AYRTON SENNA VENCE O GP DE MÔNACO 1993; A COROAÇÃO DE UM REI

Ayrton Senna vence o GP de Mônaco 1993

Com o sexto triunfo em Monte Carlo, Senna superou Graham Hill e tornou-se o recordista isolado de vitórias na prova mais tradicional da Fórmula 1.

Ás vésperas de correr pela primeira vez no Grande Prêmio de Mônaco, Damon Hill deu uma excelente definição sobre a relação de amor e ódio que envolvia boa parte e o tradicional circuito de rua de Monte Carlo. Existe em Mônaco uma grande contradição: teoricamente este não é o lugar ideal para se fazer uma corrida de Fórmula 1, mas na prática é o único em que você realmente fica emocionado ao ver a ação de um carro de Fórmula 1.

O jovem piloto da Williams, por sinal, se posicionava entre aqueles que se sentiam desconfortáveis em correr por lá. Este é o tipo do lugar em que você, sentado no cockpit, sente-se como se estivesse enjaulado. A mim este circuito causa claustrofobia, confessou. Entramos com pé no fundo sem visão alguma do que vamos encontrar na saída. A cada curva o coração vem á boca.

E olhem que Damon levava, ao menos em tese, uma vantagem hereditária, por ser filho de Graham Hill (1929-1975), o primeiro Mister Mônaco, dono de cinco vitórias no principado. Eu não aguento mais essa história de todos quererem ligar minha carreira á deu meu pai, o que em Mônaco é uma obsessão. Por favor, esqueçam isso, exclamou. E por mais que o britânico não quisesse nem ouvir falar em comparações com o pai, era impossível não lembrar, naquele 1993, do lendário Graham e de seu recorde.

Afinal, Graham Hill estaria nas manchetes de uma forma ou de outra ao final da prova: quer sendo ultrapassado por Ayrton Senna em número de triunfos – uma nova conquista do brasileiro seria sua sexta em Monte Carlo -, ou então, em caso de sucesso de Alain Prost, que já contabilizava quatro primeiros lugares, como um dos vértices de um tríplice empate. Nesse caso, Graham Hill, Senna e Prost teriam cinco vitórias em Mônaco

POLE FRANCESA

Teoricamente, a missão mais fácil era de Prost, que pilotava a Williams sempre favorita e havia conseguido se recuperar na disputa pelo campeonato – vencera as duas corridas anteriores, em San Marino e na Espanha, e recuperara a liderança da tabela, que estava nas mãos de Senna.

O francês, de fato, conseguiu com facilidade mais uma pole position, sua sexta consecutiva na temporada, precisando de apenas três voltas para registrar a insuperável marca de 1m20s557. A seu lado na primeira fila estaria Michael Schumacher, da Benetton, que cravou 1m21s190. Extraindo tudo de sua McLaren, Senna conseguiu o terceiro tempo, 1m21s552, á frente de Hill, 1m21s825.

Serei muito agressivo. É duro ser o terceiro no grid, um problema e tanto. Vou ter de mandar ver e o problema é que o carro ainda está difícil de dirigir, afirmou o piloto brasileiro, preocupado.

TRANQUILIDADE INESPERADA

No domingo da corrida, 23 de maio de 1993, as coisas não saíram exatamente como Senna havia previsto, o que, dessa vez, foi excelente para ele. Não foi preciso pilotar no limite para vencer: graças aos erros de Prost e Schumacher, Ayrton herdou a vitória que coroou, definitivamente, como o primeiro e único Rei de Mônaco.

O sonho de Prost alcançar a quinta vitória no principado começou a acabar antes mesmo do sinal verde. Precipitado, o francês queimou a largada e, como punição, foi obrigado a parar por 10 segundos no box. Lá, cometeu mais dois erros, deixando o motor morrer duas vezes, perdendo segundos irrecuperáveis. Prost retornou á pista na 22* colocação, e, apesar de ter feito uma excelente corrida de recuperação, a liderança era um objetivo inalcançável. O francês terminou na quarta colocação, a uma volta de Senna.

Schumacher pagou pela inexperiência. Líder absoluto na ausência de Prost, com uma distância confortável para o então vice-líder Ayrton, o alemão não tirou o pé do acelerador e seguiu forçando demais sua Benetton. Resultado: na 33* volta, uma falha na suspensão ativa deixou o jovem piloto a pé.

Depois disso, Senna, soberano, não deu margem a ninguém. Com competência e tranquilidade nas quase 45 voltas seguintes, levou sua McLaren á bandeira quadriculada. A performance foi tão perfeita que fez até mesmo Damon Hill, o segundo colocado na prova, ignorar o próprio pedido e trazer por conta própria a lembrança de Graham Hill para a conversa.

Tenho certeza de que, se estivesse aqui, meu pai seria o primeiro a dar-lhe os parabéns. É uma honra que o seu recorde tenha sido superado por um piloto como Senna.

Aceleraaa com a gente Balaclava F1.

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