AYRTON SENNA E MICHAEL ANDRETTI NA MCLAREN TEMPORADA 1993 DE F1

Ayrton Senna e Michael Andretti temporada de F1 1993

Senna flertou com ano sabático e Fórmula Indy, mas se acertou com Ron Dennis ás vésperas da estreia e decidiu seguir correndo pela McLaren. Mistério com final feliz.

Um filme de suspense digno de Alfred Hitchcock e estrelado por Ayrton Senna da Silva. É assim que os cinco meses que separaram o final da temporada de 1992 do início do campeonato de 1993 poderiam ser classificados. A definição sobre o futuro do tricampeão mundial na Fórmula 1 foi uma longa-metragem envolto em mistério, traições, reviravoltas e surpresas – mas que, para os fãs de Fórmula 1, terminou com final feliz. Sem a tão sonhada vaga na Williams, a chance de Senna parar de correr, mesmo que temporariamente, nunca havia sido tão real. Entretanto, um acordo costurado na última hora com Ron Dennis garantiu mais uma participação de Ayrton no campeonato mundial a bordo de uma McLaren.

A história começou com o muito polêmico e pouco secreto acordo da Williams com Prost, que incluía um veto do francês á contratação de Senna. Frank Williams foi obrigado a compactuar com os termos pela pressão discreta, porém eficiente, da também francesa Renault, fornecedora de motores da equipe. Senna tentou reverter o veto até o limite do possível, mas não conseguiu. Quando essas coisas acontecem, eu penso que não posso desistir, porque é isso que meus adversários querem.

O problema é que, sem a Williams e com os dois cock-pits da Benetton – o segundo melhor carro da categoria – já ocupados, Senna dependia de melhorias na McLaren para seguir na Fórmula 1. Enquanto Ron Dennis buscava parceiros para preparar um carro competitivo, o brasileiro dava pistas de que estava disposto a trilhar outros caminhos. Em dezembro de 1992, testou um Fórmula Indy nos Estados Unidos. E, em janeiro de 1993, garantiu que a situação envolvia muito mais do que uma boa máquina.

Para continuar na Fórmula 1, é fundamental que eu esteja movido para dirigir. Não basta um bom carro. Hoje tenho responsabilidades maiores perante a equipe e os milhões de torcedores em todo mundo.

Senna só foi testar o novo McLaren MP4/8, agora equipado com motor Ford, em março de 1993, a menos de duas semanas do Grande Prêmio da África do Sul, estreia da temporada. Suas primeiras impressões foram muito boas. Com o carro aprovado, Senna e Dennis deram início á negociação comercial – que não seria tão simples assim, com uma sensível diferença entre o que Senna pretendia receber e a oferta de Ron Dennis. As partes não chegaram a um consenso antes do fim de semana da primeira prova, e assim, optou-se por um contrato por corrida, até que se definisse um acordo de longo prazo. O importante foi que, na primeira luz verde da temporada, Ayrton Senna estava na pista. A seguir, um resumo das novidades das principais equipes para o campeonato de 1993.

WILLIAMS

A equipe defensora do título mundial de construtores perdeu o piloto campeão do ano anterior, Nigel Mansell, mas certamente seu cockpit estava em boas mãos com o tricampeão Alain Prost, apesar de toda a polêmica que envolveu sua contratação antecipada. Na pré-temporada, tudo aconteceu exatamente como o francês havia planejado durante seu ano sabático. Sua pressão para a Williams não contratar outro piloto de peso surtiu efeito o novato Damon Hill acabou sendo o escolhido, e assim, todos os esforços da equipe seriam direcionados para empurrá-lo rumo ao quarto título mundial. Não que Prost precisasse de grandes regalias: com um companheiro de equipe quase café com leite e um carro muito superior ao da concorrência, o caminho para o tetracampeonato estava aberto.

BENETTON

Depois de anos como coadjuvante, a escuderia anglo-italiana entrava na temporada de 1993 com a esperança de brigar pelo título – um sonho, ao menos na teoria, embasado na realidade. O modelo B193 era equipado com o motor Ford V8 HB oficial, de desenvolvimento exclusivo, projetado e desenvolvido por Rory Byrne, Pat Symmonds e Ross Brown.

Nos comandos dos bólidos estavam o veterano Riccardo Patrese e o jovem Michael Schumacher, que já havia dado mostras suficientes de seu talento e agora prometia brigar com Prost e Senna pelas primeiras colocações. Nos testes em Estoril, a Benetton do alemão andou muito perto da Williams de Prost, apenas três décimos de segundo abaixo. Será que a Fórmula 1 veria o surgimento de uma nova força?

FERRARI

Sem vencer uma corrida há mais de duas temporadas a última havia sido em setembro de 1990, no Grande Prêmio de Portugal, com Nigel Mansell, a Ferrari tirou Gerhard Berger da McLaren com as promessas de um carro para brigar pela ponta do campeonato. Mas os testes com o modelo F93A foram uma tremenda decepção, a tal ponto de o austríaco ter afirmado sem rodeios que o carro estava longe de ser competitivo. Restava ao projetista John Barnard correr contra o tempo para aprontar uma nova versão em que a supensão ativa fosse minimamente eficiente. Para desespero dos torcedores italianos, tudo indicava que o tabu não seria quebrado em 1993….

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *