AYRTON SENNA NASCIDO PARA CORRER

Ayrton Senna nasceu para correr e vencer

Ayrton Senna parece mesmo que nasceu para dirigir carros de corrida e vencer.

O título acima diz tudo. Talvez nem fosse preciso escrever mais a respeito de Ayrton Senna. O mundo inteiro já sabe disso, que ele nasceu para correr, uma vez que o período em que o nosso tricampeão de Fórmula 1 atuou já havia o forte esquema de transmissão das provas pela televisão ao vivo. Suas qualidades ímpares de piloto transpareciam a cada imagem e no Brasil atraía cada vez mais telespectadores.

Muito já se escreveu sobre a habilidade inata de Senna, mas, um fato desconhecido, antes de ser piloto da categoria mais nobre do automobilismo, é que, quando chovia, depois da escola ele ia diretamente ao kartódromo só para treinar com seu kart em pista molhada. O que revela que é preciso mais do que nascer com jeito para dirigir rápido. É preciso uma grande determinação, a perseguição de um objetivo com um afinco tal que dificilmente se encontra nas pessoas, especialmente em uma atividade como automobilismo de competição.

O PAI NOTOU

Talvez seu pai, Sr. Milton, cedo tivesse detectado esse talento desde cedo no primeiro filho homem. Talvez pelo jeito como o menino, ainda aos quatro anos de idade, dirigia para cima e para baixo o carrinho de pedal, feito á imagem de um Jeep Willys. Curiosamente, o jipinho – um brinquedo, afinal de contas – tinha pintado no capô, apenas a título de decoração e caracterização, o símbolo do Exército brasileiro, as cinco estrelas do Cruzeiro do Sul, como nos veículos de verdade daquela força militar. Teria aí começado o sentimento de amor ao país, o mesmo que levaria Senna a desfraldar a bandeira nacional logo após cruzar a linha de chegada como vencedor do GP de Detroit de 1968? Quem pode afirmar que não?

DIRIGIR SIM, PILOTO NÃO

Embora, segundo Ernesto Rodrigues em seu livro Ayrton O Herói Revelado (2004, Editora Objetiva), o pai Milton gostasse muito de corridas de automóveis, nunca lhe passou pela cabeça que seu filho se tornaria um piloto de competição, muito menos piloto de Fórmula 1. Naquele tempo, meados dos anos 1960, o teatro europeu de corridas era algo muito distante dos brasileiros, quase um outro mundo. Mas, por outro lado, é possível que o Sr. Milton achasse que o pequeno jipe a pedal não fosse mesmo nada mais que um brinquedo e que seu filho mais velho merecia mais. Por isso, tratou de mandar construir na sua empresa metalúrgica, com as facilidades inerentes a ela, tanto de ferramentas como de mão de obra, um kart para o pequeno Ayrton.

O motor era do tipo estacionário, para acionar máquinas e vários equipamentos. O carro até que andava alguma coisa, especialmente para uma criança de apenas quatro anos, pois atingia perto de 60 quilômetros por hora. Muito mais do que bicicletas e carrinhos de rolimã, o kart que Milton construiu se aproximava dinamicamente dos karts utilizados em corridas oficiais.

DOMÍNIO DO KART

Ayrton dominava o bólido com uma habilidade que surpreendia a todos. Sabia parar o kart que tinha freio a disco. Quando guiou pela primeira vez o veículo que seu pai construiu, quem assistiu ficou impressionado com o domínio que o menino tinha, como se possuísse uma vasta experiência ao volante do pequeno veículo motorizado, não apenas um iniciante na arte de dirigir. Por puro instinto – só pode ser – o jovem Senna já sabia corrigir uma derrapagem dando contra-esterço, isto é, virando o volante para o lado da escapada, algo que muitos motoristas adultos, há muitos motoristas adultos, há anos habilitados, não sabem fazer.

Da rua, diante da casa da família no bairro de Santana, zona norte da capital paulista, Milton passou a levar o filho para andar de kart em espaços maiores e livres de trânsito, buscando maior segurança, aproveitando os fins de semana e os feriados. A turminha de Senna, formada basicamente pelas crianças das famílias das casas vizinhas, sempre ia junto. Mas o local preferido acabou sendo um loteamento novo, não muito longe da residência, chamada Palmas do Tremembé. Foi ali que Senna enfrentou o seu primeiro adversário, um menino já na adolescência, mas que sempre era derrotado, pois pensava muito mais que o pequeno Senna de apenas seis anos de idade. Nos karts e em carros de corrida peso sempre faz a diferença, e isso Senna cedo aprendeu.

Assim, os anos foram passando, Senna cresceu, mas sempre esteve ás voltas com o kart que seu pai construíra e que ele adorava. Com o tempo foi ficando, até certo ponto, mais independente, pois seu pai deixava de acompanhá-lo sempre com os amigos nas saídas para andarem de kart, delegando a vigilância ao motorista da família.

Apesar de gostar imensamente de pilotar, Senna começou a frequentar uma oficina mecânica que pertencia ao pai de um amiguinho, quase sempre com o pretexto de lubrificar os rolamentos do kart, mas acabava ficando lá várias horas ás voltas com os carros e vendo os mecânicos trabalharem. Senna parecia mesmo gostar tanto disso quanto pilotar seu kart.

INTERESSE QUE RENDEU FRUTOS

Esse interesse de uma criança de apenas sete anos por mecânica de automóveis haveria de render frutos quando Senna passasse a fazer parte do círculo internacional de corridas de automóveis, em especial da Fórmula 1.

O interesse de Senna pelas quatro rodas não se resumia ás do kart. Era também pelos automóveis de verdade, demonstrando uma precocidade fora do comum para isso. Tinha apenas oito anos quando foi flagrado pela polícia dirigindo uma enorme perua Chevrolet Veraneio nas ruas de Itanhaém, no litoral sul do Estado de São Paulo, onde a família tinha uma casa de praia para passar os fins de semana e as férias. Foi escoltado – na verdade conduzido – por um delegado que também passava férias na cidade até sua casa, para a surpresa dos seus pais, Milton e Neyde. Mais espantados ainda quando a autoridade disse ter pensado em um primeiro momento que o carro estava sem motorista, tão pequeno que era Senna.

Por tudo isso é que fica claro que Ayrton Senna da Silva nasceu para correr. Seu interesse em dirigir ainda com pouca idade, combinado com um gosto extraordinário pela mecânica dos automóveis, são pormenores que não deixam nenhuma dúvida sobre isso.

Seu progresso rápido no automobilismo só pode ser atribuído a esse traço, não único, porém difícil de encontrar naqueles que aspiram chegar ás categorias topo do automobilismo de competição.

A CARREIRA DE SENNA

1973 –  Passa á categoria Júnior no kart

1977 – Campeão sul-americano de kart

1980 – Vice-campeão mundial de kart

1981 – Campeão inglês de Fórmula Ford 1600

1982 – Campeão inglês de Fórmula Ford 2000

1983 – Campeão inglês de F3

1984 – 1* temporada na Fórmula 1, com a Toleman

1985 – 1* vitória na Fórmula 1, GP de Portugal, com a Toleman

1988 – Campeão mundial de pilotos de F1, com a McLaren

1990 – Bicampeão mundial de pilotos, com a McLaren

1991 – Tricampeão mundial de pilotos, com a McLaren

 

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