A CHEGADA Á MCLAREN; DO FLERTE AO CASAMENTO

Ayrton Senna; a chegada á McLaren 1988

Ayrton Senna havia sido apresentado como novo piloto da McLaren para 1988 com a temporada de 1987 ainda em andamento. O anúncio oficial ocorreu ás vésperas do Grande Prêmio da Itália, em um restaurante em Monza, em 4 de setembro de 1987, quando também foi divulgada a parceria da McLaren com a Honda para 1988.

Ambas as notícias já circulavam há semanas, para não dizer meses, nos bastidores da Fórmula 1, mas não podiam ser comentadas pelos envolvidos. Por isso, quando o acordo se tornou público, Ayrton, aliviado e contente, desatou a falar. Encontrei finalmente o que sempre procurei em toda a minha carreira: uma equipe de mentalidade vencedora, onde todo mundo trabalha no mesmo sentido em busca da vitória. A McLaren-Honda vai ser uma potência mundial, afirmou, no relato do correspondente Sérgio Rodrigues, publicado no Jornal do Brasil de 5 de setembro.

Seus novos chefes também não economizaram elogios. Temos sob contrato os dois melhores pilotos do mundo, Ayrton Senna e Alain Prost, afirmou Ron Dennis. Já Creighton Brown lembrou que o namoro com o brasileiro era bem antigo. Parece incrível, mas nós começamos a negociar com a Honda há sete anos, exatamente em 1980. Em Ayrton, também, nós estamos de olho desde antes de ele entrar na Fórmula 1, na Toleman. Os melhores vinhos são os que amadurecem mais devagar, filosofou.

A PRIMEIRA VEZ

De fato, não custa recortar que em outubro de 1983, logo após vencer o campeonato da Fórmula 3 inglesa, Ayrton testou uma McLaren em Silverstone. Sob o olhar atônito de Ron Dennis, o brasileiro melhorou a marca obtida por John Watson, então piloto oficial da equipe, nos treinos classificatórios para o GP da Inglaterra  de Fórmula 1 daquele ano.

Eu me senti muito confiante no carro e ele era extremamente fácil de guiar. A velocidade aqui em Silverstone é muito grande, mas relativamente eu me senti muito á vontade no automóvel. Os resultados foram maravilhosos, melhores até do que eu esperava, afirmou Senna a Reginaldo Leme, da TV Globo. Eu apenas começo a perceber como é que se ganha uma corrida de F1. Está mais no carro do que se ganha uma corrida de F1. Está mais no carro do que se ganha uma corrida de F1. Está mais no carro do que no próprio piloto. Desde que o carro seja rápido, ou mais lento. Mas de uma forma geral eu estou muito contente e acho que foi maravilhoso esse teste.

Como os dois cockíts da McLaren em 1984 já estavam prometidos para Niki Lauda e Alain Prost, Senna acabou indo para a Toleman, e depois para a Lotus. Mas aquele flerte inicial não seria esquecido e viraria casamento.

FATO CONSUMADO

De volta a 1987, após o anúncio de sua contratação pela McLaren, Senna, com contrato a cumprir com a Lotus até o final da temporada, retornou normalmente ás atividades na equipe de Peter Warr. Mas sairia de lá inconformado após o Grande Prêmio da Austrália, quando chegou  em segundo lugar e acabou desclassificado por um erro da equipe.

Depois de cumprir compromissos profissionais com a Honda no Japão, Ayrton retornou ao Brasil e se recolheu de férias por quase dois meses e meio, sem falar sobre automobilismo com a imprensa. Finalmente, no dia 3 de fevereiro de 1988, ele reuniu os jornalistas em São Paulo para sua primeira entrevista coletiva como piloto da McLaren, na qual fez questão, em primeiro lugar, de explicar os motivos da ausência dos microfones.

Com meu crescimento na Fórmula 1, aumentou a exigência de contato com um número cada vez maior de pessoas, no Brasil e no exterior, e o tempo começou a ficar reduzido. Tive que avançar nas horas destinadas a minha privacidade, a ponto de me prejudicar física e espiritualmente, afirmou, dizendo que estava absolutamente esgotado na segunda metade da temporada de 1987. Desde o meio do ano eu não aguentava mais. Só ia contando o número de GPs que faltavam para eu correr. Eu não tive condições de ir ao teste de Estoril em dezembro, nem em outro, secreto, que foi feito este ano. Felizmente, após dois meses e meio sem sentar num carro de corrida, estou pronto para recomeçar.

Agora, então, era para valer. O novo carro só irá ficar pronto para os testes de pneus marcados para Jacarepaguá. Até lá, vamos testar o carro que o Prost já usou no Estoril, sendo superado apenas em milésimos de segundo pela Ferrari de Berger. É impossível falar sobre um carro antes dele ficar pronto, mas, por este resultado, podemos esperar que ele seja competitivo.

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