KART NO BRASIL: A GRANDE ESCOLA DE AYRTON SENNA

Kart no Brasil; A grande escola de Ayrton Senna

Mais que uma simples porta de entrada para as competições, a categoria ajudou a desenvolver a técnica do futuro campeão da Fórmula 1.

No começo dos anos 1980, quando despontava nas fórmulas britânicas como o futuro do automobilismo brasileiro, Ayrton Senna já fazia questão de dar ao Kart a devida parcela de crédito por sua formação. E que parcela, diga-se de passagem.

O kart representa 90% de tudo aquilo que a gente aprendeu, de tudo aquilo que a gente aplica atualmente no automobilismo, calculou. Você aprende a acertar o equipamento, você aprende experiência de corrida. Quando chega na hora de fazer uma ultrapassagem, você sabe o momento exato; na hora de dar uma trancada no adversário, também, afirmou, com um sorriso nos lábios. A melhor escola do automobilismo sem dúvida é o kart. Nessa escola, o menino Ayrton Senna ingressou bem cedo – e não perdeu nenhuma aula.

TALENTO PRECOCE

O primeiro bólido de Senna foi construído nas oficinas do pai, e circulava quase somente pela vizinhança. Aos oito anos, ganhou se seu Milton um kart como manda o figurino, no qual, aí sim, Ayrton começou a correr.

Sua primeira prova oficial aconteceu em julho de 1973, no autódromo de Interlagos. Era o torneio de férias da quarta categoria menor, e o kart de número 42 cruzou a linha de chegada em primeiro lugar – garantindo a primeiríssima peça da sala de troféu de Ayrton Senna da Silva, então com 13 anos de idade.

A partir daí, o jovem ingressou de vez no mundo das pistas – alcançando, ano a ano, pelo menos uma conquista de expressão no kart.

Em 1974, foi campeão paulista na categoria Junior; em 1975, venceu o campeonato paulista da categoria 100 cc; em 1976, ganhou as Três Horas de Kart, na categoria 100 cc, ao lado de Mário Sérgio de Carvalho; em 1977, foi campeão sul-americano no Uruguai, na categoria Inter; em 1978, alcançou finalmente o título brasileiro de kart, na categoria Inter.

ESTILO PRÓPRIO

Três anos mais velho do que Ayrton, o piloto Chico Serra lembra-se bem do burburinho que a chegada do novato provocou no circuito. O Ayrton começou a implantar um estilo que foi aquele estilo de frear o carro, Ele era canhoto, então já vinha com a mão direita no carburador para dar uma afogadinha e sair com mais potência, afirmou Serra em depoimento para o canal oficial Senna TV.

Esse estilo deu a ele muita evidência. Ainda na categoria junior, já chamou muita atenção. Ele era muito rápido, muito arrojado, agressivo. E isso era do kart. Desde o comecinho dele no kart, ele já era assim. Em outras palavras; um aluno nota 10.

TCHÊ, O MECÂNICO; O MAGO ESPANHOL DOS MOTORES

Em matéria de automobilismo, o Brasil deve muito a um espanhol. Natural de Segovia, o mecânico Lúcio Pascoal Gascon chegou ao País no início dos anos 1960 e ajudou a preparar os motores de diversas gerações de pilotos de kart – em especial, claro, o de Ayrton Senna, seu mais famoso pupilo.

Foi Tchê quem deu a bandeirada na chegada da primeira vitória de Senna em Interlagos, em 1973. E foi Tchê quem, a partir dessa data, tornou-se companheiro inseparável de Ayrton Senna no kart pelo Brasil e pelo mundo.

O mecânico faleceu em São Paulo, em abril de 2015, aos 78 anos. E o trecho de uma carta que Senna escreveu para o amigo, ainda no final da década de 1970, é o melhor resumo tanto da capacidade quanto na generosidade de Tchê. Você é quem me ensinou quase tudo o que sei, quem me ajudou e esteve presente em todos os momentos. É o maior responsável por minhas glórias. Nem imagina o quanto eu sou grato.

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