AYRTON SENNA GP DO MÉXICO 1991; A WILLIAMS ENTRA NA BRIGA

Ayrton Senna GP do México 1991; A Williams entra na briga

Equipada com o potente motor Renault, a equipe inglesa deixou a Ferrari para trás e se tornou o grande obstáculo ao tricampeonato de Ayrton Senna.

Ainda no início de maio, ás vésperas do Grande Prêmio de Mônaco, Ayrton Senna já havia cantado a bola: as Williams estavam em franca ascensão e seriam suas principais rivais na sequência da temporada de 1991. Para mim, quem vai andar muito é a Williams, porque os motores Renault têm muito torque. Além disso, Patrese e Mansell são pilotos muito agressivos, disse.

Em Mônaco, a habilidade do piloto brasileiro nas ruas do principado garantiu a pole e a vitória. Contudo, na corrida seguinte, o Grande Prêmio do Canadá, e escuderia de Frank Williams mostrou toda sua força. Ricardo Patrese e Nigel Mansell conseguiram os dois melhores tempos no treino e monopolizaram a primeira fila; Senna, que até então havia conseguido as quatro poles da temporada, teve de largar em terceiro.

A equipe só não saiu de Montreal com a vitória porque o carro de Mansell, então líder disparado da prova, sofreu um quebra misteriosa na última volta – oficialmente, um problema no câmbio. A vitória então caiu no colo do segundo colocado, Nelson Piquet.

Dessa forma, a expectativa para os treinos do Grande Prêmio do México, a ser disputado no dia 16 de junho de 1991 no autódromo Hermanos Rodríguez, era de uma ótima performance das Williams. Na corrida, porém, era impossível saber: apesar da potência do motor Renault, o carro ainda era um tanto instável em situação de prova. Está sendo igualzinho a Montreal, afirmou Patrese após a primeira sessão de classificação. Eu sou capaz de fazer uma volta voadora, mas na corrida não dá para saber o que vai acontecer.

NUEVO RECORD

A volta a que se referia o italiano estabeleceu um novo recorde entre os treinos no circuito mexicano: 1m16s696. A marca anterior era de Ayrton Senna, 1m16s990, e havia sido alcançada em 1986, com a Lotus também equipada com um motor Renault, porém turbo.

Com a chuva caindo forte no sábado antes, durante e depois do treino, os tempos da sexta-feira acabaram definindo o grid de largada da corrida. De novo, a Williams ocupou toda a primeira fila, com Patrese e Nigel Mansell – o tempo do inglês, 1m16s978, também superou o antigo recorde de Senna, O brasileiro ficou com a terceira posição 1m17s264, quase 1 segundo á frente do quarto colocado, Jean Alesi 1m18s129, e de seu companheiro de equipe, Gerhard Berger, o quinto 1m18s156, uma proporção que indicava a superioridade de Senna em relação aos demais rivais, pilotos da Williams á parte.

MAGO E MESTRE

Ao término da corrida no México, a Williams pôde celebrar o resultado do trabalho desenvolvido desde o Grande Prêmio do Japão do ano anterior, quando a equipe estreou os novos chassis. Acertos na aerodinâmica, no câmbio semiautomático e no motor finalmente se pagaram. Não por ocaso, Patrese e Mansell fizeram a dobradinha em Hermanos Rodríguez, com seus carros se mostrando superiores á concorrência, algo que foi admitido não apenas por Ayrton Senna, o terceiro colocado da prova, mas também por Ron Dennis, chefe da equipe da McLaren.

O ritmo de Patrese e Mansell era muito forte, e eu não tinha carro para acompanhá-los. Por isso, fiz uma corrida cautelosa, para chagar ao fim. Se eles não tivessem problemas, seria o terceiro. Se tivessem, poderia ganhar uma ou duas posições, resignou-se Ayrton. Ricardo está de parabéns, pois fez um trabalho excelente, não só durante a corrida, mas em todo o fim de semana, E Nigel lutou muito. Fizemos uma briguinha interessante pelo segundo lugar e foi ótimo. Mas ele realmente tinha o carro mais no chão.

FESTA ITALIANA

Com o triunfo no México, Ricardo Patrese, 37 anos e 214 grandes prêmios disputados – recorde entre os pilotos daquela temporada, chegava á quarta vitória de sua carreira e á vice-liderança do Mundial, com 20 pontos, contra 44 de Ayrton Senna. Depois das quatro vitórias do Ayrton no começo da temporada, eu decidi que não ia mais pensar no campeonato até as coisas mudarem. Hoje, as coisas mudaram, vibrou o veterano piloto, que, de forma um tanto repentina, se via entrando em definitivo na briga por seu primeiro título mundial de pilotos.

Seu entusiasmo era compreensível. Mesmo tendo feito uma má largada – caiu da pole para a quarta posição, o italiano fez uma corrida de recuperação perfeita, ultrapassando inclusive seu companheiro de equipe, o sempre indomável Nigel Mansell, e venceu com autoridade, controlando o assédio do Leão nas voltas finais. Talvez o maior dos elogios a seu desempenho tenha vindo de um jornal italiano, que, na segunda-feira, manchetou: Patrese, uma vitória á la Senna.

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