GP DA ALEMANHA 1989; VITÓRIA NO TUDO OU NADA

Ayrton Senna vence o GP da Alemanha 1989; Vitória do tudo ou nada

Em uma corrida eletrizante, Senna ultrapassou Prost a duas voltas do final e manteve vivo o sonho do bicampeonato mundial.

Programado para 30 de julho de 1989 em Hockenheim, o Grande Prêmio da Alemanha marcava o início da segunda metade da temporada de Fórmula 1. E embora faltassem ainda oito provas para o encerramento do campeonato, Ayrton Senna já não tinha mais margem de erro. Era preciso tirar o atraso acumulado nas quatro corridas anteriores – Estados Unidos, Canadá, França e Inglaterra, nas quais o brasileiro não havia pontuado. A partir de agora, toda e qualquer colocação obrigatoriamente entraria na contagem: com cinco provas já passadas em branco, Ayrton havia chegado ao número total de descartes permitidos pelo regulamento.

Alain Prost, por sua vez, havia conquistado três vitórias nas últimas quatro corridas e abriu 20 pontos de vantagem na tabela de classificação. A situação do francês era tão confortável que, ao término da prova na Inglaterra, em que Senna teve de abandonar por problemas com a caixa de câmbio pela terceira vez consecutiva, ele fez um comentário irônico ao comentar o fato de que não havia enfrentado dificuldades semelhantes em sua McLaren. Ayrton é duro de mecânica.

SUSTO

No GP da Alemanha, a McLaren estrearia um novo câmbio transversal, esperança de Senna para a sequência da temporada. Sabendo que precisaria partir para o tudo ou nada, Senna pisou fundo desde o treino livre da manhã de sexta-feira, e um acidente perigosíssimo quase lhe custou a participação na corrida. Quando ia encostar o pé no freio, toquei a roda traseira na zebra e o carro subiu e deu um giro de 360 graus antes de bater na barreira de pneus. O local do acidente é muito veloz, e devia estar a uns 300 km/h. Foi mesmo um erro estúpido, admitiu.

Para o treino oficial da tarde, porém, o campeão estava recuperado. E mesmo saindo para a pista a apenas 20 minutos do término da sessão, o trabalho dos mecânicos para reparar o carro após o acidente da manhã acabou sendo longo, Ayrton fez um tempo absolutamente sensacional: 1m42s300, um segundo mais rápido do que a marca de Alain Prost (1m43s306) e quase 2 segundos inferior ao tempo da Ferrari de Nigel Mansell (1m44s020). Cesare Fiorio, diretor esportivo da equipe italiana, lamentava por antecipação a provável pole de Senna. Andamos quase no máximo. Esse é o limite do nosso carro, resignou-se.

No sábado, como esperado, ninguém conseguiu superar a marca estabelecida pelo brasileiro, nem mesmo o próprio pole position, que já pensava nos acertos para a corrida, agora com previsão de chuva. Trabalhamos estes dois dias pensando em sol. Com a previsão de chuva, devemos fazer dois acertos para não sermos surpreendidos.

ATÉ O FIM

No final das contas, a meteorologia errou. A chuva não deu as caras em Hockenheim, o que não significou, contudo, menos emoções na Floresta Negra. A largada já foi de tirar o fôlego. Gerhard Berger, da Ferrari, que saía na quarta colocação, sacou da cartola uma manobra ousada: o austríaco passou Mansell, Prost e Senna em uma tacada só e chegou á liderança antes da primeira curva. Ainda na primeira volta, porém, Senna e Prost recuperaram suas posições e iniciaram um acirrado duelo, com o francês pressionando muito o brasileiro.

Na volta 19, quando finalmente havia conseguido ampliar a diferença sobre o rival após o pit de Prost, Senna também foi aos boxes para a troca de pneus, Mas não contava com um erro de equipe, mais especificamente do mecânico responsável pela troca da roda traseira direita do carro, que, inseguro de ter fixado corretamente a roda, preferiu por precaução repetir o processo e fez o tempo total de Senna nos boxes subir para 22s99. Quando o brasileiro voltou á pista, portanto, Prost já havia assumido a liderança.

Era, então, a vez de Senna iniciar a perseguição ao francês. E o brasileiro buscou o limite do carro, marcando, a partir do 32a giro, sete vezes consecutivas a melhor volta da prova. Na Fórmula 1, a oportunidade aparece e você aproveita. Quando saí do box, minha preocupação era manter a frieza, andar rápido e evitar qualquer engano.

Nas últimas dez voltas, comecei a chegar perto de Prost e esperei um erro dele na reta, por menor que fosse. Sem isso, seria muito difícil ultrapassar.

A duas voltas do final, veio a oportunidade. Proporcionalmente por uma tremenda ironia do destino: agora sentindo na pele os problemas da caixa de câmbio da McLaren, Prost não pôde resistir á investida de Senna, que tomou a ponta e partiu para a bandeirada.

Cheguei a engatar a sexta marcha, mas não houve resposta. Senna estava encostando enquanto eu tinha problemas com o câmbio. Era preciso muito cuidado nas freadas, mas a margem de um segundo e pouco era suficiente para vencer, afirmou o francês. Mas o câmbio me traiu a duas voltas do final. Duro de mecânica, professor.

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