GP DA ESPANHA 1989; NADA DECIDIDO

Ayrton Senna vence o GP da Espanha 1989

Apenas a vitória interessava a Ayrton Senna em Jerez, e o brasileiro conquistou com categoria o triunfo que deu sobrevida á esperança de título.

Depois de ser tirado do Grande Prêmio de Portugal pela imprudência, para usar um termo suave – de Nigel Mansell, Ayrton Senna viu suas chances de conquistar o bicampeonato mundial em 1989 diminuírem drasticamente. Em resumo, para não depender dos resultados de Alain Prost, era preciso apenas vencer as três corridas que faltavam: Espanha, Japão e Austrália. Caso vencesse duas delas, poderia chegar até garantir o título com um segundo posto – mas aí precisaria torcer para que Prost não chegasse em terceiro lugar em nenhuma delas. Ou seja….

É quase impossível uma conquista que não depende apenas de meu desejo e de meu esforço. Mas, se tivesse desistido, não estaria aqui. Meu carro não teve a mesma confiabilidade do ano passado. Mas sou do tipo que luta até o fim, afirmou Senna. Ao menos no duelo direto com o francês podia contar com o retrospecto a seu favor. Nas seis corridas que consegui terminar, fui mais rápido do que o Prost, lembrou Senna. Mas o campeonato é o que é, não adianta ficar lamentando.

EM BUSCA DO ACERTO

O negócio era mesmo acelerar, ainda que o palco do Grande Prêmio da Espanha, o circuito de Jerez de La Frontera, não fosse um dos mais velozes do calendário. Seu traçado sinuoso, com poucas curvas de alta velocidade, pista irregular e muito ondulada, fazia com que a potência do motor ficasse, muitas vezes, em segundo plano: um bom acerto do carro poderia fazer a diferença na corrida, marcada para domingo, 1a de outubro de 1989.

Prova disso é que, na sexta-feira, a Minardi-Ford de Pierluigi Martini alcançou o segundo melhor tempo do primeiro treino classificatório, com 1m22s243. Á sua frente, somente Ayrton Senna, que marcou 1m21s855 e, mesmo com a pole provisória, ainda não estava satisfeito com sua McLaren. O carro ainda não está tão bom como nos testes da Hungria, mas espero que a gente consiga isso hoje.

O importante vai ser acertar bem o chassi, porque, com o calor, os pneus perdem a aderência.

DOIS RECORDES 

Para o dia seguinte, porém, tudo se resolveu – e como. Baixando quase 1,5 segundo de seu tempo de sexta, Ayrton cravou uma volta inacreditável para garantir o primeiro posto no grid de largada: 1m20s291. Era o novo recorde da pista, pouco mais de 1 segundo mais rápido do tempo que Senna havia marcado em 1986, com sua Lotus/Renault, que tinha 300cv a mais de potência. De ano para ano, esses carros evoluem uma barbaridade. Por isso, é natural que os tempos continuem baixando, mesmo com motores aspirados, menos potentes que os turbos.

A marca também deu a Senna a 40a pole de sua carreira, ampliando ainda mais o próprio recorde no quesito. Esse recorde de 40 poles era um objetivo que eu havia fixado para mim no início do campeonato, e fico feliz porque terei oportunidade de superá-lo no Japão e na Austrália. Os pneus vão ser um problema, mas o fator mais importante será ter um chassi bem balanceado. Será indispensável manter os pneus em bom estado durante a corrida e, por isso, não adianta andar muito rápido porque o risco é grande de perder a aderência.

DE PONTA A PONTA

Devido á grande vantagem de Prost no campeonato, esperava-se que o francês, já um conservador por natureza, não se arriscasse em qualquer tipo de batalha pela ponta.

A grande ameaça ás vitórias de que Senna precisava prometiam ser as Ferrari, cujo desempenho melhorava a cada prova. Na Espanha, porém, apenas a rossa de Gerhard Berger estaria alinhada no grid: Nigel Mansell teria de cumprir em Jerez a suspensão de uma corrida determinada pela Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (Fisa) após suas atitudes destrambelhadas em Estoril – dar marcha a ré nos boxes, desrespeitar a bandeira preta e por aí vai……..

Berger, de fato, deu trabalho a Ayrton na primeira metade da prova. Mais precisamente, até o austríaco fazer sua primeira parada no box. O brasileiro parou logo em seguida – e, com um bom trabalho da McLaren, retornou a ponta com quase 2 segundos á frente de Berger. A partir daí, Senna aumentou o ritmo e rumou sem custos para sua sétima vitória na temporada. Mesmo tirando o pé nas voltas finais, por causa do desgaste dos pneus, Ayrton finalizou a prova 27 segundos á frente de Berger – e mais 53 segundos de Prost, para quem o terceiro lugar estava de bom tamanho.

Alguém lá em cima quer muito que eu ganhe. A Ferrari do Berger era mais rápida e cheguei a achar que não ia dar para vencer. Mas um força maior quis que eu ganhasse, comemorou Senna. Sim, ainda era possível.

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