A ESTREIA NA LOTUS: GOSTINHO DE QUERO MAIS

Ayrton Senna, a estreia na Lotus em 1985

Apesar do frustrante abandono a dez voltas do final, Senna deixou o Rio de Janeiro confiante no carro e na equipe: os frutos não tardariam a aparecer.

A Fórmula 1 não era, por si só, o limite. Ayrton Senna sempre deixou claro que chegar a elite do automobilismo era apenas mais um passo rumo a seu objetivo máximo, o título mundial de pilotos. A temporada na Toleman, o título mundial de pilotos. A temporada na Toleman, em 1984, havia cumprido o papel de ambientar o brasileiro na categoria, com o bônus do pódio em três Grandes Prêmios. Para temporada de 1985, Senna, agora piloto da Lotus, subiu mais um degrau: havia assinado com uma equipe de ponta e recebeu um carro que teria condições de dar a ele vitórias. Sobre título, ainda era muito cedo para dizer, mas tudo começaria a ficar mais claro após a primeira corrida do ano, o Grande Prêmio do Brasil, marcado para o dia 7 de abril.

A Lotus está com um novo modelo, enquanto eu continuo meu período de aprendizado na Fórmula 1. Acho imprevisível apontar-me como um dos favoritos ao título deste ano. Afinal, é o meu segundo ano de Fórmula 1, declarou ao Jornal dos Sports de 5 de abril de 1985.

PARABÉNS

Antes de partir para o Rio de Janeiro, Ayrton, que tinha completado 25 anos em 21 de março, ganhou da patrocinadora John Player Special uma festa na danceteria Poll Music Hall, em São Paulo. Dentro do recinto, todo decorado em preto e dourado, havia música alta e muita agitação.

Não é bem o que mais gosto, mas uma vez por ano não faz mal, brincou o aniversariante, conforme o relato do Jornal do Brasil de 24 de março. De qualquer forma, era uma oportunidade para o piloto receber as demonstrações de carinho dos fãs. Sinto que eles me passam uma força muito grande e isso é gostoso. É diferente do dia da corrida. No autódromo, não dá para sentir tanto o apoio do público porque a gente fica preocupado com os problemas da corrida, com o carro e tudo mais.

LOTUS VOADORA

O alto astral pegou a ponte aérea e desembarcou no autódromo de Jacarepaguá, onde a Lotus 97T de Senna e de Elio de Angelis tiveram uma excelente performance na sexta e no sábado. A expectativa era alta para o dia da corrida: o brasileiro só ficou mesmo na bronca com os retardatários que o atrapalharam na volta rápida e impediram uma melhor posição no grid de largada. Infelizmente tem piloto que não usa o espelho retrovisor e acaba atrapalhando os outros, declarou ao Jornal do Brasil de 7 de abril. Mas tudo bem, O importante é que o carro está bem e, se conseguir dar uma boa largada e explorar todo o potencial nas retas, acredito que possa ficar entre os primeiros e quem sabe subir no pódio.

Foi por pouco. Durante a corrida, a Lotus 97T rendeu menos que o esperado nas retas, impedindo que Ayrton se aproximasse da McLaren de Alain Prost e da Ferrari de Michele Alboreto, que dispararam nas duas primeiras posições. Ainda assim, o pódio teria vindo caso uma falha elétrica não obrigasse a abandonar faltando pouco mais de dez voltas para o final. Fiz uma boa largada como pretendia. Acabei caindo para o quarto lugar porque o Nigel Mansell, que não é piloto mas um kamikaze, jogou seu carro sobre o meu e tive de frear para não bater. A partir daí, procurei poupar o carro e manter a posição, o que consegui, afirmou, lamentando seu inesperado fim de corrida. Realmente, foi muito azar.

ESPERANÇA

De todo modo, Senna seguia confiante. Para a etapa seguinte, o Grande Prêmio de Portugal, o piloto acreditava que teria mais chances: com retas pequenas e curvas curtas, a pista de Estoril favorecia os motores de menor potência, como o da Lotus.

Aqui no Brasil, as retas são relativamente grandes e a maioria das curvas, longas, de raio acentuado.

Durante a prova, vi o Rosberg passar por mim como se estivesse pilotando um avião e o Lauda se aproximar da reta, pois no miolo eu andava melhor ou igual a ele, afirmou ao Jornal dos Sports ainda nos boxes, logo depois da prova. E ali mesmo aproveitou para cravar uma ousada previsão, estampada com todas as letras no Jornal do Brasil de 8 de abril de 1985.

No autódromo de Estoril, daqui a 16 dias, a vez será da Lotus.

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