No primeiro ano na Lotus, Ayrton Senna encantou pela rapidez, mas foi aconselhado por muitos especialistas a controlar seu ímpeto.
Foi um bom começo de conversa. Com essas palavras, Ayrton Senna definiu sua primeira temporada ao volante de uma Lotus. Em 16 corridas disputadas, o brasileiro registrou duas vitórias, dois segundos lugares e dois terceiros, marcando 38 pontos e terminando o campeonato em quarto lugar. Alain Prost, da McLaren, Michele Alboreto, da Ferrari, e Keke Rosberg, da Williams á sua frente.
Ayrton poderia ter ido mais longe caso não tivesse sofrido com tantos problemas no carro: no total, precisou abandonar sete vezes. Ainda assim, seu desempenho não deixou dúvidas de que a categoria estava diante de um futuro campeão mundial.
Coloquem o Senna numa McLaren e ele chegará logo ao topo, disparou o ex-piloto Clay Regazzoni, agora comentarista de televisão na Itália, antes da corrida de Spa-Francorchamps. ( Regazzoni, como se vê, tinha vocação para profeta. Em 1974, havia apresentado ao comendador Enzo Ferrari um jovem chamado Niki Lauda. Este menino ainda nos dará muitas alegrias.
O MAIS RÁPIDO
Nos treinos de classificação, Ayrton Senna reinou absoluto: foram nada menos do que sete pole positions. Alain Prost e Keke Rosberg, os segundos colocados nesse quesito, terminaram a temporada com apenas duas cada.
Em uma análise estatística de boa temporada do brasileiro, o jornal italiano Corriere della Sera publicou, em novembro de 1985, um levantamento feito pela Olivetti com as voltas de todos os treinos e corridas de 1985.
Os números mostraram que Senna foi o piloto que liderou por mais tempo a distância: 271 voltas, em um total de 1.327,642 km. A seguir, vieram Keke Rosberg, 227 voltas e 999,155 km, e Alain Prost, 175 voltas, 825,450 km.
Na soma dos tempos de classificação das 16 corridas, Ayrton também foi o mais rápido, com um total de 22m12s275. Longos seis segundos depois, vinha Rosberg com 22m18s792. Prost registrou 22m21s615.
A Olivetti também computou as melhores voltas de cada piloto em cada uma das corridas, e novamente Senna ficou com a melhora marca: 23m59s546. Rosberg, desta vez, veio logo atrás, com 24m00s076. Alboreto foi o terceiro, com 24m29s164.
O MAIS DISCUTIDO
Mas enquanto o talento de Senna jamais foi colocado em dúvida ao longo de seu segundo ano de Fórmula 1, houve, em diversos momentos da temporada, discussões sobre seu comportamento deveras arrojado ao volante, especialmente após os erros em Detroit e Adelaide, creditados por muitos a uma falta de maturidade ou a um ímpeto excessivo.
Ele é muito bom, sua única falha é que está ansioso demais para vencer, afirmou Rosberg após o Grande Prêmio da Austrália. Nesse negócio de Fórmula 1, é preciso ter calma, esperar os momentos certos para fazer as coisas certas.
Ayrton concordou, ao menos em parte, com a análise. O equilíbrio entre o arrojo e a frieza é o meu objetivo para chegar á vitória e, quem sabe, ao título de 1986, declarou, em entrevista coletiva na sede do Banco Nacional, em 27 de novembro de 1985. Agora, esse negócio de dizer que sou precipitado é fofoca. São comentários que só envolvem os que correm na frente. Os que estão sempre atrás nunca incomodam….