GP DO BRASIL 1988; FRANCÊS MARAVILHA

Ayrton Senna, GP de Jacarepaguá 1988, desclassificação e vitória de Prost

Na estreia pela McLaren, Senna fez a pole, mas foi desclassificado. Assim, o caminho ficou livre para Prost vencer pela quinta vez no Rio.

A McLaren estava confiante em seu conjunto. A Ferrari, idem. A Williams garantia que o motor aspirado iria surpreender. E a Lotus, apesar de menos cotada para o sucesso na temporada de 1988, também chegava com força, ao menos de acordo com as palavras de Nelson Piquet. Todo mundo diz que é favorito. Pois então quem é favorito é o meu carro e ponto final, afirmou o piloto, em tom de brincadeira, ao chegar no Rio de Janeiro para a disputa da primeira prova do ano, o Grande Prêmio do Brasil. Depois, mais sério, completou: Na verdade, até o treino de amanhã é tudo especulação. Só quando os carros estiverem rodando para valer vamos saber o estágio de desenvolvimento de cada um. Até lá, cada um pode dizer o que quiser.

Quando os motores roncaram oficialmente pela primeira vez, na sexta-feira, 1a de abril, ficou claro que a McLaren não estava mentindo quando propagandeou a eficiência de seu novo modelo MP4/4. Alain Prost fez o melhor tempo no treino de manhã; na sessão classificatória da tarde, Ayrton Senna foi o mais rápido. O francês, que precisou usar o carro reserva após rodar no final da manhã com o titular, acabou ficando apenas com a quarta posição. Entre Senna e Prost se colocaram Nigel Mansell, da Williams, e Alessandro Nannini, da Benetton. As Ferrari de Gerhard Berger e Michele Alboreto decepcionaram: ficaram na sexta e sétima colocação, logo á frente de Piquet, que terminou com o oitavo tempo.

Amanhã, eu e o Prost vamos andar mais rápido, previu Senna.

IMPARÁVEL

No ano anterior, a pole position do GP do Brasil havia sido obtida por Nigel Mansell, com o tempo de 1m26s128. Esperava-se que, com a diminuição da potência dos motores turbo, que antes superavam os 1.000 cv e agora haviam sido restritos a 650 cv, a marca da pole não ficaria abaixo de 1m29s. Pois Ayrton Senna, em uma volta espetacular, registrou nada menos que 1m28s096, mais de meio segundo á frente do segundo colocado Nigel Mansell, que fez a melhor volta de sua vida ( palavras do próprio ) e cravou 1m28s632. No mesmo segundo ainda ficou a McLaren de Alain Prost, com 1m28s782.

Gerhard Berger, da Ferrari, recuperou-se do mau desempenho de sexta e garantiu o quarto lugar no grid, com 1m29s026. Nelson Piquet também melhorou sobremaneira seu tempo, assumindo a quinta colocação com 1m20s087, ainda assim, quase dois segundo atrás do Senna.

Aparentemente, só havia um jeito de as McLaren não dominarem o Grande Prêmio do Brasil: se a chuva que se insinuou no final da tarde do sábado caísse no domingo, na hora da prova. Debaixo de chuva, ganham os aspirados. Só espero que isso não aconteça, pois meu carro está excelente, afirmou Senna.

IMPONDERÁVEL

A chuva não veio. Mas, para azar de Senna, o imponderável aconteceu: sua caixa de câmbio quebrou antes da largada, com os carros estacionados no grid e com as luzes de partida acesas. Com a saída inicial cancelada, Ayrton então se mudou para o carro reserva e largou dos boxes, e acabou desclassificado justamente por isso. O regulamento impedia a troca de carro após a bandeira verde. O anúncio da desclassificação, contudo, veio apenas na 30a volta, quando o brasileiro já estava de volta ao primeiro pelotão, alcançando inclusive o segundo lugar.

De qualquer forma, o caminho havia ficado aberto para a vitória de Alain Prost. Agora largando sem Ayrton á sua frente, o francês usou a força do turbo Honda e não teve problemas em ultrapassar Nigel Mansell ainda na primeira volta, rumando sossegado para a conquista. Prost liderou de ponta a ponta e não foi ameaçado em nenhum momento pelo segundo colocado, Gerhard Berger, da Ferrari, que cruzou a linha de chegada quase dez segundos depois do vencedor da etapa. Nelson Piquet completou o pódio.

INIGUALÁVEL

Alain Prost chegava, assim, ao recorde de vitórias no Grande Prêmio do Brasil: cinco, nos anos de 1982, 1984, 1985, 1987 e 1988, superando as quatro do argentino Carlos Reutemann, em 1972, 1977, 1978 e 1981.

Apelidado Rei do Rio por motivos óbvios, o monarca francês fez questão de dividir os méritos com a equipe. Nos treinos, tive problemas de todas as espécies e cheguei até bater no ( treino ) de sexta-feira. Pedi para fazer tantas alterações que pensava não ter um carro competitivo na corrida. Os engenheiros estão de parabéns. Conseguiram me dar um carro tão bom que jamais duvidei da vitória após o problema com Ayrton Senna, afirmou ele, fazendo um prognóstico para a sequência da temporada. A associação da McLaren com a Honda vai nos dar ainda muita alegria.

 

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