GP de MÔNACO 1985; A VITÓRIA DA CAUTELA

Ayrton Senna no GP de Mônaco 1985

Com estratégia conservadora, Alain Prost foi beneficiado pelo erro dos adversários e venceu novamente em Monte Carlo.

Na quarta etapa do Mundial de 1985, o circo da Fórmula 1 movimentava suas lonas para o tradicionalíssimo Grande Prêmio de Mônaco – que, no entanto, tinha uma de suas tradições seriamente ameaçada naquele ano. Piloto-sensação, Ayrton Senna chegava forte ao principado para quebrar uma escrita que vinha sendo mantida por quatro décadas: nunca um brasileiro havia saído de Monte Carlo com troféu de vencedor.

O piloto da Lotus havia subido no topo do pódio em Portugal e só deixou escapar a vitória em San Marino por falta de gasolina nas últimas voltas. Nos treinos livres e de classificação de ambas as provas, porém, Ayrton havia sido soberano – e em Mônaco não seria diferente. Com o tempo de 1m20s450, o brasileiro garantiu sua terceira pole position consecutiva e ainda quebrou o recorde extraoficial da pista, chegando a registrar, na saída do túnel, uma velocidade nunca vista em Mônaco: 285 km/h.

No domingo, 19 de maio, Senna teria companheiro de primeira fila inglês Nigel Mansell, da Williams; atrás deles, Michele Alboreto, da Ferrari, e Eddie Cheever, da Alfa Romeo. Nas apertadas ruas de Mônaco, largar bem e pular na frente era fundamental. Então, se conseguisse escapar incólume da investida do sempre perigoso Mansell, Ayrton poderia ditar o ritmo da corrida.

DE NOVO, QUASE

Foi o que aconteceu…. Até a volta 13. O brasileiro deixou Mansell para trás na largada e resistiu ao assédio de Alboreto, mantendo a primeira colocação. Quando começava a abrir distância para o italiano, porém, a Lotus teve problemas no motor. Mais uma vez, Senna abandonava a prova na ponta – o hino brasileiro teria de esperar ao menos mais um ano para ser tocado no pódio de Monte Carlo.

TROCA-TROCA

A liderança ficou com Alboreto, mas, quatro voltas depois, já tinha novo dono – efeito colateral de um acidente no pelotão intermediário: Nelson Piquet, da Brabham, havia forçado a passagem sobre Ricardo Patrese, da Alfa Romeo; este fechou a porta e causou um acidente que tirou da prova também Niki Lauda, da McLaren, e Teo Fabi, da Toleman. Quando passou pelo local, Alboreto não conseguiu desviar do óleo liberado pelas colisões e rodou; Alain Prost, da McLaren, que havia largado em quinto e já pulara para a segunda colocação, aproveitou para assumir a dianteira.

Alboreto ainda conseguiria retomar a posição, mas, na volta 30, o pneu esquerdo traseiro de sua Ferrari furou, e o italiano foi obrigado a fazer um pit-stop. Com isso, Prost herdou em definitivo a liderança, conquistando assim a 18a vitória de sua carreira.

O esforço de Alboreto foi recompensado com a segunda colocação; Elio de Angelis, da Lotus, completou o pódio. Com isso, manteve a liderança provisória da tabela de classificação, com 20 pontos, seguido por Prost e Alboreto, ambos com 18.

SEM AVENTURAS

Cedo verifiquei que os meus pneus tinham aderência e o carro saía de frente. Com isso, decidi de atacar, esperando tranquilo no meu canto que alguém errasse, disse Alain Prost após a corrida, declaração reproduzida em O Globo de 20 de maio.

Não deu outra. Alboreto mordeu uma zebra e os pneus sofreram as consequências. Acontece que eu também errei, trocando uma marcha, mas a parada de Alboreto para a troca de pneus decidiu a corrida a meu favor. A Fórmula 1 é assim mesmo, principalmente aqui em Mônaco, um circuito sempre estranho e imprevisível. Decidi não me lançar em aventuras, fosse qual fosse a minha posição. Uma estratégia que me levou a vitória.

A dica do francês: como canja de galinha ou consommé, um pouco de cautela não faz mal a ninguém.

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