Assim como Mansell no ano anterior, Alain Prost venceu a temporada pela Williams e anunciou seu adeus da categoria mais rápida do automobilismo.
Se a temporada de 1992 tinha sido marcada pela dominância das Williams, a temporada de 1993 não foi diferente. E se a temporada de 1992 terminou com a aposentadoria do campeão mundial, a temporada de 1993… também. Nessa espécie de déjávu automobilístico, Alain Prost repetiu o caminho trilhado por Nigel Mansell no ano anterior e decidiu pendurar as sapatilhas do circo da Fórmula 1. O anúncio foi feito antes do Grande Prêmio de Portugal, antepenúltima corrida da temporada, quando o francês estava ás vésperas de se consagrar tetracampeão mundial, o que de fato ocorreria em Estoril.
Vou abandonar a Fórmula 1 depois da corrida de Adelaide. Esta foi para mim uma decisão muito difícil. Tive que pensar muito. É uma ideia que foi amadurecendo durante a temporada. Tive longas conversas com a Renault e com Frank Williams. Acho melhor para mim e para a equipe que o anúncio seja feito o mais rapidamente possível. É difícil partir. Mas estou decidido, afirmou Prost.
Quando deixei a Ferrari, no fim de 1991, pensei seriamente que era um bom momento para largar tudo. Depois, experimentei o motor Renault e achei que poderia me divertir. Nas primeiras corridas da temporada, foi tudo bem. Mas logo comecei a me aborrecer, a não ver sentido naquilo que estava acontecendo.
FIM DA LINHA
De acordo com Prost, a decisão era fruto de uma soma de razões, a começar por uma própria evolução da função do piloto, cujas responsabilidades profissionais longe dos circuitos se acumulavam cada vez mais – algo que se chocava com sua personalidade reservada. Sempre procurei separar a vida nas corridas da vida particular. Hoje, porém, isso é difícil. Você não quer trabalhar muito fora da pista, mas é obrigado. Trabalho para a Renault, para Elf, enfim, para os patrocinadores.
As exigências físicas para cumprir esse papel também foram um fator levado em consideração por Prost, que havia completado 38 anos em fevereiro de 1993. Não creio que seja um problema mental, porque se você tem realmente interesse na vida, a velhice pode ser ainda mais rica que a juventude. Para uma pessoa como eu, o problema é o hábito de uma forte atividade física, o que se torna impossível com o passar dos anos.
Talvez por isso, o adeus de Prost aos cockpits era mesmo definitivo – ao contrário de Mansell, que deixou a Fórmula 1, mas continuou sua carreira como piloto na Indy. De acordo com o francês, a única chance de ele voltar á principal categoria do automobilismo seria como dirigente. Penso ter uma equipe, mas não quero que seja aventura. Se não conseguir formar uma equipe de ponta, encerro o capítulo Fórmula 1, afirmou, garantindo que uma de suas condições para topar essa empreitada seria a formação de um time totalmente francês. Há um jovem francês, chamado Jean Alesi, que eu gostaria de ter comigo, porque tem coragem e talento para ser campeão do mundo.
CURRÍCULO DE RESPEITO
Alain Marie Pascal Prost estreou na Fórmula 1 em 1980, pela McLaren. Em 1981, aceitou a proposta para defender as cores da equipe Renault Elf, alcançando sua primeira vitória na categoria – no GP da França de 1981 – e também seu primeiro vice-campeonato, em 1983. Um ano depois, voltou á McLaren. Em 1984, terminou a temporada novamente em segundo lugar, meio ponto atrás do companheiro de equipe Niki Lauda; em 1985, porém, não deu chances á concorrência e venceu seu primeiro título mundial, façanha que repetiria em 1986.
Conquistou o tri em 1989, ainda pela McLaren, no auge da rivalidade com Ayrton Senna; no ano seguinte, partiu para a Ferrari. Depois de duas temporadas entre tapas e beijos com a Scuderia – mas sem o tão sonhado mundial, tirou um ano sabático em 1992 e retornou para assumir a Williams de outro mundo, equipada pelo motor Renault, o que de certa forma foi uma volta ás origens.
Isto foi o que me deixou mais satisfeito e me impede de fazer comparações com os títulos anteriores. Meu relacionamento com a equipe durante todo este ano foi excepcional. E incluo Damon Hill, porque não é muito comum uma ligação perfeita entre os companheiros.
E, dessa forma, o francês encontrou o momento ideal para sair de cena. As pessoas são insaciáveis. Se ano que vem ganhasse o quinto título e anunciasse que iria abandonar as pistas, certamente haveria alguém para me dizer: mas justo agora, que você poderia ganhar pela sexta vez e superar Fangio? Estou satisfeito com o que fiz. Estou há 20 anos nas pistas. Já venci muito. Saio satisfeito.
Aceleraaa com a gente, Balaclava F1.