AYRTON SENNA VENCE O GP DO CANADÁ 1990; CONTRA OS PROGNÓSTICOS

Ayrton Senna vence o GP do Canadá 1990

Mesmo com a pista em condições muito adversas, corrida em Montreal foi um deleite para os espectadores e terminou com dobradinha brasileira.

Antes de começarem os treinos para o Grande Prêmio do Canadá de 1990, a preocupação nos boxes da Fórmula 1 era com as já conhecidas ondulações do circuito da ilha de Notre Dame, em Montreal. Quando os pilotos chegaram á pista, no entanto, descobriram um novo e inesperado problema: uma fina camada de terra que se espalhava por todo o asfalto dificultava a aderência e levantava uma nuvem de poeira, prejudicando a visibilidade.

A razão de toda a sujeira era quase surreal. A prefeitura de Montreal estava construindo uma praia artificial no São Lourenço ao lado do autódromo; sendo o traçado do Gilles Villeneuve um misto de pista de rua com circuito permanente, os caminhões passavam sobre o asfalto e deixavam um rastro de terra e areia, que a limpeza na manhã seguinte não conseguia eliminar completamente.

Isto aqui é um escândalo, disparou Alain Prost, da Ferrari, que fez um protesto formal ao diretor de prova. Esta é uma pista seletiva, difícil e perigosa. E do jeito que está, suas condições mudam a cada segundo, porque há terra demais na pista e as ondulações são exageradas. Ayrton Senna, da McLaren, concordou. Aqui, o carro bate no chão e perde o equilíbrio facilmente. Além disso, há poeira em excesso e é muito fácil dar algumas escapadas. Dei várias, porque a aderência em alguns momentos ai a zero.

CHUVA AMEAÇADORA

Mesmo nessas condições adversas, no primeiro treino, Senna terminou batendo o recorde do ano anterior, provando que vivia uma fase excelente mesmo com a McLaren um tanto instável. O brasileiro cravou 1m20s399, contra os 1m20s973 da pole de 1989 estabelecida por Prost, então na McLaren. Atrás de Ayrton, ficou seu companheiro de equipe Gerhard Berger (1m20s465), seguido por Prost (1m20s826) e os dois pilotos da Benetton, Alessandro Nannini (1m21s302) e Nelson Piquet (1m21s568).

Qualquer tentativa de melhorar o tempo no sábado foi inviabilizada pela forte chuva que caiu em Montreal. A melhor marca do último treino classificatório foi a de Nelson Piquet, 1m27s124, ou seja, 7 segundos mais lenta que o tempo de Senna. Com isso, as posições do grid de largada foram mesmo definidas pelos tempos de sexta.

E os pilotos já se preocupavam com a possibilidade de uma intempérie similar na hora da corrida. Com todas as ondulações da pista este ano, se chover amanhã, como choveu ano passado, ou essa corrida é cancelada ou veremos muitos carros no muro, afirmou Senna no sábado. Virou uma grande loteria.

CORRIDA COM ( C ) MAIÚSCULO 

No fim das contas, a chuva veio antes da prova para molhar a pista, mas de uma forma que não estragou a disputa, ao contrário, deixou-a emocionante como há muito não se via.

Aconteceu de tudo um pouco: belas ultrapassagens (como as de Nelson Piquet e Nigel Mansell sobre Alain Prost), batidas impressionantes (o forte choque de Thierry Boutsen, da Benetton, com Nicola Larini, da Ligier) e rodadas cinematográficas (entre elas a de Alessandro Nannini e de Jean Alesi, da Tyrrell).

De tranquila. apenas a vitória de Ayrton Senna. O brasileiro manteve-se á frente de Berger na largada, mesmo com o austríaco queimando o sinal verde. A infração custaria o acréscimo de 1 minuto no tempo final de Berger: quando Senna recebeu a informação de que o companheiro de equipe seria punido no final da prova, respirou aliviado: ninguém mais estava em condições de lhe tirar a vitória. Da metade para o fim, puxei o trem de pouso, diminuí o ritmo para garantir o resultado, comemorou Senna.

BRASIL-SIL-SIL

Com segundo lugar de Nelson Piquet, formou-se no pódio de Montreal uma dobradinha brasileira. Os mais supersticiosos encararam o resultado como um bom presságio para as chances do País na Copa do Mundo da Itália, que, coincidentemente, começaria naquele mesmo dia para a Seleção. A  estreia canarinho foi boa: vitória de 2 a 1 sobre a Suécia. Mas o sonho do tetracampeão durou exatas duas semanas. O time treinado por Sebastião Lazaroni classificou-se em primeiro lugar de seu grupo, mas foi eliminado logo nas oitavas da final pela Argentina de Maradona.

O título mundial teria de vir mesmo na Fórmula 1.

 

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