AYRTON SENNA GP DA HUNGRIA 1990; SEGUNDO LUGAR COM GOSTINHO DE VITÓRIA

Ayrton Senna GP da Hungria 1990

Na corrida em que a sorte parecia conspirar contra Ayrton Senna, o brasileiro driblou as adversidades e alcançou um excelente resultado em Budapeste.

O duelo pelo título do Mundial de Fórmula 1, mais uma vez, era um braço de ferro entre Ayrton Senna, da McLaren, e Alain Prost, da Ferrari. Apesar disso no Grande Prêmio da Hungria, décima etapa da temporada de 1990, era bem possível que os protagonistas da briga pelo título ficassem como coadjuvantes. O circuito de baixa velocidade e pista abrasiva nivelaria as equipes, permitindo que escuderias como Benetton e Williams tivessem chance real de vitória. Surpresas já haviam acontecido no ano anterior, quando o pole foi Ricardo Patrese, da Williams – a primeira do italiano em seis anos, e a vitória ficou com Nigel Mansell, da Ferrari, que largou da 12a posição, corrida maluca que o inglês considerou uma das melhores da carreira, senão a melhor.

Diante disso, Senna e Prost sabiam que uma boa posição no grid de largada era fundamental, já que o traçado com 13 curvas permitia pouquíssimas chances de ataque. O que aconteceu com Nigel Mansell no ano passado foi exceção; Por isso, vamos nos concentrar nos treinos para largar nas primeiras filas, afirmou Cesare Fiorio, chefe da Ferrari. Senna tinha a mesma opinião. Largar atrás nesta pista será um problema. Só há um ponto de ultrapassagem, no final da reta. Além disso, correndo atrás o risco de sair do trilho de borracha e sujar os pneus será maior.

PROGRESSO NO SÁBADO

Se a questão era sair na frente, o brasileiro, recordista de poles na categoria, levava absoluta vantagem ainda que, em 1990, sua performance no quesito não vinha sendo tão avassaladora quanto no ano anterior. Com problemas repetidos no acerto dos pneus de classificação, Ayrton havia conquistado apenas cinco das nove poles possíveis em 1990, deixando quatro delas com os adversários. Na temporada inteira de 1989, como comparação, a pole lhe escapara somente em três oportunidades, foram nada menos do que 13 poles em 16 provas.

E o primeiro treino de classificação em Hungaroring, na sexta-feira, já mostrou que a parada de fato seria dura para os postulantes ao título. Ayrton conseguiu apenas o oitavo tempo: 1m20s389, enquanto Alain Prost ficou na sétima colocação, com 1m20s309. Essa pista é muito crítica em relação a pneus e acerto. Não consegui bom tempos na classificação, afirmou o brasileiro, que acreditava precisar baixar pelo menos 2 segundos para ter chances de largar no primeiro pelotão, o melhor tempo do dia havia sido de Gerhard Berger, com 1m18s127.

No sábado, Senna alcançou sua meta, chegando a 1m18s162. O problema é que a Williams se superaram e ocuparam as duas posições da primeira fila: Thierry Boutsen na pole, com 1m17s919, seguido por Ricardo Patrese, com 1m17s955. De qualquer forma, Ayrton estava satisfeito, não apenas com a grande melhora no acerto do carro, mas também com o fato de que Prost largaria da oitava posição. Os três carros á minha frente não estão em luta direta pelo título, explicou. Hoje não é a quebra de recordes que interessa, mas o campeonato.

SUPERAÇÃO NO DOMINGO

A corrida, realizada em 12 de agosto de 1990, começou pouco auspiciosa para Ayrton Senna. Quando parou sua McLaren no grid de largada, um vazamento de água no radiador o obrigou a mudar, de última hora, para o carro reserva, equipado com um motor menos potente que o titular e com o qual só havia dado uma volta. Já na largada, o brasileiro perdeu duas posições, para Mansell e Jean Alesi, da Tyrrell. Na 21a volta, Ayrton ultrapassou Alesi e retomou a quinta posição. Reação? Que nada. Na volta seguinte, o brasileiro precisou parar no box: pneu furado.

Quando parecia que tudo estava perdido, a maré virou. Senna era o nono colocado, mas diversos carros que estavam á sua frente abandonaram – caso de Prost, que rodou na pista, e de Alesi, que bateu no retardatário Pierluigi Martini, da Minardi. Na volta 37, Ayrton ultrapassou Nelson Piquet, da Benetton, e assumiu a sexta colocação. E então pisou fundo em uma última tentativa de se aproximar dos líderes. Funcionou: a reação do brasileiro foi espetacular.

Ficaram atrás Mansell, Patrese e Nannini – esse último em uma ultrapassagem ousada do brasileiro. Apenas Boutsen cruzou a linha de chegada á sua frente. Piquet, 27 segundos atrás de Senna, completou o pódio.

Antes de vir para a Hungria, esperava uma corrida duríssima. Achava que a Ferrari venceria aqui e eu não chegaria nem entre os três primeiros, admitiu Ayrton. Nada como estar errado de vez em quando.

 

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