AYRTON SENNA APRESENTAÇÃO DA TEMPORADA DE 1992; VENTOS DE RENOVAÇÃO

Ayrton Senna apresentação temporada de 1992

Com apenas um campeão mundial na lista de inscritos, a Fórmula 1 assistia ao surgimento de uma nova geração de pilotos promissores.

Há muito tempo o elenco de pilotos da Fórmula 1 não passava por uma renovação tão grande quanto na temporada de 1992. E para além da tradicional chegada das caras novas – desta vez eram seis estreantes, em uma lista tão heterogênea quanto curiosa, chamava também a atenção do público o virtual desaparecimento dos grandes medalhões da categoria. Dentre os 32 pilotos inscritos para a competição, apenas um deles ostentava o título de campeão mundial, justamente o defensor do troféu, Ayrton Senna.

E mais. Dessa lista, somente seis apresentavam uma vitória em seu currículo: além de Senna, Gerhard Berger (McLaren), Nigel Mansell e Ricardo Patrese (Williams), Thierry Boutsen (Ligier) e Michele Alboreto (Footwork). Este último, aliás, vencera pela última vez no já longínquo ano de 1985, quando ainda pilotava uma Ferrari.

Diante de tudo isso, Senna e Mansell, mais uma vez, eram os favoritos á conquista do título – o Leão, especialmente, beneficiado pelo desempenho cada vez melhor da Williams equipada com a suspensão ativa e o motor Renault V10. Pela mesma razão, o regular Patrese também chegava com boas cotações. Já Berger, assim como Ayrton, esperava que a McLaren e a Honda trabalhassem dobrado para deixar seus carros em condições de competir de igual para igual com a escuderia azul e branca.

ADEUS DUPLO

Em relação a temporada anterior, eram os campeões mundiais que desfalcariam o grid de largada das 16 provas marcadas para acontecer entre 1a de março (o Grande Prêmio da África do Sul, de volta ao calendário) e 8 de novembro (o Grande Prêmio da Austrália).

O primeiro deles, em um adeus que parecia definitivo: Nelson Piquet. Sem encontrar espaço nas grandes equipes, o carioca optou por pendurar as luvas. Já o caso de Alain Prost parecia ser mais um até logo. Demitido da Ferrari por problemas de relacionamento no fim da temporada de 1991, o francês era cobiçado por diversas equipes, que, por questões contratuais, não poderiam lhe oferecer já em 1992 uma vaga. Especulava-se que Williams e McLaren teriam proposto a ele uma opção de contrato para 1993, na prática pagando para que Prost ficasse de fora na temporada que se iniciava. Nada se concretizou. E assim, apesar de ter sido cotado também na Ligier, o Professor não correu em 1992.

HORA DE PROVAR O POTENCIAL

A ausência dos pesos-pesados não significava, porém, que Senna, Mansell, Berger e Patrese teriam vida fácil. Em 1992 entrava em cena um numeroso pelotão de pilotos promissores – alguns até com certa rodagem na Fórmula 1, mas que apenas naquele momento ganhavam a chance de pilotar carros competitivos.

Michael Schumacher, claro, encabeçava essa lista. O alemão de 23 anos havia dado indícios de seu enorme talento nas últimas provas da temporada anterior, mas 1992 seria o primeiro ano que ele começaria o campeonato do início, pela Benetton. A seu lado na forte escuderia italiana estaria o não menos veloz Martin Brundle, rival de Ayrton Senna nos tempos de Fórmula 3 inglesa. De carreira errante na categoria máxima do automobilismo, o britânico de 32 anos, que antes havia passado apenas por equipes pequenas, recebia a grande oportunidade de sua carreira.

A Ferrari vinha com Jean Alesi e Ivan Capelli mas, diante da bagunça reinante na Scuderia, ninguém sabia ao certo, como as rossas se comportariam na temporada. Já a Lotus prometia um carro mais confiável para Mika Hakkinen, outro prodígio das categorias inferiores, campeão da Fórmula 3 inglesa em 1990.

INCÓGNITAS

Entre as novas atrações do circo da Fórmula 1, algumas não traziam garantia de velocidade ou de bons resultados na pista, mas eram suficientemente midiáticas. A March, por exemplo, entregou um de seus carros ao piloto francês Paul Belmondo, 28 anos, filho do famoso ator Jean-Paul Belmondo.

Outra novidade na lista de inscritos era a presença de uma mulher: a italiana Giovanna Amati, convocada de última hora pela Brabham após o japonês Akihiro Nakaya não ter conseguido a superlicença. Aos 32 anos, ela também não tinha grande experiência no mundo do automobilismo.

Contrabalanceando essa dupla, chegava á categoria um novato de sobrenome conhecido e de currículo impressionante: o brasileiro Christian Fittipaldi, sobrinho do bicampeão Emerson e filho de Wilson Barão Fittipaldi, ex-piloto e antigo chefe da Copersucar. Em 1991, Christian havia vencido o campeonato europeu de Fórmula 3000, superando o italiano Alessandro Zanardi em uma emocionante disputa. Aos 20 anos, seria o caçula da categoria, correndo pela Minardi. Mas alguém duvidava de que ele poderia fazer um papel de gente grande? Era acelerar para ver.

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