GP DE SAN MARINO 1987; EMOÇÕES FORTES PARA A WILLIAMS

Ayrton Senna GP de San Marino 1987

Na sexta-feira, apreensão com o acidente de Piquet na curva Tamburello; no domingo, alívio com a vitória tranquila de Nigel Mansell.

Autódromo Enzo e Dino Ferrari, Imola, 1a de maio de 1987. Sexta-feira. O primeiro treino de classificação se encaminhava para o fim, e os mecânicos  da Williams já começavam a preparar a comemoração; afinal, a real disputa pelo melhor tempo era exclusivamente de seus pilotos. Nelson Piquet, até então, havia sido o mais rápido. com 1m25s997, seguido por Nigel Mansell e seu 1m26s204. Foi quando chegou ao box a informação que deixou toda a Fórmula 1 em sobressalto: na curva Tamburello, o brasileiro perdeu o controle do carro, rodou e bateu no muro, de traseira, a quase 300 km/h.

Milagrosamente, Piquet saiu andando da Williams. Levado ao hospital com tonturas, dor de cabeça e inchaço no joelho direito, o piloto foi avaliado pelos médicos, que não constataram  nada de grave após realizarem uma tomografia da cabeça. De todo modo, Giuseppe Farina, diretor médico da prova, vetou sua participação na corrida. A decisão foi contestada de início por Piquet, que, contudo, teve de acatá-la. No dia seguinte, o brasileiro esteve no circuito para falar com os jornalistas, mas não conseguiu dar muitas informações sobre o acidente. Infelizmente, não posso contar porque não me lembro dele, confessou.

Suspeitava-se que o acidente teria acontecido após um dos pneus ter estourado. Assim, por precaução, a Goodyear, fornecedora de todas as equipes da Fórmula 1 na temporada, recolheu os compostos e os substituiu, já no dia seguinte, por outros vindos da Inglaterra. Mesmo sem se recordar da batida, Piquet garantia que não havia cometido falha alguma. Não posso ter errado naquele lugar. Não chamo nem aquela curva ( Tamburello ) de curva. Aquilo é uma reta torta. Não tem erro.

Só se quebrar alguma coisa, como deve ter acontecido. Infelizmente, com a destruição quase completa do carro, não dá para saber o que houve.

Ayrton Senna compartilhava a mesma visão. Houve algum problema mecânico. Nelson não erraria nunca em um trecho simples como este em que aconteceu o acidente, garantiu o piloto da Lotus. A saída da Tamburello para a Villeneuve é altíssima velocidade – andamos ali de pé colado no chão, o que nos leva a mais ou menos 290 km/h mas para dirigir é muito simples. Acidente ali só ,e só quando quebra alguma coisa no carro.

UMA FAÇANHA

No sábado, Senna surpreendeu a todos – inclusive a si mesmo – e superou Nigel Mansell na briga pela pole position, cravando 1m25s826, contra 1m25s946 do inglês. O percurso até uma possível bandeirada, porém, seria muito mais árduo. Vou tentar largar bem, para fugir daquela pressão dos que vêm babando lá de trás, mas depois não tenho alternativa senão guiar dentro dos limites do meu carro, resignou-se Ayrton. Não adianta sair desembestado e acabar com os pneus ou ficar sem gasolina nas últimas voltas. Se o Prost e o Mansell vierem com tudo para passar, vão passar.

BRIGA BOA

A corrida seguiu o roteiro previsto por Senna. O brasileiro fez boa largada e manteve a ponta, mas na segunda volta foi ultrapassado por Nigel Mansell. Na quinta volta, foi a vez de Alain Prost, da McLaren, tomar sua posição.

Ayrton caiu para o terceiro posto e começou a ser assediado por Michelle Alboreto, da Ferrari.

Com o italiano, porém, Senna comprou a briga – que passou a valer o segundo lugar com o abandono de Alain Prost, ainda no primeiro terço da prova. Ayrton foi ultrapassado por Alboreto na 12a volta, retornou a posição após a parada no box na 25a, perdeu-a de novo na 43a e a recuperou seis voltas depois, mantendo-se á frente do italiano até a linha de chegada. Na segunda etapa da temporada, o primeiro pódio para Senna foi muito comemorado por toda a equipe.

BARBADA

Como esperado, a vitória de Nigel Mansell foi extremamente tranquila. A Williams dava mais uma prova de que era a máquina a ser batida na temporada, mas o inglês não se deixava levar por qualquer tipo de empolgação. Tenho que vencer muito mais se quiser campeão. E ainda tenho pela frente o Prost e o Nelson Piquet, que na próxima prova estará a postos. Ainda há um longo caminho a percorrer. Não posso ter ilusões, já basta o que aconteceu no ano passado, quando perdi o título na última prova.

Piquet, que comentou a prova para a RAI, rede de televisão italiana, não se surpreendeu com a dominância da Williams, cantando a vitória do companheiro por antecipação. Ele só perde se quebrar. E eu que não estou de barbada…..

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