APRESENTAÇÃO DA TEMPORADA DE 1990; GUERRA DE NERVOS

Ayrton Senna e Gerhard Berger apresentação temporada 1990

Agora companheiros na Ferrari, Prost e Mansell se uniram contra Senna em declarações que acirrariam a disputa nas pistas.

Oficialmente, o Campeonato Mundial de 1990 começaria apenas em 11 de março, com a realização do Grande Prêmio dos Estados Unidos, no circuito de Phoenix. Mas, desde o início do ano, em uma das mais frenética movimentações de bastidores da história da Fórmula 1, já havia ficado muito claro qual seria o tom daquela temporada: a Ferrari usaria toda as armas, dentro e fora da pista, para superar Ayrton Senna e a McLaren e reconquistar o título da categoria máxima do automobilismo.

Nos anos 1980, nenhum dos pilotos da escuderia de Maranello chegou ao final da temporada como campeão, o último a conseguir o título havia sido o sul-africano Jody Scheckter, em 1979. Para acabar com esse tabu que já durava uma década, os italianos haviam montado uma dupla de peso, fisgando da McLaren o tricampeão mundial Alain Prost para fazer companhia a Nigel Mansell.

Mas a Ferrari não parou por aí. A pedido do francês, a equipe abriu os cofres para fazer, também da McLaren, o estrelado engenheiro Steve Nichols, responsável por cuidar do carro de Senna em 1989. Para os bons entendedores, não havia dúvida: a guerra estava declarada.

METRALHADORAS GIRATÓRIAS

Caso alguém ainda não tivesse compreendido, porém, Prost e Mansell fizeram questão de esclarecer quem era o alvo, concedendo declarações cada vez mais belicosas a respeito do brasileiro da McLaren.

Ao ser premiado pela agência France Presse como um dos destaques esportivos de 1989, Alain Prost direcionou seus ataques a Senna. Ele é arriscado e valente, mas também é um grande mentiroso. Tenho pena de Gerhard Berger, que vai conviver com ele na McLaren, disparou o francês, que vai conviver com ele na McLaren, disparou o francês, que ainda cutucou Ron Dennis – outro desafeto que deixou na antiga escuderia – ao dizer que o chassis da Ferrari era o mais perfeito que já teve em mãos.

Nigel Mansell foi pelo mesmo caminho: a cada entrevista, aproveitava para aumentar a guerra de nervos contra Senna, que, de acordo com o inglês, era um piloto que não suportava bem a pressão.

Ele é inteligente e se coloca numa posição em que pode demonstrar sua habilidade sem desafios sérios. Eis porque muitas pessoas acham que ele é muito melhor do que qualquer outro, o que não é verdade. Senna é um grande piloto, mas há três ou quatro de nós que podem fazer exatamente o mesmo que ele e até melhor, em alguns aspectos, declarou á revista inglesa Autosport.

Ele não pensa duas vezes em fechar a porta ou botar alguém para fora da pista. Quando se está dirigindo perto de um sujeito assim, é preciso estar disposto a tudo, garantiu.

Era uma declaração no mínimo curiosa, já que essa era a impressão de dez entre dez especialistas não sobre Senna, mas sobre Mansell.

TRABALHO EM SILÊNCIO

Por outro lado, Ayrton Senna e McLaren não se dignaram a responder os ataques vindo fa trincheira ferrarista. Até porque, nos primeiros meses de 1960, suas atenções estavam direcionadas para outro front de batalha: nos tribunais, contra a Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (Fisa) e seu autoritário presidente Jean-Marie Balestre.

A instituição havia punido Senna por uma suposta irregularidade – cortar a chicane – na volta á pista no Grande Prêmio do Japão, desclassificando-o da prova e aplicando uma multa de 100 mil dólares. A decisão da McLaren de recorrer da punição resultou em uma represália da Fisa, que ameaçou, primeiro, bloquear a inscrição da equipe no campeonato de 1990, e, depois, não conceder a superlicença a Senna, impedindo-o de correr a temporada ao lado de Berger.

No final, tudo se resolveu. Porém, com tantos contratempos fora do âmbito técnico e esportivo, a McLaren teve o cronograma atrasado: seu novo carro – o MP4/5B, projetado por Neil Oatley – foi apresentado apenas no final de fevereiro. Aquela altura, as rivais já estavam a todo vapor testando os carros. Mas quem sabe os últimos não seriam os primeiros?

 

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