O SEGUNDO PÓDIO NA LOTUS; UMA BOA SURPRESA, PARA VARIAR

Ayrton Senna o segundo pódio da carreira no GP da Áustria 1985

As perspectivas não pareciam boas para o GP da Áustria, mas Ayrton Senna, que havia largado da 14a posição, alcançou um excelente segundo lugar.

Em nove provas de Mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna havia conseguido cinco pole positions e chegara a liderar a disputa em seis etapas: Portugal, San Marino, Mônaco, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Seu talento e sua velocidade o colocavam como o grande destaque da categoria naquele ano, correspondendo as expectativas criadas em torno dele.

Em termos práticos, entretanto, a temporada do brasileiro era pra lá de frustrante. Havia chegado ao final da prova apenas uma vez, em sua primeira vitória no Estoril, nas oito restantes, nada menos do que abandonos, pelos motivos mais diversos. Com apenas nove pontos, estava estacionado na nona posição do campeonato, bem longe de Michele Alboreto, líder com 46.

FORA DE CONTROLE

O primeiro treino em Zeltweg apenas aumentou a decepção de Senna com o carro. Ele fez apenas o décimo tempo, mas o que mais o incomodava era a falta de perspectiva. Tenho dois carros impossíveis de guiar. Tentei ambos e o defeito é o mesmo: insegurança completa na pista, cada condução é um perigo, o carro perde o rumo, desabafou ao jornal O Globo de 17 de agosto. Já nem falo da falta de potência do motor. Isso nem pode ser testado num carro que não funciona.

A esperança de melhorar o tempo no sábado foi rapidamente por água abaixo – e não apenas por causa do toró que caiu sobre o autódromo. Veio o treino, saí logo com a chuva já pintando, era a última esperança de subir no grid. Bastou meia volta para me desiludir: o turbo quebrou na saída da chicana e, quando cheguei no box, já sem motor, a chuva começou. Acabou a história.

Até aquele momento, sua pior posição no grid havia sido um quinto lugar, na Alemanha, no Grande Prêmio da Áustria, porém, Senna largaria na 14a posição, deixando-o pessimista para o resultado da prova. Vai ser difícil. Difícil e perigoso, pois já perdi o hábito de largar lá atrás, no meio do pelotão. Haverá gente mais lenta á minha frente, pode alguém ficar parado, uma batida, qualquer coisa. Mas quando tinha tudo para dar errado…. Deu certo.

ALÍVIO E CELEBRAÇÃO

As nuvens negras que rondaram o sábado começaram a se dissipar ainda na manhã de domingo: nos treinos livres, a Lotus rendeu melhor que o esperado com o tanque cheio, para surpresa de Ayrton Senna. Ao voltar para o box, ele estava confiante. Vamos dar trabalho.

Senna largou muito bem; na primeira volta, já ganhou quatro posições. O brasileiro ultrapassou Alboreto na nona volta; na 16a, já era o sexto. A sua frente estava o companheiro de equipe Elio de Angelis, que foi ultrapassado na 23a volta. Duas voltas depois, aproveitando-se dos problemas de Mansell e Piquet, Senna passou para a terceira posição. E a quebra do líder Niki Lauda decretaria o segundo lugar para Ayrton Senna, atrás apenas de Alain Prost.

No final, alívio e comemoração pela segunda prova terminada na zona dos pontos – e a revelação de que, apesar do excelente resultado, foi preciso travar novamente uma batalha com a Lotus dentro do cockpit.

Foi uma corrida muito difícil. O carro não se segurava, os pneus se desgastavam a cada volta a ponto de causar uma vibração praticamente insustentável. Houve momentos em que pensei que o motor não ia aguentar a vibração e que, com mais uma volta, o carro pararia, afirmou após a corrida. Diminuí a pressão, decidi não fazer força, esperar que os outros tivessem problemas de pneus, o que me parecia muito provável. Sinceramente, nem sei como consegui completar a distância total.

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