grande aceleração. Isso me obrigou a dar tudo no meu carro e quando chegamos juntos na primeira curva, pensei comigo mesmo: agora é a decisão. E fui contudo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *