Testes na Fórmula 1; A PRIMEIRA DISPUTA DE 1984.

Ayrton Senna, testes na Fórmula 1 - 1984

A primeira disputa de 1984: o Grande Prêmio Ayrton Senna.

O campeão da Fórmula 3 fez testes na Williams, McLaren e Brabham, mas acabou fechando com a Toleman, que lhe deu o posto de primeiro piloto.

Muito antes do primeiro Grande Prêmio de 1984, marcado para 25 de março no Rio de Janeiro, a Fórmula 1 já vivia as emoções de uma acirrada disputa. Algumas das maiores equipes da categoria estavam nessa disputa, travada tanto nas pistas quanto nos bastidores. Todas estavam de olho no mesmo troféu: a contratação da maior revelação do automobilismo mundial dos últimos tempos, o brasileiro Ayrton Senna.

Em 1983, ainda com a temporada da Fórmula 3 em andamento, o jovem piloto havia sido cotado por algumas escuderias interessadas em ver seu desempenho no comando de um carro de Fórmula 1. Era público e notório que o próximo passo da carreira de Senna, naturalmente, deveria se ingressar na categoria já no ano seguinte – mas dentro dos tempos que havia planejado. Só assumiria um cockpit na Fórmula 1 se as condições lhe fossem favoráveis.

FAÇANHA DE PRINCIPIANTE

Ayrton Senna pilotou pela primeira vez um Fórmula 1 no circuito de Donington Park, na Inglaterra, no dia 19 de julho de 1983, a convite da Williams. A equipe disponibilizou a ele o carro reserva de Keke Rosberg, porém com um motor de testes e pneus menos aderentes do que os normais. Ao todo, foram 83 voltas e uma façanha: o novo recorde do circuito para carros de motor aspirado, 1m0s09, um segundo mais rápido que o anterior.

Estou impressionado com o Ayrton. Eu já sabia que ele é um excelente piloto e já estava fazendo todo o possível para tê-lo na Williams no ano que vem. Mas ele superou totalmente minha expectativa, já que correu com pneus que não são de classificação nem de corrida e, além disso, o carro apresentou problemas de freio, afirmou um admirado Frank Williams.

Ayrton Senna, por outro lado, não parecia tão surpreso. O mais difícil foi superar a ansiedade de sentar num Fórmula 1. Me senti tranquilo durante todo o teste e, a medida que ia me acostumando com o carro, fui confirmando o que já tinha pra mim há muito tempo: o modo de guiar um Fórmula 1 é basicamente um mesmo que guiar um kart, logicamente multiplicado por uma velocidade que é assustadoramente maior.

SILVA-STONE

No dia 27 de outubro, apenas quatro dias depois de se sagrar Campeão Britânico de Fórmula 3, Ayrton esteve em Silverstone para testar a McLaren. Primeiro, pilotou o carro de John Watson; depois, o de Niki Lauda. Ao final do teste, mais uma vez, os ingleses estavam de queixo caído. Este Ayrton é mesmo um fenômeno. Ele fez um tempo que nem Niki Lauda conseguiu, com os carros nas mesmas condições, declarou Ron Dennis ao jornal O Globo.

No mês seguinte, Senna voltou a Silverstone no cockipit de um Fórmula 1, agora com a Toleman, naquela que seria a primeira experiência com um carro de motor turbo. O brasileiro deu apenas 65 voltas, suficientes para garantir a marca mais rápida da equipe no circuito e também para dispensar os testes do dia seguinte – todos já haviam se dado por satisfeitos com os resultados. Alex Hawkridge, chefe da equipe britânica, ofereceu ali mesmo um contrato para o piloto, que agradeceu e pediu um tempo para pensar.

FIM DA NOVELA

Ainda faltava um teste. Em 14 de novembro de 1983, Senna foi a França para testar a Brabham no circuito de Paul Ricard. A questão é que a vaga na escuderia era vinculada a um patrocínio de peso que bancasse o piloto na equipe algo que Senna não conseguia oferecer, ao contrário de Roberto Guerrero, turbinado pelo dinheiro do café da Colômbia.

E seria o colombiano quem ficaria com o posto, afinal, para resignação de Bernie Ecclestone, chefe da equipe, que havia declarado abertamente sua preferência por Senna. É uma mistura de Lauda com Fittipaldi, sentenciou ao jornal italiano La Gazzetta dello Sport de 16 de novembro.

Williams e McLaren também já estavam com as vagas preenchidas para o ano de 1984; a intenção de ambas era segurar Senna em contrato para colocá-lo como piloto no futuro, algo que não atendia ao brasileiro. Assim, a escolha de Senna acabou pela única equipe que lhe oferecera um contrato para correr, com salário e sem condicionais – e como primeiro piloto, exatamente como ele queria. Welcome to Toleman.

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