Treinos em Imola tiveram acidentes terríveis: na sexta, Barrichello escapou quase ileso, mas no sábado Ratzenberger morreu após bater no muro a 315 km/h.
Naquele início da temporada de 1994 da Fórmula 1, algumas coisas pareciam mesmo estar fora da ordem – especialmente dentro da escuderia campeã do mundo. Antes sinônimo de eficiência e estabilidade, a Williams agora sofria para entregar carros competitivos, ou simplesmente dirigíveis, a seus pilotos. Com isso, Ayrton Senna, em seu primeiro ano de equipe, também passava por uma situação muito diferente: não havia conseguido marcar sequer um ponto nas duas provas iniciais do calendário.
Por isso, a grande expectativa para o Grande Prêmio de San Marino, terceira prova do ano, era saber se a Williams finalmente conseguiria reagir – recuperando, na pista, o terreno perdido para a Benetton. Porém, a partir da primeira sessão de classificação no circuito de Imola, na sexta-feira, essas questões ficaram em segundo plano. Um acidente assustador de Rubens Barrichello, da Jordan, assombrou pilotos, torcedores e jornalistas e direcionou o foco imediato de todos para a questão de segurança no circo. Apesar de o jovem piloto brasileiro ter escapado ileso, era impossível deixar de pensar no que poderia ter acontecido se a sorte não estivesse a seu lado.
Mas esse questionamento, que era apenas uma hipótese na sexta, se tornou uma trágica realidade no sábado, quando o austríaco Roland Ratzenberger, da Simtek, não resistiu ao impacto de uma colisão a 315 km/h no último treino antes da corrida. Depois de oito anos, a morte voltava á Fórmula 1.
UM MILAGRE
As imagens do acidente de Barrichello forma impressionantes. O carro saiu pela direita na Variante Bassa e passou por cima da zebra, que funcionou como uma rampa de lançamento: de imediato, sua Jordan levantou voo a 220 km/h. O bólido alcançou uma altura aproximada de 2 metros, passou por cima da barreira de pneus e se chocou violentamente, de lado, contra o muro de concreto do alambrado. Parcialmente destruído, o carro caiu de nariz e ainda capotou duas vezes até parar na grama, de cabeça para baixo.
Milagrosamente, Rubinho – que perdeu a consciência no momento do impacto – saiu apenas com o nariz quebrado, uma luxação na costela e arranhões. Nesta hora, o capacete bateu forte do lado direito e eu desmaiei. Não me recordo da batida. E nem é bom recordar, resumiu. Nasci de novo.
IMPACTO FATAL
Enquanto Barrichello se recuperava no hospital, todos torciam por uma volta á normalidade no sábado, com a disputa entre Ayrton Senna e Michael Schumacher pela pole position no treino. Mas essa esperança durou apenas 18 minutos. Roland Ratzenberger perdeu o aerofólio dianteiro na curva Villeneuve, saiu da pista e bateu contra a mureta de proteção a 315 km/h. Com o impacto, o carro, destruído, foi arrastado até a curva Tosa. Ratzenberger foi socorrido no circuito e levado de helicóptero ao Hospital Maggiore, onde, cerca de uma hora depois, teve sua morte oficialmente anunciada, em decorrência de lesões cerebrais.
O treino foi interrompido por cerca de 50 minutos; Williams, Benetton, Ligier e Sauber optaram por não voltar á pista. Correr, naquele momento, era o menos importante.
Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.