NESTA DATA, MAS HÁ 40 ANOS. QUANDO A CHUVA REVELOU UM HERÓI AOS MEUS OLHOS

Há 40 anos atrás, Ayrton Senna venceu a primeira corrida na F1

21 de Abril de 1985 – A Chuva que Revelou um Gênio

Na Fórmula 1, existem corridas que marcam campeonatos e outras que marcam gerações. O Grande Prêmio de Portugal de 1985, disputado em Estoril, pertence a essa segunda categoria. Foi ali, sob uma chuva torrencial, que o mundo viu pela primeira vez Ayrton Senna vencer uma corrida na Fórmula 1 — e não foi apenas uma vitória. Foi uma aula de talento, coragem e controle absoluto do carro em condições quase impossíveis.

☔ Uma Tempestade como Palco

Era apenas a segunda etapa da temporada de 1985. A Lotus vinha de tempos difíceis, tentando se reerguer desde a era de glórias com Jim Clark nos anos 60. Senna, por sua vez, estava em sua segunda temporada na Fórmula 1, agora deixando a modesta Toleman para trás e abraçando o desafio de guiar pela tradicional Lotus-Renault.

Desde os treinos, Ayrton já mostrava que algo especial estava por vir. Conquistou a pole position, sua primeira com a equipe, com uma volta precisa e agressiva. No domingo, o céu desabou sobre Estoril. A pista virou um espelho molhado, traiçoeiro e escorregadio — exatamente o tipo de situação onde Senna se sentia em casa.

🏁 Domínio Absoluto

A corrida começou e, desde a largada, Senna assumiu a ponta e nunca mais foi ameaçado. Enquanto grandes nomes da época, como Alain Prost, Niki Lauda e Michele Alboreto, lutavam para manter os carros na pista, Senna parecia estar em outro nível.

Foram 67 voltas lideradas do início ao fim, abrindo quase 1 minuto de vantagem sobre o segundo colocado. Apenas nove carros terminaram a prova — tamanha era a dificuldade de pilotar naquela chuva. Mas Ayrton dançava com o carro como se a água não existisse. Seus traçados eram limpos, consistentes, quase poéticos. A corrida foi um verdadeiro espetáculo de pilotagem no molhado.

🗣️ Um Silêncio que Disse Tudo

Ao final da corrida, Ayrton subiu ao topo do pódio pela primeira vez. O hino brasileiro tocou em Estoril enquanto ele, visivelmente emocionado, olhava fixamente para o horizonte. Não havia saltos ou punhos erguidos — apenas um silêncio respeitoso, como se o próprio Senna soubesse que aquele era o início de algo muito maior.

Foi ali que nasceu o mito. Aquele jovem brasileiro de 25 anos, vestindo o icônico macacão preto e dourado da Lotus, mostrou ao mundo que não era apenas rápido — era especial.

✨ O Legado Começa Aqui

A vitória em Estoril não foi apenas a primeira de Ayrton Senna na Fórmula 1 — foi a primeira de muitas demonstrações de que ele tinha algo que os outros não tinham. Com o tempo, essa habilidade em condições adversas se tornaria uma de suas marcas registradas. E aquele dia, 21 de abril de 1985, entraria para a história como o ponto de partida de uma carreira lendária.

🏆 Curiosidades da Corrida

  • Carro: Lotus 97T – motor Renault V6 turbo

  • Tempo final de Senna: 1h59min23s

  • Número de voltas: 67

  • Segundo colocado: Michele Alboreto (Ferrari), a mais de 1 minuto atrás

  • Apenas 9 carros completaram a prova

  • A vitória de Ayrton Senna em Estoril, no dia 21 de abril de 1985, causou um impacto profundo no mundo do automobilismo — tanto entre fãs quanto entre os pilotos, jornalistas e ex-campeões da Fórmula 1. As reações da época misturaram admiração, surpresa e respeito, pois não era comum ver um piloto tão jovem dominar de forma tão absoluta, especialmente sob uma tempestade.

    A seguir, te conto o que foi dito na época e quais foram as emoções e comentários mais marcantes sobre aquele momento inesquecível:

    🗣️ “Estamos diante de um fenômeno” – Niki Lauda

    O tricampeão Niki Lauda, que também participou daquela corrida, foi direto em sua análise:

    “Nunca vi nada parecido. O que ele fez hoje é o tipo de coisa que apenas os grandes fazem. Ele guiou como um veterano em uma pista que parecia impossível.”

    Para Lauda, que já era um nome consagrado, Ayrton Senna havia acabado de colocar seu nome entre os grandes — mesmo sendo apenas sua segunda temporada.

    🇫🇷 “Esse cara vai ser campeão do mundo” – Alain Prost

    Alain Prost, que anos depois se tornaria o maior rival de Senna, também demonstrou respeito e um certo espanto. Ele chegou a comentar com jornalistas da época:

    “Ele tem um controle do carro no molhado que é inacreditável. Eu sabia que ele era rápido, mas hoje ele mostrou que é especial. Esse cara vai ser campeão do mundo, não tenho dúvidas.”

    Apesar da rivalidade futura, Prost foi um dos primeiros a reconhecer publicamente a genialidade de Ayrton Senna.

    🎙️ Murray Walker (narrador da BBC): “Um futuro campeão mundial, com certeza!”

    Durante a transmissão da BBC, o icônico narrador Murray Walker exaltou Senna com entusiasmo:

    “O jovem brasileiro está pilotando com uma maestria inacreditável. Ele está brincando na chuva enquanto os outros lutam para sobreviver. Estamos vendo o nascimento de um campeão mundial!”

    Walker ficou particularmente impressionado com o fato de Senna não ter cometido nenhum erro visível durante toda a prova, mesmo em uma pista que parecia um sabão.

    🏁 Johnny Herbert (futuro piloto da F1): “Aquilo me inspirou a continuar”

    Johnny Herbert, que ainda estava nas categorias de base na época, declarou anos depois que aquela vitória foi o momento que o fez decidir seguir firme na carreira de piloto:

    “Eu assisti à corrida na televisão. Quando vi aquele jovem com tanta calma em meio ao caos, pensei: ‘É isso que eu quero fazer’.”

    😮‍💨 Silêncio no paddock

    Algo muito comentado por jornalistas da época foi o clima no paddock após a corrida. Segundo relatos, muitos engenheiros, mecânicos e chefes de equipe simplesmente olhavam uns para os outros em silêncio, meio incrédulos com o que haviam acabado de testemunhar. Era como se todos soubessem que uma nova era havia começado.

    👀 Jornalistas europeus destacaram:

    • La Gazzetta dello Sport (Itália): Senna dança na chuva de Estoril como se tivesse nascido nela.”

    • L’Équipe (França): Senna: a precisão de um cirurgião, a coragem de um veterano.”

    • Autosport (Inglaterra): “A Fórmula 1 não via algo assim desde Jim Clark.”

    • Estoril, 1985 – Quando a Chuva Revelou um Herói aos Meus Olhos – Um relato de um fã, eu Thierry Balaclava F1.

      Naquele domingo, 21 de abril de 1985, eu não estava apenas assistindo a uma corrida. Eu estava vivendo um dos momentos mais marcantes da minha vida. E não sabia ainda, mas estava testemunhando o nascimento de uma lenda que mudaria para sempre a forma como eu via o automobilismo — e a vida.

      Era o Grande Prêmio de Portugal, no circuito de Estoril. A chuva caía pesada, implacável, como se quisesse testar cada piloto, cada equipe, cada alma naquele asfalto molhado. Mas em meio à neblina e às gotas d’água, havia um brasileiro de 25 anos, vestindo o macacão preto e dourado da Lotus, que não parecia se intimidar. Ayrton Senna, com uma serenidade quase sobrenatural, dominava a pista como se estivesse em casa.

      Eu me lembro da largada como se fosse hoje. O barulho dos motores, o spray levantado pelas rodas, a tensão no ar. E, lá na frente, o Senna… calmo, limpo, certeiro. Enquanto outros pilotos patinavam, escapavam e abandonavam, ele parecia dançar na chuva. Cada volta era uma aula, uma demonstração de talento puro, cru, raro.

      O que mais me marcou naquele dia não foi apenas a vitória — foi a forma como ele venceu. Do início ao fim, liderando com maestria, abrindo um minuto de vantagem sobre o segundo colocado. Era como se a chuva o obedecesse. Eu, ali, com o coração acelerado e os olhos grudados na tela (ou na arquibancada, para quem teve a sorte de estar lá), sabia que estava vendo algo único.

      E quando ele cruzou a linha de chegada, braço erguido, o mundo parou por um instante. O hino brasileiro tocando em solo europeu fez minha pele arrepiar. Foi impossível conter a emoção. Vi naquele jovem um reflexo de tudo o que acreditamos como brasileiros: garra, talento, fé e coragem para enfrentar qualquer tempestade — literal ou metafórica.

      Ayrton Senna não ganhou apenas uma corrida naquele dia. Ele ganhou corações. Ele se apresentou ao mundo como um gênio, um guerreiro silencioso, um homem com uma missão maior do que apenas vencer corridas. E eu tive o privilégio de viver tudo isso, de sentir isso pulsar no peito, de poder dizer hoje: “Eu vi quando tudo começou.”

      Senna seguiu em frente e construiu um legado que jamais será apagado. Mas para mim, aquele dia em Estoril será sempre o mais especial. Porque ali nasceu um ídolo. E junto com ele, nasceu em mim uma admiração que atravessa gerações.

      Obrigado, Ayrton. Por aquela chuva. Por aquele momento. Por me fazer acreditar no impossível.

    • Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *