AYRTON SENNA GP DE MÔNACO 1991; QUATRO POR QUATRO

Ayrton Senna vence o GP de Mônaco 1991

Na quarta etapa do Mundial, Senna conquistou a quarta pole e venceu pela quarta vez, um feito inédito em inícios de temporada na Fórmula 1.

Robert de Niro, Alain Delon, Brooke Shields…. e Ayrton Senna. O bicampeão mundial de Fórmula 1 começou a semana do Grande Prêmio de Mônaco de 1991 em muito boa companhia: na segunda-feira, 6 de maio, o brasileiro foi, ao lado das estrelas de cinema, um dos convidados de honra da cerimônia de premiação do troféu TeleGatti, reservado aos destaques do ano na TV italiana. Escalado para entregar uma das estatuetas, Ayrton se viu aclamado pelo público da Velha Bota, que sonhava em vê-lo pilotando uma Ferrari. O piloto retribuiu o carinho da plateia, dizendo que a torcida italiana era sensacional e fez um afago á escuderia do Cavallino Rampante, garantindo que as rossas estavam bem. A questão é que ele e a McLaren atravessavam um momento extraordinário.

Sobre a situação da Ferrari, havia controvérsias. Mas sua última afirmação era incontestável. Com três vitórias nas três primeiras provas do campeonato – Estados Unidos, Brasil e San Marino, Senna chegava ao Principado em busca de uma façanha inédita em toda a história da Fórmula 1: jamais um piloto havia conquistado poles e vitórias consecutivas nas quatro iniciais da temporada.

E tinha mais. Caso lograsse esse feito, o brasileiro automaticamente alcançaria outras duas marcas pessoais históricas. Ao sair na frente no grid de largada em Mônaco mais uma vez, Ayrton se igualaria ao argentino Juan Manoel Fangio como o recordista de poles no circuito: nada menos do que cinco. E caso recebesse a bandeira quadriculada ao final da prova, Senna conquistaria sua quarta vitória em Monte Carlo, alcançando o mesmo número de triunfos de Alain Prost. Á frente deles estava apenas Graham Hill, apelidado Mister Mônaco, vencedor da prova em cinco oportunidades.

A IMPORTÂNCIA DO CÂMBIO

Nesse circuito, o câmbio é fundamental. A pista não admite erro. Qualquer falha aqui é fatal, pois o guard rail fica muito próximo, principalmente nas saídas da curva, onde as rodas ficam a apenas 2 centímetros da mureta, explicou Senna, que, inclusive, convenceu os engenheiros da McLaren de que o mais indicado para a prova seria usar um câmbio de cinco marchas, em vez de seis.

Isso porque a sexta marcha era engrenada em apenas dois pontos do circuito: com a sua ausência, a perda de velocidade final seria pequena, totalmente compensada pela diminuição do esforço, tempo, desgaste e preocupação com o acionamento do câmbio de cinco marchas, seriam 312 mudanças de marchas a menos, considerando a 78 voltas da corrida. Uma economia nada desprezível.

No primeiro treino, na quinta-feira, Ayrton já havia feito a melhor marca, com 1m21s222. Ricardo Patrese, da Williams, e Alain Prost, da Ferrari, ficaram respectivamente com a terceira e a quarta posição, ambos 1,5 segundo atrás do brasileiro.

Todos melhoraram seus tempos na última sessão de classificação, no sábado. Mas ainda assim nenhum deles bateria a marca de Senna – apenas o próprio, que venceu a batalha contra o relógio e diminuiu seu tempo para incríveis 1m20s344. Essa foi a pole mais importante do ano, porque largar na frente em Mônaco é decisivo, afirmou, para depois completar que, sim, ainda havia margem para melhora. Eu poderia ter sido um pouco mais rápido se não tivesse errado uma marcha na subida do casino, ainda com o primeiro jogo de pneus. Por uma fração de segundo, o carro ficou bobo e perdi um tempo imenso.

Ao seu lado na primeira fila, uma surpresa: Stefano Modena, da Tyrrell, que cravou 1m20s809. Na sequência do grid de largada vinham Patrese, Nelson Piquet, da Benetton, e Nigel Mansell, da Williams. Gerhard Berger e Alain Prost caíram para a quarta fila, largando na sétima e oitava posições.

SEM OLHAR PRA TRÁS

Talvez seja um exagero dizer que conseguir a pole foi a parte mais difícil do fim de semana de Senna no principado. Mas a verdade é que Ayrton aproveitou a primeira posição para fazer uma excelente largada no domingo, 12 de maio de 1991 e ainda contou com Stefano Modena para segurar a concorrência dos pilotos da Williams e Ferrari e abrir preciosos segundos de vantagem nas voltas iniciais. Isso foi mais do que suficiente para que o brasileiro, sem sobressaltos, vencesse de ponta a ponta mais um Grande Prêmio de Mônaco.

A largada como eu esperava, foi decisiva. Saí bem, cheguei na frente na curva Saint Devote e aproveitei. Tive de usar mais atenção do que esperava, pois o Modena pressionou nas primeiras voltas, mas aos poucos fui abrindo. Minha intenção era ganhar alguns segundos logo no começo, uns dois ou três, apara a eventualidade de errar alguma marcha, o que nesse circuito é muito fácil acontecer. Mas não aconteceu – não com Senna, que, ao final da prova, disparou na liderança do campeonato, com 40 pontos. Seu concorrente mais próximo era Alain Prost, com apenas 11 pontos. O tricampeão mundial, isso sim, agora parecia fácil de ser conquistado. Ou não?

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