FISA LIBERA SENNA PARA CORRER EM 1990: FIM DA NOVELA

Ayrton Senna liberado pela Fisa, para correr a temporada de 1990

Ayrton estava de fora da primeira lista de inscritos para o Mundial mas uma rápida negociação o colocou oficialmente de volta á disputa.

Foi um capítulo final de tirar o fôlego para uma novela que durou quase cinco meses. No dia 16 de fevereiro, de uma vez por todas, Ayrton Senna recebeu a superlicença e teve sua inscrição confirmada pela Fisa como o primeiro da McLaren para a disputa da edição de 1990 do Campeonato Mundial de Fórmula 1.

Durante cerca de 90 minutos, porém, o brasileiro esteve de fora da competição: por volta das 11h da manhã, horário de Brasília, a entidade divulgou a primeira lista dos 35 inscritos para o torneio, e quem aparecia ao lado de Gerhard Berger como representante da McLaren era Jonathan Palmer, piloto de testes da equipe inglesa, não Senna.

Junto á lista, a Fisa havia emitido um comunicado em que explicava a ausência de Ayrton. Depois de largas conversações com Senna e Ron Dennis nos últimos dias e horas, a Fisa, em que pese sua paciência e compreensão, lamenta chegar á conclusão de que Ayrton Senna está em situação irregular e por isso se vê obrigada a recusar sua solicitação de superlicença, dizia o texto, que ainda criticava o comportamento arrogante do brasileiro e que insinuava a possibilidade de uma ação judicial contra ele por danos causados á imagem da entidade. A Fisa havia condicionado a emissão da superlicença a um pedido de desculpas de Senna – o que não aconteceu.

Porém….. Uma hora e meia depois, a lista foi renovada, agora contando com o nome de Ayrton ao lado de Berger.

Ao mesmo tempo, o escritório de Ayrton em São Paulo recebia da Fisa a seguinte mensagem, por telefax: Estamos enviando-lhe a superlicença e desejando muito sucesso em um campeonato que promete nos propiciar uma bela temporada, durante a qual você terá condições de dar completa expressão ás qualidades de campeão que ninguém nega que você possui.

SEM DESCULPAS

Toda a bizarra situação foi esclarecida por Senna aos jornalistas em uma entrevista coletiva, ainda na tarde de 16 de fevereiro. Ao contrário da versão que Balestre alardeava de que Senna teria finalmente recuado e se desculpado por suas declarações anteriores contra ele e a Fisa, Ayrton garantiu que houve apenas um entendimento entre as partes, imediatamente após a divulgação da primeira lista.

Foi quando Ayrton enviou á entidade uma protocolar nota em inglês, de conteúdo brevíssimo, suficiente apenas para resolver a questão e atender a todos os interesses.

Caro presidente: No curso da reunião do Conselho Mundial da Fisa que foi realizada em  de dezembro de 1989, ouvi declarações e testemunhos de diversas pessoas, as quais, devo concluir, constituem a prova de que nenhum grupo de pressão, nem o presidente da FIA influíram nas decisões referentes aos resultados do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 1989, afirma a nota.

A inscrição de Senna foi fruto de negociações entre Ron Dennis e Bernie Ecclestone, presidente da Associação dos Construtores da Fórmula 1 ( Foca, na sigla em inglês), com a Fisa. Afinal, a organização do campeonato também teria um prejuízo incomensurável com a ausência de uma das maiores estrelas do esporte. Quando o bom senso e o equilíbrio não prevalecem é preciso ter flexibilidade para chegar a uma solução, justificou. Respeito muito os profissionais que trabalham comigo, os milhões de espectadores da Fórmula 1 e os altos investimentos dos patrocinadores.

A VEZ DOS PROTAGONISTAS

Com isso, ficava cancelada também a suspensão de seis meses com sursis, imposta a Senna ano anterior. Essas dificuldades trouxeram desgaste, tensão, estresse. Muita coisa. Mas também a convicção de que isso me fortaleceu para iniciar uma nova fase de minha carreira, explicou. Agora posso recuperar o tempo perdido. Minha convicção é a de ser fiel aquilo que faço. Nunca mudei minha posição e com isso ganhei mais determinação. Foi o bom senso que decidiu por nós, garantiu o brasileiro, para quem todo o processo ainda serviu de alerta para o esporte, que precisava ouvir mais seus verdadeiros protagonistas.

O direito de livre-pensamento e da palavra deve ser respeitado, sentenciou Ayrton. Felizmente, houve um final de paz e harmonia.

 

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