Aos treze anos, ele participou de sua primeira corrida de kart em um circuito improvisado em Campinas, São Paulo. Ele liderou do começo ao fim, diz a família. Há uma deliciosa ambiguidade a respeito disso, porque Senna contava que correu pela primeira vez anos antes, contra garotos bem mais velhos. O grid foi definido em sorteio, e ele tirou a pole. ( a primeira pole da minha carreira, dizia ele, com um sorriso meio irônico ). Como era muito pequeno e leve, levou vantagem; os outros eram mais rápidos nas curvas, mas não conseguiam alcançá-lo nas retas, e ele liderou até as três voltas antes do final, quando o kart de trás encostou no dele e o fez girar pela pista ( ele dava outro meio sorriso quando contava essa história ).
O primeiro grande prêmio oficial de 1973 foi em Interlagos e o brasileiro Emerson Fittipaldi, defendendo o título mundial, participou dele. Milton levou Senna para assistir á corrida, e Fittipaldi se lembra de um garotinho que venho me ver trazido pelo seu pai. Era Ayrton. Nascia uma amizade duradoura, que se aprofundou cada vez mais ao longo da vida de Senna.
Sua carreira no kart foi impecável, diz a família. Seu traçado de corrida era feito de milímetros. Ele sempre tentava melhorar seu tempo a cada volta e fazia as curvas com perfeição, quase tombando o kart para alcançar o limite da sua força centrífuga. Fazia as curvas com repetida e incrível precisão e quase não cometia erros. Ele apenas mudava o seu traçado quando outro piloto ameaçava ultrapassá-lo.
Para muita gente, Senna foi um jovem gênio que, aos poucos, reinventou a arte de pilotar o kart. Como era canhoto, costumava pilotar com a mão esquerda , enquanto manuseava o motor atrás com a mão direita. Ele criou um estilo sempre costumava dizer que o período do kart foi a fase do aprendizagem mais importante. Ficou dezessete anos fazendo isso- dos quatro anos de idade até a sua última tentativa de conquistar o título mundial de kart em 1982.
