ACIDENTES DENTRO E FORA DO CARRO; BRUXA SOLTA

Ayrton Senna a Peraltada no México 1991

No espaço de uma semana, Senna levou 20 pontos na cabeça após cair de jet-ski e capotou perigosamente a McLaren no México.

Não era segredo que, Ayrton Senna, qualquer tipo de descanso ficava melhor se envolvesse algum tipo de velocidade. Entre seus hobbies preferidos estavam em controlar aeromodelos, pilotar karts e andar de jet-ski. Nenhum deles, claro, tinha a rapidez de um Fórmula 1, mas isso não significava que o piloto estivesse fora de perigo ao praticar algum desses passatempos em seus escassos momentos livres.

A uma semana do Grande Prêmio do México, em um período de descanso em Angra dos Reis, Senna resolveu dar um passeio de jet-ski em frente ao seu condomínio Portogalo, onde ficava a sua casa de veraneio. Um amigo, pilotando outro jet-ski, fazia companhia a ele. De acordo com o relato da assessoria de imprensa do piloto, Ayrton desequilibrou-se e caiu no mar; o amigo que o acompanhava não conseguiu desviar e bateu com o jet ski na cabeça de Senna. Levado para o pronto-socorro de uma clinica na cidade de Angra, recebeu 20 pontos na parte de trás da cabeça.

Ao embarcar para a América Central, o bicampeão confirmou que havia sofrido o acidente, mas garantiu que não ficaria fora da prova – na verdade, sua liberação dependeria do exame de Sid Watkins, médico da Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (Fisa). O piloto preferiu não mostrar aos jornalistas o local do corte, mas afirmou que fizera uma tomografia computadorizada e que nada sério havia constatado pelos médicos. Ao ser perguntado se pretendia dar um tempo no hobby, Senna foi rápido na resposta. Não. Mais perigoso do que um carro de Fórmula 1 ou um jet-ski é andar nas ruas de São Paulo.

CAPACETE ESPECIAL

Para a prova na Cidade do México, a Rheos, a empresa japonesa responsável pelo fornecimento dos capacetes de Ayrton Senna, fez alterações no equipamento a ser usado pelo brasileiro da McLaren. A fim de aliviar a pressão do capacete sobre o ferimento – o peso da peça era de aproximadamente 1,5 kg, o técnico responsável retirou parte da espuma da proteção interna sobre o local.

O local dói, não é nada grave, mas é sempre bom esperar. Sei que vai doer, mas minha vontade de correr é muito grande. Sei que vai ser desconfortável, mas quero ver se posso dirigir, se vou estar em boas condições, afirmou Senna já em solo mexicano, em 13 de junho de 1991. No mesmo dia, o piloto já recebia o sinal verde do doutor Watkins. Agora é só acelerar.

ACIDENTE NA PERALTADA

O que não estava nos planos era o susto que Senna levaria no dia seguinte, 14 de junho, no primeiro treino de classificação. A 2 minutos do final da sessão, o bicampeão protagonizou um acidente potencialmente perigoso na curva Peraltada, a mais perigosa do circuito.

Ayrton vinha a cerca de 280 km/h quando perdeu o controle do carro na pista; a McLaren saiu de traseira em direção á caixa de brita, que não foi suficiente para parar o carro. A McLaren então bateu na proteção dos pneus, que estavam soltos. Enquanto os pneus se espalhavam com o choque, o carro capotou e pousou de ponta-cabeça.

Para alívio generalizado, Senna logo emergiu de debaixo da McLaren. O brasileiro estava bem, apenas com uma leve tontura. Eu entrei muito rápido num lugar em que se usa a quinta marcha. Mas eu entrei em sexta, porque estava com alguns problemas no câmbio. Quando fui reduzir só com uma mão no volante, o carro bateu no chão e eu perdi o controle, explicou após o treino.

A caixa de brita não ajudou a parar o carro. É uma curva de ângulo e a área de escape está num lugar que faz pouco efeito. Precisava ser muito maior.

No dia seguinte, já totalmente recuperado, o piloto revelou mais alguns detalhes dos momentos seguintes á batida. Afirmou que reviu a cena pela televisão e que o episódio não foi tão grave assim. E lamentou o fato de o acidente ter prejudicado o que seria uma possível pole. Tentei usar tudo pois sabia que a volta era muito boa. Infelizmente, o carro tocou numa saliência da pista no exato instante em que tirei a mão do volante para reduzir de sexta para quinta. E aí não deu para fazer nada. Mas já superei o susto e vou brigar pela vitória.

A vitória não veio, mas Senna não achou de todo ruim o terceiro lugar. Acho que o importante para mim hoje, meu pensamento principal, foi me manter na luta pelo campeonato. Mudou o segundo colocado, mas a minha vantagem para o Patrese ainda é de 24 pontos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *